Xbox Game Studios afirma que acabou com a cultura de crunch da Bethesda

Problema que afeta a indústria de games como um todo, o “crunch” é usado para descrever períodos marcados por longos períodos de trabalho, muitas vezes sem nenhum pagamento adicional. Segundo Matt Booty, chefe do Xbox Game Studios, enquanto isso já chegou a acontecer com a Bethesda no passado, atualmente a empresa não adota mais a prática em nenhum de seus projetos.

As declarações foram feitas por Booty durante uma reunião acompanhada pelo Kotaku, realizada após o surgimento de acusações de que Fallout 76 teria sido produzido sob um regime de trabalho abusivo. Entrevistas com ex-funcionários da desenvolvedora e funcionários atuais revelaram que a carga de trabalho chegava a 10 horas diárias por 6 dias por semana e era especialmente pesada para o departamento de testes — e pouco havia mudado desde que a Microsoft assumiu o comando.

Segundo Booty, essa última parte não é verdade e ele e seu time no Xbox Game Studios estão “confiantes” de que a situação mudou. O executivo afirmou que a Bethesda e a ZeniMax Media não usam mais o crunch como parte de seus processos normais, e que esse é um problema que afetava não somente as empresas, mas a indústria como um todo.

Booty afirma que a indústria está mudando

“A cultura de crunch é… se você voltar a 10 anos atrás, é um pouco injusto colocar isso em um único estúdio”, afirmou Booty. “Era somente parte da indústria. Eu não digo isso para justificar isso, só estou dizendo que era parte da cultura da indústria. Eu literalmente dormi debaixo da minha mesa no começo da minha carreira. E nós tratávamos isso como uma marca de honra”.

“Sei de conversas com a liderança da Bethesda que não temos uma situação em que as pessoas estão fazendo crunch e temos essa atmosfera de bullying… estou confiante sobre isso”, continuou o executivo. O chefe do Xbox Game Studios reconheceu que desenvolvedores ainda podem fazer horas extras, mas isso não é mais algo obrigatório — e que agora existem caminhos para que eles denunciem qualquer tipo de pressão indevida ou assédio.

“Há caminhos para que eles façam relatórios que vêm de volta a nós anonimamente que passam pelos recursos humanos. Temos que confiar nesses sistemas independentes de checagens e equilíbrio”, finaliza Booty. Embora a situação na Bethesda pareça ter melhorado, situações recentes envolvendo a Activision Blizzard e a Ubisoft mostram que recorrer a caminhos internos nem sempre traz soluções para problemas, o que pode resultar na debandada de desenvolvedores e no surgimento de denúncias por meios alternativos.