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ANÁLISE DE TRIALS OF MANA - O remake menos badalado do mês também merece destaque!

Abril de 2020 certamente vai ser lembrado como o mês dos remakes nessa geração. Além dos aguardadíssimo Resident Evil 3 e Final Fantasy 7, temos mais dois que talvez ficaram um pouco abaixo do radar no segmento mainstream: Sakura Wars e Trials of Mana. Agora que passamos os lançamentos mais badalados do mês, vale a pena voltar nossas atenções para pelo menos um desses jogos “menores” e ver o que ele tem pra oferecer. É por isso que fizemos essa análise de Trials of Mana! O remake de um JRPG que você não pediu, mas que merece sua atenção.

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História

Trials of Mana, na verdade, é o terceiro game da franquia Mana, que no japão se chama Seiken Densetsu, algo como “a lenda da espada sagrada”, em tradução amadora. Sendo assim, o item principal do game é a Sword of Mana, uma espada de poder absoluto que acaba se tornando o “McGuffin” – o item numa história que todos querem, tanto heróis como vilões. Para chegar na espada, eles terão primeiro que liberar o poder das Mana Stones espalhadas pelo mundo, o que coloca os heróis para viajar pelo mapa do game.

Esse enredo principal não tem nada de muito especial. Os vilões querem a espada para dominar o mundo, os heróis querem para impedi-los e salvar seus entes queridos. Entretanto, como eu sempre digo, o valor de uma história não é medido apenas pelo seu conteúdo, mas também pela forma que ela é contada. E esse é o grande diferencial de Trials of Mana.

Em vez do tradicional protagonista fixo que forma um grupo de heróis com objetivos comuns em sua jornada, o jogador tem a chance de escolher quem vai protagonizar o game e quem vai formar sua party. São seis personagens jogáveis e você pode escolher três, um protagonista e dois suportes.

O formato acaba resultando numas características bem interessantes. Primeiro, para deixar que você escolha qualquer personagem como protagonista, os devs se obrigaram a dar histórias importantes para cada um deles, então dá pra sentir que cada um tem sua personalidade e interesses, e que se juntam à aventura porque suas histórias se cruzam. Não fica aquela sensação que o personagem foi criado como mero coadjuvante ou interesse romântico com foco total no protagonista.

Além disso, como escolhemos três heróis por vez, já fica aí um fator replay. O enredo principal, com os objetivos dos vilões e seu impacto no mundo, é explicado logo na primeira campanha. Mas para saber as jornadas pessoais de cada personagem e sua influência na história, é necessário zerar pelo menos duas vezes. Isso acaba dando um efeito positivo mesmo numa primeira jogada. O mundo sofre algumas mudanças que não são consequências diretas de nossos atos como jogador, o que ajuda a dar uma sensação de vida independente para aquele universo e que estamos tendo uma aventura nele.

O formato, no entanto, não tem seu potencial completamente aproveitado, e acho que muito pelo fato de ser um remake. Os heróis interagem muito pouco entre si, provavelmente para evitar uma grande quantidade de linhas a mais de diálogo comportando diferentes combinações de escolhas de protagonistas. Às vezes a história de dois heróis se cruzam diretamente e eles não fazem comentário algum sobre isso, o que fica até um pouco estranho. Em outras vezes eles chegam a interagir nesse sentido, mas essa inconsistência chama a atenção. Há escolhas de heróis específicos que vão gerar mais dessas interações, e existe até um romance ali no meio. Ainda assim, para os dias de hoje, fica um pouco limitado. Num triplo A atual essas interações seriam bem mais complexas.

Infelizmente, devido ao pouco tempo que tivemos com o jogo, não pude ir até o fim da história. Mas, tendo feito 13 das aproximadamente 20 horas necessárias para fechar o jogo, posso afirmar que o enredo do game é um tanto clichê e que o foco total nos heróis da história, por causa do formato, tira espaço para desenvolver os vilões, que acabam se tornando apenas clichês rasos e vazios. Ainda considero, no entanto, uma campanha totalmente aceitável e, principalmente pela maneira que a história é contada, já desperta interesse suficiente para prender o jogador até o fim.

Jogabilidade

A jogabilidade da série Mana é algo muito importante para os títulos, principalmente na época em que foram criados. Num momento em que a maioria dos JRPGs eram por turnos, Seiken Densetsu tentou trazer um gameplay de ação, mas sem abandonar a estratégia e o uso de magias e itens que consagraram o gênero. Agora, com o remake, já vivemos um momento em que muitos JRPGs já abandonaram o formato de turnos, mas o game consegue ainda oferecer uma experiência original, com seu próprio estilo.

O combate do jogo acontece de maneira fluida, quando encontramos inimigos a luta começa imediatamente e é definido um limite invisível para a arena. O jogador ataca num sistema de combos misturando ataques rápidos e fortes. Os ataques fortes fazem os inimigos liberarem gemas que enchem a barra de CS, usada para liberar as habilidades únicas de cada personagem. Dá pra alternar entre os três heróis durante a luta quase a qualquer momento e o jogador também pode fazer uso de itens e de magias.

Aqui encontramos outra pequena desvantagem do formato de deixar jogar com qualquer personagem. Se todos os heróis podem ser protagonistas, é necessário que todos sejam capazes de “se virar” numa briga, então o gameplay é bastante parecido entre todos os personagens. Claro que alguns você vai focar mais em magias do que nos ataques, mas a estrutura dos combos e das esquivas, é sempre a mesma. Um pouco mais de variedade nas mecânicas mais fundamentais do gameplay teria sido bom. 

Outro problema no combate é a inteligência artificial de nossos colegas, péssima. Dá pra configurar o nível de agressividade deles, em que inimigos focam, o quanto gastam de recursos, o que é ótimo. Mas eles são péssimos em se defender e desviar de ataques, tanto que em combates que inimigos influem status, como petrificação e sono, é mais fácil ignorar os parceiros e se virar sozinho do que ficar jogando itens fora para curá-los, sendo que serão petrificados de novo em segundos.

A progressão dos personagens se dá por níveis, que liberam pontos de atributos que podem ser gastos em diferentes características. Investir o suficiente numa característica libera habilidades que podem ser equipadas, oferecendo bastante variedade em como o jogador quer construir cada personagem, o que é muito interessante. Além disso, também temos um sistema de classes, em que meio que você “evolui” o herói de diferentes maneiras, o que oferece uma nova camada de escolhas ao progresso, e tudo isso acrescenta muitas opções em como fazer a build do seu jeito, algo sempre muito positivo num RPG.

Na parte de exploração o jogo é bem livre, já que dá pra pular. E o jogo incentiva bem o jogador a explorar porque, além de encontrar itens e equipamentos, temos também o Lil’ Cactus, um pequeno cacto fofinho que você fica encontrando várias vezes para liberar alguns bônus permanentes para a jogabilidade, como a possibilidade de dormir de graça nas estalagens ou fugir mais rápido das lutas, por exemplo. Outro incentivo, para conversar com NPCs, é que de vez em quando, de maneira inesperada, um simples NPC pode liberar uma habilidade que poderá ser equipada por algum dos membros de sua equipe, então vale a pena conversar com o povo nas cidades.

Gráficos

É um pouco complicado falar dos gráficos de Trials of Mana porque eles são bonitos, mas limitados. Bem limitados. Dá pra sentir o carinho dos desenvolvedores na criação dos cenários, dos personagens principais e principalmente dos monstros que enfrentamos. O jogo segue a estética “bonitinha” comum para alguns JRPGs, principalmente nas antigas, e os detalhes das animações faz dar até pena de enfrentar alguns dos inimigos mais fofos.

Mas o jogo abusa do “copia e cola”. Os modelos das árvores se repetem exaustivamente e os NPCs são quase sempre iguais, apenas mudando as cores dos cabelo e algumas roupas. No caso de vilarejos de criaturas como os Koropokkurs ou os anões, nem isso é feito – exatamente o mesmo modelo de personagem é utilizado para todos os habitantes.

Os modelos das crianças são reaproveitados até para os protagonistas, em flashbacks. As cidades são bem parecidas e até os interiores de alguns prédios são reutilizados, o que acaba com a imersão. Você está visitando um reino do outro lado do mapa e a casa é igualzinha à primeira que você viu no jogo.

Outros efeitos de texturas e sombras também são bem fracos. As lutas até que são bonitas, mas a água do jogo parece que nem teve trabalho em cima. Andar de barco parece que está sendo arrastado por um tapete.

Com o tempo quem estiver curtindo o jogo não vai ter dificuldade em relevar esses problemas, mas eles são um espinho na qualidade de um game que, no geral, é muito bom. Cenários mais bem feitos e caprichados poderiam ter sido ainda mais um incentivo na exploração do mapa, por exemplo.

Áudio

O áudio do game também sofre um pouco com o baixo investimento do remake. Há um trabalho de voz para todos os personagens, em inglês e japonês, o que já é um grande diferencial em relação ao lançamento original. Como esse não é um lançamento do mesmo nível de orçamento e importância de um Final Fantasy 7, não posso reclamar da falta de dublagem em português, mas pelo menos os menus e os textos poderiam ter essa opção.

O trabalho de dublagem é de qualidade e dá vida aos personagens, principalmente em japonês. Em inglês dá pra sentir que nem todos os atores captaram muito a essência do game, e o estilo da atuação acaba variando bastante entre cada pessoa que fala. Temos o trabalho de alguns ótimos dubladores, mas em japonês a qualidade é mais consistente ao longo de todo o game.

A trilha sonora, por sua vez, é tão limitada quanto os gráficos. Algumas músicas são excelentes, outras nem tanto, e todas se repetem muito. Temos apenas uma música para ação, uma para os “momentos divertidos” e por aí vai. Não demora para ouvir toda a OST do game e, num JRPG, isso é problemático porque ainda temos longas horas de jogo pela frente.

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Não tenho do que reclamar na parte de efeitos sonoros. São competentes e os monstros contam com seus grunhidos que ajudam na imersão dos combates. As armas contam com uma boa sensação de impacto, principalmente quando usamos as habilidades especiais únicas de cada personagem, o que torna mais satisfatório ainda quando encaixamos o golpe certo no momento certo.

Conclusão

O remake de Trials of Mana é um jogo “honesto”. Ele oferece um gameplay bastante divertido, numa história satisfatória e com bastante variedade que resulta num forte fator replay. O jogo não foi lançado pelo preço cheio tradicional de lançamentos, o que é justo, pelas suas limitações na parte dos gráficos e trilha sonora.

Pra quem não é tão exigente com os visuais e está procurando umas boas horas de diversão tranquila num jogo sem grandes pretensões e quer relembrar os bons tempos de JRPGs mais tradicionais, com certeza Trials of Mana é uma ótima recomendação.

Trials of Mana é uma ótima pedida para os fãs de JRPG das antigas e pode ser imperdível numa promoção

Não apenas isso, o formato do jogo mostra um potencial muito bacana. Quem sabe, se o remake fizer sucesso, a Square Enix não se anima em fazer um triplo A propriamente dito continuando a franquia e realmente explorando as possibilidades do formato de múltiplos heróis, o que pode resultar num game com horas e mais horas de diversão só pra ver como se dá as interações de diferentes personagens, enquanto testamos várias builds e combinações.

Realmente recomendo Trials of Mana para os fãs de JRPG das antigas e, com a promoção certa, poderia até chamar o game de “imperdível”. Para quem quiser experimentar, o jogo conta com uma demo no PC, PS4 e Switch

Prós

Histórias interessantes para todos os heróis

Muita variedade para as builds

Combate divertido e dinâmico

Bons incentivos à exploração

Forte fator replay

Contras

Gráficos fracos com assets muito reutilizados

Trilha sonora repetitiva

Interação entre personagens limitada

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