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Resposta rápida: O que são as especificações de mouses?

Em muitos casos, metade é marketing, mas vamos desmistificar um tanto disso aqui.

Continuando a nossa série de artigos “resposta rápida”, chegamos a esta pergunta:

Infelizmente não há como responder de forma “rápida”, mas não vou me adentrar muito em cada tópico, com exceção onde achar que é necessário.

Na verdade, não há uma “padronização” das especificações técnicas entre marcas, algumas colocam informações interessantes, outras colocam muito pouco, outras chegam ser chatas de tanto marketing que é colocado.

Para exemplo deste artigo, vamos pegar a Cooler Master, que costuma fazer boas especificações técnicas. Este é o Cooler Master MasterMouse S:

Destas informações, apenas estas são interessantes para discutirmos, as outras você pode ignorar.

  • Material do Mouse: acabamentos simples são sempre melhores em termos de durabilidade. Acabamentos emborrachados e grips laterais podem dar maior “segurança”, mas nada adianta se o mouse começar ficar grudento com dois ou três anos e as laterais descolarem ou esfarelarem. Quanto mais simples, melhor.
     
  • DPI: esqueçam, ignorem completamente estes números. A DPI não pode ser vista como “indicador de qualidade”, pois o que não falta no mercado, são empresas que aumentam ela artificialmente via um processo chamado “interpolação” (sabem o Zoom Digital de câmeras? mesmo conceito).

    O mercado de mouses abaixo de R$ 100 está infestado de mouses com 4800, 5600 ou até 7200 DPIs, fazendo-os parecer que sejam bons mouses com bons sensores, mas a verdade é bem outra.

    Esqueçam a DPI, ela não é importante. O sensor é importante, um mouse com AVAGO 3050 (2000 DPIs) é muito melhor do que um mouse com um Pixart PAW 3212 interpolado (7200 DPIs).
     
  • Sensor do Mouse: basicamente a peça mais importante de um mouse gamer, o sensor é o principal responsável pela precisão do mouse. Algumas empresas tendem a mascarar o nome real do sensor por trás de nomes fantasiosos tal como “5G”  ou “Owl-Eye”, mas isso é besteira de marketing.

    O sensor é extremamente importante, mas ao mesmo tempo, a partir de certo nível nível de precisão (do 3360 para cima), se torna muito difícil notar as melhorias do sensor. A partir deste ponto, outros aspectos (ex: o próprio cabo, qualidade da construção do mouse, qualidade dos pés do mouse) começam se tornar mais importantes do que o sensor.

    Um mouse bem construído com Pixart PMW 3360 (ex: Glorious Model O), é muito melhor do que um mouse meia-boca com Pixart PMW 3389 (ex: Tecware EXO Elite).

    Por isso, recomendo que comprem mouses com bons sensores, mas nem sempre é necessário comprar o “melhor do melhor”, compre o que achar adequado para a sua aplicação e orçamento.
     
    • High-End: Pixart PMW 3360, 3366, 3370, 3389, 3391, 3399, Logitech Hero
    • Mid-Tier: Pixart PMW 3325, 3327, 3335, Logitech Mercury, 3310, 3330, 3331, 3369
    • Budget: AVAGO 3050, Pixart PMW 3320, Sunplus 6651B
    • Não compre: Pixart PAW 3212, AVAGO 5050, qualquer sensor da Sunplus além do 6651B, qualquer sensor da Instant…
       
  • Velocidade de Rastreamento do Mouse: a velocidade máxima de rastreio do mouse, que é atrelada ao sensor utilizado. Normalmente medida em Inches Per Second (IPS, polegadas por segundo) e também relacionada à aceleração máxima do sensor (medida em G)

    Em outras palavras, se esse valor for muito baixo, é o que vai fazer a sua mira engasgar ou ir para o chão quando fizer um flick.

    Desde que você escolha um sensor minimamente decente, não é algo que você vai ter que se preocupar, mas se por acaso não for dito o nome do sensor do mouse, é possível deduzir qual o sensor comparando ele e a tabela de aceleração e IPS de cada sensor.

    Por exemplo, este mouse:



    Aparenta utilizar o Pixart PMW 3360, pois as especificações batem:



    Mas não ache que “Ah, o 3389 tem 400 IPS, então é bem melhor do que o 3360”, pois nenhum ser humano move o mouse a velocidades insanas acima de 6 metros por segundo. Passando dos 100 IPS, já se torna quase impossível para um ser humano chegar à velocidade máxima de rastreio do sensor enquanto joga.

    Também, é possível saber se um sensor é minimamente decente ou não com base nestes dados. Qualquer sensor com menos de 20G ou menos de 60 IPS, é um sensor de mouse de escritório e não presta para a utilização em um mouse gamer pois irá travar em movimentos rápidos.

    Um sensor como o Pixart PAW 3212, com apenas 10G de aceleração e 30 IPS de velocidade máxima, não vai prestar em jogos, como podem ver nesta análise.

    “Ah, mas o mouse que estou interessado não fala qual o sensor, não fala qual o IPS e nem a aceleração, só diz isso:”



    Estas informações não dizem nada, mas o fato de esconderem o sensor utilizado e não ter qualquer informação sobre a aceleração e velocidade máxima de rastreio, já é alarmante e o suficiente para que eu evite recomendar tal mouse.

    O mouse que você está interessado, provavelmente não usa um bom sensor. É o infeliz caso da grande maioria dos mouses “gamer” abaixo de R$ 100 do mercado brasileiro.
     
  • Vida útil dos Botões Principais: chegamos na maior cilada de marketing que há em mouses.

    Não acreditem nestes números, pois eles são testados em condições diferentes dos mouses e não contabilizam o double-click, que é o verdadeiro maior problema para mouses e que é afetado por diversas variáveis que não são contabilizadas nos testes de vida útil.

    Há fatores que podem aumentar/diminuir as chances do problema de double-click, tal como o debounce time (atraso no reconhecimento dos cliques) do mouse, sistemas de tensionamentos de cliques (por isso que o G900/G903/G Pro Wireless dá tanto problema) e a própria forma como foi projetada a parte da carcaça que pressiona o switch.

    Há switches mecânicos “mais resistentes” a este problema no mercado, tal como o Kailh GM4 e também há uma solução definitiva, que são switches ópticos, onde o “double-click” é resolvido de uma vez por todas.  Exemplos de mouses com isto, são os mouses recentes da Razer, o Redragon King Cobra e o Pichau Hive.



    Espero que outras marcas também comecem utilizar, pois esta questão do double-click é chata e já ocorre há tempo demais, há formas de amenizar ou resolver completamente este problema, porém parece que algumas empresas preferem que ele continue acontecendo, possivelmente para que o usuário tenha que trocar de mouse quando a garantia terminar.

    Enfim, não escolham um mouse apenas por ele ter durabilidade de “50 milhões de cliques”, enquanto outro possui apenas “10 milhões de cliques”, estes números não afetam na prática.
     
  • Taxa de Atualização (Polling Rate): basicamente o atraso entre a comunicação do mouse e a controladora USB do seu computador, podendo variar entre 125 Hz (8ms de atraso), 250 Hz (4ms), 500 Hz (2ms) ou 1000 Hz (1ms). Qualquer mouse gamer que se preze, e também até alguns mouses que não são bons, vai ter a opção para utilizar em 500 Hz ou 1000 Hz.

    Se o mouse não tiver estas opções e trabalhar apenas em 125 Hz, você pode ter certeza que não foi projetado para jogos. Se você quiser fazer o teste para saber qual é a taxa de atualização do seu mouse, acesse este site e faça circulos na tela.
     
  • Conector USB banhado a ouro: há muitos anos atrás, era feito um hype gigantesco em cima do conector, haviam pessoas que até afirmavam que pelo conector ser banhado a ouro, o mouse possui melhor desempenho e precisão. A verdade, é que isso é lorota.

    A parte externa do conector USB é irrelevante para o desempenho do mouse, a única função dela é proteger os conectores que estão dentro dela (que são a única parte importante) e fazer ela banhada a ouro, tende a impedir/retardar a corrosão do metal utilizado pela parte externa do conector, o que pode ser importante caso você more em alguma região próxima ao mar por exemplo.

    Enfim, a menos que você esteja tendo problemas com corrosão de conectores USB, o acabamento do conector não é um detalhe importante para se atentar.
     
  • Cabo: chegamos aqui no aspecto onde mais houve mudanças nos últimos anos, o mercado está lotado de novos lançamentos utilizando cabos “estilo paracord” e qualquer um que utilizou, vai dizer que são melhores do que cabos comuns de borracha ou trançados.

    O mercado brasileiro ainda tem a infeliz ideia de que bons mouses possuem cabos “trançados“, cabos duros, rígidos e grossos, para que sejam “duráveis”.

    Embora alguns mouses possuem cabos tão “bons” que poderiam ser usados para se enforcar, a verdade é que maioria dos cabos trançados do mercado são péssimos para mouses, pois são pesados, inflexíveis e possuem um atrito muito grande, raspando tanto no mousepad, quanto nas bordas.

    E eis aqui que entram cabos “estilo paracord“, cabos que são mais parecidos com cadarços de tênis do que com cordas trançadas. Há apenas uma camada relativamente fina e leve de tecido, os cabos ficam soltos dentro deste tecido, são muito mais leves e flexíveis, gerando uma impressão muito próxima de estar utilizando um mouse wireless.



    Não há dúvida que cabos paracord são a melhor opção de cabos atualmente, mas até mesmo entre cabos deste tipo, há diferentes níveis de qualidade, então é interessante pesquisar sobre ele antes de comprar.

    Também, é possível trocar o cabo da maioria dos mouses gamer do mercado, pois grande maioria utiliza conector JST com cinco vias, embora preciso avisar que a ordem dos fios tende a ser diferente entre algumas marcas/modelos e se você colocar um cabo na ordem errada em um mouse, vai acabar queimando ele.



    Você pode comprar um cabo destes e montar na ordem certa para os fios do conector do seu mouse, ou então pedir para que o vendedor deixe pré-montado, embora é bem fácil montar e desmontar estes conectores.

    Aliás, cabos paracord caseiros são ainda melhores do que cabos paracord “stock” (os que acompanham alguns mouses), então se você gostou da ideia de trocar o cabo do seu mouse, recomendo que vá em frente.
     
  • Peso do mouse: Muitas fabricantes informam o peso total do mouse, sem descontar o peso do cabo e conector, por isto é importante verificar se o peso que está escrito, é o peso total ou o peso já sem o cabo/conector.

E é basicamente isto, há outras especificações que não mencionei por não achar importante, mas se ainda tiverem alguma dúvida, deixem nos comentários e vou responder.

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