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PC Games

ANÁLISE de Mega Man Zero e ZX Legacy Collection: 6 games incríveis que você talvez não jogou!

Mega Man Zero/ZX Legacy Collection marca ainda mais uma vez que a Capcom aposta no passado e nostalgia para entregar um novo produto. Mas, neste caso, temos algo bem interessante porque são seis jogos que tinham saído apenas em vídeo games portáteis da Nintendo e pela primeira vez terão mais alcance para os fãs de Mega Man experimentarem. Confira se a coletânea vale a pena em nosso review*!

*Essa é uma análise de coletânea, não de um jogo específico, então é nisso que vamos focar no texto. Assim como foi com a Mega Man X Legacy Collection 1 e 2, vamos falar mais de como os jogos estão organizados numa coleção, a otimização nas novas plataformas, os extras e etc.

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Apresentação

Apesar da Capcom se manter numa “zona de conforto” com essas coletâneas de jogos antigos do Mega Man, é interessante ver como a cada novo lançamento a produtora pelo menos tenta polir e alinhar a apresentação de seus jogos, com cada coletânea mais recente sendo sempre um pouco melhor nesse quesito do que a anterior.

A Mega Man Zero/ZX Collection está organizada num menu simples e intuitivo, com gráficos e artes bem evocativos dos games. Achei especialmente bem implementada a função de apenas apertar para o lado e navegar imediatamente entre as séries, esquerda pra Zero e direita pra ZX. Os menus ficam espelhados e, mesmo repetido as opções disponíveis nas configurações, isso acaba ajudando a acessar a galeria e Z-Chaser sem precisar ficar passando de um lado pro outro.

Qualidade dos ports

Os ports funcionam muito bem e rodam com tranquilidade no PC. Aqui não temos o dilema de quedas de fps como acontece na X Collection, e os games rodam com fluidez e alta fidelidade em relação às versões originais. Os controles estão responsivos e confiáveis, algo especialmente importante já que na série X tivemos alguns problemas nesse departamento.

Uma preocupação que pode surgir aqui é como ficaram os controles em ZX e ZX Advent, dois games para o Nintendo DS, um console com duas telas. A “sorte” aqui é que os jogos mal usam a segunda tela, então a solução simples foi colocar um cursor na segunda tela, e deixar o jogador o controlar com o analógico direito. É simples, mas eficaz.

Claro que é um tanto complicado levar jogos projetados para a telinha do GameBoy Advance para o PC e consoles, e a solução aqui são três opções de filtro. O “Tipo 1” tenta suavizar as beiradas e disfarçar a pixelização dos gráficos, uma solução que funciona bem pra jogar em janela no PC ou na telinha do Switch, mas, que quando estendemos pra tela cheia, dá uma impressão meio “borrada”. O “Tipo 2” abraça o retrô e tenta fazer parecer que você está jogando num monitor CRT das antigas. A terceira opção é sem filtro. Acredito que o “Tipo 1” faz um bom trabalho, mas no fim só me faz desejar que tivessem feito uma remasterização propriamente dita do game para resoluções maiores, para enaltecer e homenagear as lindas e caprichadas artes da série.

Recursos de acessibilidade

A série Mega Man Zero não é conhecida apenas pela sua ênfase na história e gráficos caprichados, mas também – e até principalmente – pela sua dificuldade desafiadora e impiedosa. A Capcom decidiu então oferecer mecanismos para os games ficarem um pouco mais acessíveis.

É importante destacar, antes de mais nada, que os jogos podem ser jogados por completo sem esses recursos, oferecendo uma “experiência” pura. São duas funções bem distintas que você pode ligar ou desligar nos menus, então quem gosta e faz questão do desafio não precisa reclamar da existência dessas mecânicas que podem ser tranquilamente ignoradas.

A primeira é um “polimento” no save state, tão comum em emuladores e que foi até implementado nas coletâneas anteriores do Mega Man. Aqui o recurso funciona como checkpoints que aparecem no meio da fase quando se opta por usá-lo. E isso é uma das partes mais interessantes, realmente foram feitos os checkpoints dentro do game e você vê exatamente o momento em que o jogo salvou. Não dá pra abusar do mecanismo pra facilitar passar de uma parte difícil, mas em compensação se torna possível largar o game no meio de uma fase e não deixar suas várias mortes impactarem na sua avaliação ao término de cada fase.

A segunda é, basicamente, um novo “modo easy”. Se chama Casual Scenario Mode e facilita o game no geral, deixando o Zero mais forte e removendo a morte instantânea de algumas armadilhas, como buracos e espinhos. Esse modo vem desligado como padrão e precisa ser ligado antes de entrar em cada jogo, sendo uma novidade bem interessante para deixar novos jogadores e casuais apreciarem a história dos games e começarem a praticar para depois, quem sabe, tentar o desafio original.

Lista de jogos

Aqui vou passar breves impressões sobre cada título disponível na coletânea.

– Mega Man Zero

O primeiro game da franquia vem cheio de ideias – talvez ideias até demais. O jogo faz um excelente trabalho em ainda despertar o sentimento de estar jogando um Mega Man, mas entregando uma experiência completamente diferente ao mesmo tempo. Uma nova estética, estilo de trilha sonora e uma ênfase na história que não tínhamos visto até esse título, aliado a algumas novas mecânicas, fazem desse título algo único e com muita promessa.

Mas a quantidade de ideias novas talvez foi excessiva para um único jogo e dá pra sentir que ele fica meio “disperso”. Há a semente de uma ideia de tornar o mapa algo como “metroidvania”, só que o game não chega a abraçar de vez o estilo, então o resultado são muitos espaços vazios sem incentivos para serem explorados.

De qualquer forma o jogo serve perfeitamente como “fundação” para as sequências e conta também um dos melhores enredos da série, mais amarrado e interessante.

– Mega Man Zero 2

Mega Man Zero 2, como muitas continuações, alinha melhor as ideias novas da franquia e entrega um game mais conciso e “objetivo” no gameplay. O game abre mão de tentar interligar seus cenários e entrega fases melhor construídas e mais variadas. São implementados também sistemas inéditos como de descobrir novas formas e habilidades, dando uma variedade muito bem-vinda ao gameplay. É uma pena, no entanto, que as habilidades fiquem reservadas apenas para os melhores jogadores, que consigam manter um rank A ou superior passando as fases.

O jogo segue na fórmula de ser desafiador e, na minha opinião, passa um pouco do ponto com as armadilhas de morte instantânea. As novas fases são recheadas de espinhos e buracos e, apesar da dificuldade ser uma marca importante da série, essa “apelação” passa um pouco do ponto neste título.

– Mega Man Zero 3

O terceiro game da franquia é o ápice do aprendizado de seus criadores. O desenho dos gráficos e animações dão um salto de qualidade e esse é o game mais “limpo” e objetivo, tirando o grinding tedioso e incentivando a exploração e descobertas. O sistema de níveis das armas é retirado e não deixa saudades, enquanto temos duas novidades que impactam bastante no gameplay: equipamentos separados entre cabeça, corpo e pés; e a possibilidade de usar Cyber Elfs como “satélite”. E esses dois sistemas são muitíssimo bem implementados com um novo formato, em que o jogador recolhe “chips” nas fases, que podem conter Cyber Elfs, chips de equipamento, informações, etc. 

Esse formato é bastante interessante porque oferece novos colecionáveis que trazem vantagens, algo que tem tudo a ver com Mega Man, mas que ao mesmo tempo tem o “gostinho” diferenciado da série Zero. As habilidades dos chefes permanecem reservadas para os jogadores de Rank A ou superior, mas pelo menos esses outros recursos acrescentam uma versatilidade maior para fortalecer o herói e dar um pouco mais de variedade ao gameplay.

O mesmo vale pro novo modo “satélite” das Cyber Elfs, em que você pode usar alguns de seus ajudantes sem precisar necessariamente sacrificá-los. 

– Mega Man Zero 4

O último game da série, infelizmente, representa um passo pra trás em alguns aspectos. O jogo mantém os avanços em sua qualidade gráfica e de animações, mas não tem uma história tão envolvente quanto seus antecessores e acaba retornando um pouco do grinding. Isso porque ele tem um novo sistema de construção de partes para o Zero, que é muito interessante, mas que depende de conseguir as partes dos inimigos e às vezes isso pode significar longos minutos fazendo um grinding para conseguir o número de peças necessário.

Outro aspecto bem-vindo é que agora não dependemos mais do ranking para conseguir as habilidades dos chefes, mas o game também não sacrificou completamente o desafio para merecê-las. Há um novo controle em que você pode alterar o clima antes de entrar numa fase. Cada fase tem dois modos, um que deixa mais fácil e um mais difícil e, para conseguir as skills dos chefes, você precisa enfrentá-los no modo mais difícil. Uma solução bem inteligente, mas, ao mesmo tempo, o jogo fica com uma estrutura idêntica aos Mega Man tradicionais, em que você pode escolher entre 8 fases de uma vez, e não como antes em que podia-se escolher apenas algumas por vez para deixar o progresso do gameplay mais amarrado à história.

Já o sistema de Cyber Elfs é completamente sacrificado. Agora você tem apenas uma que dá pra evoluir e ir liberando habilidades, sem sacrificá-la. A mudança facilita bastante o game e tira um pouco de um de seus maiores diferenciais.

– Mega Man ZX

Mega Man ZX é um game único. O jogo certamente segue a estética da série Zero e se baseia em muito de seu gameplay, mas se diferencia o suficiente para dar a sensação de algo completamente novo, com muitas ideias originais. O título continua com uma ênfase pesada na história, mas é um tom mais leve e menos distópico do que o que encontramos nos jogos anteriores, o que ajuda a dar “novos ares” neste título.

Temos também uma nova mecânica de transformações que lembra muito os seriados japoneses de super-heróis e que dá bastante variedade ao gameplay. E a experiência é ainda mais divertida para quem já era fã da série Zero e agora tem a chance de usar os poderes de personagens consagrados nos 4 games anteriores. Além disso, a série enfim abraça a estrutura “metroidvania” de cenários interconectados, o que traz uma nova experiência para jogadores veteranos de Mega Man e combina muito com o estilo do jogo. É só uma pena que o mapa seja tão terrível, um erro bem pesado para o gênero.

– Mega Man ZX Advent

A continuação de ZX traz novos protagonistas e tenta oferecer uma diferença um pouco maior na experiência de optar entre eles – apesar de não ser tanto. O game introduz também um extensivo trabalho de voz, dublando a maior parte das falas, e isso foi uma das primeiras vezes que isso acontece num plataforma 2D do Mega Man. A dublagem não está entre as melhores do mercado, mas ainda é um diferencial muito bem-vindo.

O sistema de transformações está de volta, mas expandido pelo Model A, baseado no personagem Axl, introduzido em Mega Man X7. Com essa nova habilidade o jogador pode “copiar” os chefes e se transformar neles, com o uso de suas habilidades, o que é uma jogada bem ousada para o gameplay e certamente acrescenta uma excelente variedade.

EXTRAS

A coletânea não brilha muito quando o assunto são extras. Temos uma galeria de imagens e músicas, como seria de se esperar. O mais interessante aqui são dois tipos de “cartas”, os Bonus Cards e os ZZ Cards.

Os ZZ Cards são liberados exatamente como conquistas, e devem ser especialmente interessantes para quem pegar a coletânea no Switch, já que as outras plataformas já têm suporte ao recurso e acaba ficando redundante. Já os Bonus Cards são uma herança do e-Reader, um acessório da Nintendo para o Gameboy Advance que podia ler cartas físicas do Mega Man Zero 3 e fazer pequenas alterações no jogo. Isso foi “portado” para a Legacy Collection através de Bonus Cards que você pode destravar jogando e depois ativar no menu. E aqui vemos um enorme potencial desperdiçado, porque um pouco mais de trabalho extra poderia ter trazido essa mecânica dos Bonus Cards alterando o game para os outros títulos também, não os deixando restritos para o Mega Man Zero 3.

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Por fim, precisamos mencionar também o Z-Chaser, modo de jogo inédito desenvolvido especialmente para a coletânea – e não é nada de mais. Trata-se apenas de um modo “Time Attack” ou “Time Trial”, que existe há anos em jogos de plataforma e de ação, onde você pode re-jogar as fases tentando completá-las no menor tempo possível. A Capcom ainda tentou dar uma “enfeitada” no modo, oferecendo a possibilidade de assistir a fase sendo passada pela IA nos recordes padrão e competir diretamente com ela ou de competir com um amigo, em telas divididas, pra ver quem completa primeiro. É interessante, mas não é nada demais e muito menos se compara aos X Challenges das X Legacy Collection, que realmente traziam alguma experiência nova ao gameplay.

Conclusão

Mega Man Zero/ZX Legacy Collection é uma coletânea de peso e obrigatória na biblioteca de qualquer fã do tradicional mascote da Capcom. A produtora agiu corretamente em reunir os seis games num pacote só – em vez de repetir o erro da X Collection – o que resultou num título bastante atrativo até pelo número de horas de jogo.

Não temos muito conteúdo extra que seja realmente um atrativo “inédito” para a coletânea. A galeria de imagens e de músicas é algo que já se espera pra qualquer coletânea do tipo, então não chega a ser um destaque, enquanto o modo Z-Chaser é só um Time Attack com duas telas. 

A coletânea é indispensável aos fãs de Mega Man que nunca jogaram a série Zero e ZX

Mas os jogos por si só são um atrativo suficiente para justificar a compra dessa coletânea. Pelo acaso de terem sido somente disponibilizados em portáteis da Nintendo na época de seus lançamentos, a série Zero e ZX é inédita pra muita gente, e ter a chance de comprar os seis games de uma vez realmente faz valer bastante a pena para qualquer fã de games de plataforma e é especialmente imperdível pra quem curte Mega Man.

Prós

Seis jogos completos no pacote!

Controles responsivos

Recursos opcionais de acessibilidade

Contras

Poucas opções de filtros

Falta de localização para o Brasil

Z-Chaser é apenas um Time Attack enfeitado

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