PC da Crise 2016 nos esteroides: ligamos uma R7 250 e colocamos o Dual Graphics pra trabalhar!

Logo após lançarmos o PC da Crise 2016 para Jogar Adrenaline, muitos comentários levantaram uma possibilidade que “ficou quicando” assim passamos a utilizar uma APU A8: e o dual graphics, não seria uma opção?

Para quem está familiarizado com o processo, o cascateamento de chips gráficos consistem em “unir forças” de mais de uma GPU para lidar com o processamento dos games. Esse recurso permite que façamos a combinação do chip gráfico dentro do A8 com um chip gráfico presente em uma placa de vídeo dedicada.

Porém o Dual Graphics não é “paçoquinha”. Tanto o Crossfire da AMD quanto o seu concorrente, o SLI da Nvidia, são recursos que dão um certo trabalho e tem alguns requisitos. O primeiro está ligado a forma como é feita a combinação das placas, hoje baseada na alternância.

Tanto SLI quanto Crossfire colocam as placas para trabalhar em conjunto de forma alternada. É mais ou menos o modelo “eu faço esse quadro, você faz o próximo”. Nesse arranjo, não tem sentido nenhum uma AMD Radeon Fury fazer um quadro e o coitado do A8 ter que se virar com o próximo, afinal a diferença entre os chips vai causar uma frequência inconstante na criação dos quadros e, como consequência, uma péssima fluidez no jogo. É importante destacar que essa é a forma como isso é feito na API atual, o Directx 11, já que o DX12 promete algo bem mais interessante: o trabalho conjunto de placas na mesma cena:

Não dá pra querer sair combinando qualquer placa. É preciso GPUs de performance semelhante (enquanto estivermos no DX11, ao menos)

É por isso que os AMD R7 Graphics presentes no A8 7650K de nossos testes precisam ter como “side-kick” alguém compatível, e é aí que entra a XFX R7 250 1GB. O modelo de entrada da AMD vem equipado com um total de 384 shaders com um total de 6 Compute Units, exatamente o que temos na iGPU do A8. A principal diferença acaba sendo o clock: enquanto os gráficos integrados ficam nos 720MHz, a R7 250 e sua estrutura dedicada pode levar a GPU a 1050MHz,

Não é só o processador e a placa de vídeo que precisam de alguns cuidados. A memória RAM também precisa equilibrar o desempenho da iGPU com a placa de vídeo e sua memória dedicada. Por isso, precisamos subir as memórias de 1600MHz para 1866MHz, caso contrário, o Catalyst nem nos permite usar o dual graphics. 

Como nos apontou o Alfredo Heiss, da AMD (figura que já esteve por aqui, em videocasts), a frequência mais alta das memórias também trazem um ganho interessante na iGPU em si, algo que testamos por aqui e nos entregou esse avanço:

Considerando que memórias de 1866Mhz e 1600MHz podem ser encontradas por preços muito próximos, é bom ficar de olho nesse diferencial quando for jogar em gráficos integrados.

Bom, com o sistema pronto, essa é nossa config para os testes:

– AMD A8-7600 – R$ 499
– ASUS A58 A58M-A/BR – R$ 303
– HD de 500GB Seagate Barracuda – R$ 268
– XFX R7 250 1GB – R$ 450
– 8GB (2x4GB) de memória RAM 1866MHz – R$ 320
– Fonte 350W –  R$ 144
– Tela, mouse e teclado reaproveitados de PCs velhos – R$ 0 

Custo total estimado desse PC: R$ 1.984

  

 

Galera perspicaz vai notar que no vídeo usamos a XFX R7 250 de 1GB mas no artigo colocamos a de 2GB. Por que? Porque por algum motivo muito louco a de 1GB está mais cara…  (Edit: como o pessoal bem observou, a diferença de preço acontece pela tecnologia usada nas memórias. O modelo de 2GB utiliza DDR3, enquanto o de 1GB vem em GDDR5)

Hora de jogar!

O dual graphics, como toda tecnologia de escalonamento de placas, tem seus altos e baixo. É só conferir esses dois benchmarks para perceber como o resultado varia, com um salto de 70% em Bioshock, mas de meros 25% em Terra-Média: Sombras de Mordor:

 

Tecnologias de SLI e Crossfire são mais inconsistentes que soluções com apenas um chip gráfico. Eles dependem de drivers otimizados e tem desenvolvedora de game que nem parece preocupada em implementar esse recurso, caso de Just Cause 3 e o Bugman Batman. Nos momentos em que a tecnologia funcionou bem, nos garantiu performance para jogar com mais fluidez e qualidade, mas não temos essa segurança todo o tempo.

Outra questão é o investimento. Para pegar a R7 250, gastamos pouco mais de 400 reais. A Geforce GTX 750 Ti, em sua versão de 1GB, já aparece na casa dos 500 reais, e a de 2GB, a mesma da série do PC Baratinho que aparece no benchmark acima, sai por valores entre 600 a 700 reais. Se colocarmos na balança a relação entre custo e benefício, e principalmente a questão de estabilidade do sistema e drivers, parece ser mais interessante partir de uma vez para a GTX 750Ti.

Pesquisa de preços feita em 20/01. Até você terminar de ler essa frase, o preço provavelmente já subiu

Outra possibilidade: uma APU mais forte

Uma corrente forte nos comentários do artigo anterior, além do aumento de frequência das memórias, foi pelo uso de uma APU mais forte. Gastar 130 reais a mais por um A10 7850K foi a sugestão dada pela galera, ou ainda mais interessante, um A8 770K por apenas 20 reais a mais.
 

Vocês tem razão na parte de que essas APUs são opções mais interessantes, mas na hora dos games não mudariam muita coisa. Explico: praticamente em todos os games do primeiro artigo ficou evidente que nossa limitação é a iGPU. Os gráficos integrados não deram conta, e a Radeon R7 operou praticamente em 100% o tempo todo, mostrando que ela era nosso limitante. Partir para o A8-7700K nos dá a possibilidade de overclocks e uma CPU com frequência mais alta, mas na GPU temos a mesma R7 Graphics com 384 shadders e operando a 720MHz, o que significa que pouco mudaria no desempenho dos jogos. O A10-7850K já é mais consistente, e além de nos entregar uma performance mais alta de CPU e possibilidade de overclock também nos traz gráficos integrados com um total de 512 shadders, também operando em 720MHz. Em termos práticos, porém, o investimento de mais 130 reais não traz um retorno tão alto em desempenho, e lembre-se que nosso objetivo aqui é ser muito econômico.

Na relação entre custo e ganho de performance, temos menos de 10% de ganho, algo que o pessoal do Anandtech também observou. Se considerarmos o investimento, acaba não compensando a troca por essa APU mais potente.

Conclusão

O dual graphics é uma tecnologia interessante quando consegue operar próximo do mundo ideal: com 400 reais conseguimos em alguns momentos praticamente dobrar o desempenho do sistema. O problema é o “quando consegue”. Se você pretende combinar chips gráficos, ao menos no DirectX 11, é preciso estar preparado para encontrar muito mais bugs e inconsistências que a experiência com apenas uma GPU.

No final, quase gastamos o mesmo que um PC Baratinho, mas o resultado foi bem menos interessante

Outro fator que para mim tornou a entrada da R7 250 em algo pouco interessante é seu custo. Encontrá-la na casa dos 400 reais desmotiva a combinação, afinal basta “segurar um pouco mais” e juntar 600 reais para começar a encontrar produtos muito mais convincentes. Baseado no que vi, prefiro muito mais partir para uma R7 370 ou a própria GTX 750Ti do “irmão mais rico” de nosso site, o PC Baratinho. São 200 reais a mais, mas estamos falando de quase o dobro de desempenho, e um salto de um HD/médio inconsistente para um FullHD/médio e alto bem mais consolidado.

Por isso, quando voltarmos a fazer testes com os futuros lançamentos. Faz muito mais sentido experimentar o A8 7600. Se é para aumentar o orçamento, vamos de PC Baratinho pois a experiência faz mais sentido. E falando nisso, Rise of Tomb Raider que se prepare, pois já começamos os testes!