Na última quinta-feira (2), o desenvolvedor e quadrinista conhecido como Pedro Menos, realizou um leilão disputadíssimo através da rede social Twitter das ilustrações originais que deram origem ao GIF ‘Mario beijando o Sonic’, que foi arrematado pelo criador de conteúdo e youtuber Kwite, por US$ 4000.
Um GIF extremamente conhecido e compartilhado em diversas redes sociais, teve uma origem simples, viralizou e hoje adicionou mais um capítulo à história da internet. Conversei com Pedro sobre a venda da obra, sua concepção e os projetos em que ele está trabalhando.
Do rabisco ao viral
Primeiramente vamos falar da obra que criou toda essa euforia na internet numa tranquila noite de quinta, geralmente dedicada a #TBT ocasionais de usuários relembrando o passado, nós tivemos uma visitação a uma data específica, no caso 2016, que é data de origem do GIF.
Rare footage of the "mario and sonic kissing gif" being made, 2016, colorized. pic.twitter.com/AHga7vna5T
— Pedro Menos (@menosplay) July 11, 2020
“Participei de uma oficina de animação pauvre, ministrada por Amanda Gatti na Casa Peirô, um espaço cultural de Porto Alegre, a convite de uma ex-namorada“, disse Pedro. “Lá eu peguei referências de outros GIFs de beijo e comecei a rabiscar o Mario com o Sonic.”
O pauvre (pobre em francês) se refere nesse caso a um estilo de animação em que se aplica técnicas precárias para executar o trabalho. E isso diz muito sobre o tipo de arte que o Pedro gosta de criar, tanto em relação aos seus quadrinhos quanto aos jogos que desenvolve. Sua arte autoral é marginal, com a intenção de ser. Algumas surgidas de momentos como o do famoso GIF, sem pretensão, mas ainda assim com a intenção de transgredir. E, por mais que seja apenas um GIF, a sucessão de cena são bem, digamos, sensuais.
“Eu nem tinha a pretensão de conseguir um valor tão alto pelo GIF. Achei que ia vender por, sei lá, uns R$ 500”, admitiu Pedro. Ele sabia que o GIF havia viralizado, mas não esperava uma procura tão grande, que resultou num leilão, com lance inicial de R$ 50 e que foi arrematado pelo criador de conteúdo e youtuber Kwite, às 22h por US$ 4000, que deu R$ 18.000 para Pedro, após aplicação de taxas da transação.
Até cair o primeiro salário estarei contando moedinhas, então vou leiloar uma lâmina original do gif do mario beijando o sonic! Começa em R$50, quem quiser dar um lance é só comentar no post. Começa agora e vai até amanhã às 22h, o comentário com o lance maior leva! pic.twitter.com/nHJ6kWhCNY
— Pedro Menos (@menosplay) February 1, 2023
O GIF pode ser facilmente encontrado nas redes sociais e aplicativos de mensagens e já foi utilizado como react – sem dar créditos ao Pedro – pelo youtuber Pewdiepie, por sua energia arrebatadoramente sexual. O que deixa muitos em conflito, afinal é o Mario e o Sonic, ícones clássicos dos videogames, “se pegando”. Para alguns traz aquele sentimento “será que não tem como desver?” e para outros, muitas risadas. Mas, como falei acima, embora o Pedro não esperasse toda essa repercussão, o efeito pretendido era exatamente esse. E que fique registrado que originalmente o GIF seria bem maior, com mais cenas, mas Pedro resolver cortar por acreditar que o que foi feito já estava de bom tamanho – ou seja, existe uma versão do diretor.
Além do GIF existe um ideal
Pedro Menos se declara anarquista. Seus jogos, seus quadrinhos, suas ilustrações e GIFs são feitos não só para gerar renda, mas também propagar um ideal: videogames pertencem a todos!
Em seus projetos, ele tenta agregar culturas marginalizadas, como o Hip Hop, e aplicar alguns aspectos desses pensamentos nos games que desenvolve. Em jogos como Azar, Polícia do Espanto, Telethugs e Noite dos Patriotas você pode encontrar diversas referências a situações que ocorrem em nosso país, além de personagens e trilhas sonoras que nos remetem ao rap nacional.
Seu projeto mais ambicioso é o Pirata de Prata, um fliperama independente, construído por ele e que contém os seus jogos. Existe uma unidade dele instalado na loja de quadrinhos Ilha Fantasma, em São José dos Campos. Mas o Pedro já excursionou com um segundo fliperama – o original, na verdade – para diversos locais, como a Feira do Livro Anarquista de Porto Alegre, a ocupação Teia dos Povos em Santa Maria e o Sesc Interlagos em São Paulo. A ideia é acabar com a concepção de que games sejam algo fechado, não acessível. Com o fliperama ele quer demonstrar que qualquer um pode fazer jogos, pode até construir a sua própria máquina para jogar. “Eu quero transformar o videogame numa cultura de rua, tipo hip hop, que esteja no fliper, para estar na rua. Focar no manual, no artesanal, para podermos descentralizar e tirar essa posse dos games de grandes produtoras.” declarou Pedro.
Chega a ser irônico vivermos num momento onde a arte criada por IA e tecnologias baseadas em NFT tem ganho tanto espaço e força no meio criativo, principalmente com as grandes empresas do setor investindo nisso. E mesmo com todo aporte e escopo que essas tecnologias têm recebido, inclusive com leilões milionários de NFTs, acompanhar uma ação orgânica, no Twitter, movida por pessoas interessadas e não bots é algo que gera esperança. Não porque algo foi vendido, mas sim pela arte, que ainda pode surpreender pelo seu impacto. Porque a ideia é essa, né? Ou como o próprio Pedro finalizou:
“Agora é o bonde dos desenhistas loucos. As IA tão ferradas nas nossas mãos!”
Se você quiser saber mais sobre Pedro Menos e seus conteúdos, você pode acessar sua campanha no Apoia-se, comprar seus jogos para PC no Itch.io ou acompanhar seus textos sobre games em seu blog.
Via: Pedro Menos
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