Invasão da Ucrânia pela Rússia gera pequeno impacto na indústria de chips

A indústria de tecnologia vinha passando por um período de escassez desde o início da pandemia. A produção de vários itens, como celulares, consoles de videogames, processadores e placas de vídeo foram prejudicadas por diversas questões envolvendo logística que atrapalharam a rotina das empresas que produziam esses itens. E quando o setor estava aos poucos normalizando, um novo “empecilho” apareceu.

O conflito entre Rússia e Ucrânia iniciado nesta quinta-feira (24), além de todas as consequências terríveis que podem trazer para o povo ucraniano, esse embate também irá afetar a indústria tecnológica; mais especificamente o setor de chips.

Repercussões do conflito entre Rússia e Ucrânia

O setor espera que haja uma interrupção limitada da cadeia de suprimentos, porque muitas empresas ainda têm estoques e realizam compras diversificadas. Mas, caso este conflito permaneça por um período mais longo, pode haver um impacto significativo na produção de chips.

Isso acontece porque a Ucrânia fornece mais de 90% do neônio de grau semicondutor para os EUA, que são vitais na aplicação de lasers usados para a fabricação de chips. Além disso, o gás, um subproduto da siderurgia russa, é purificado na Ucrânia, segundo a Techcet, empresa de pesquisa de mercado. Para complementar a situação negativamente, o paládio, metal que é utilizado em sensores, componentes de memória e diversas outras aplicações, tem larga produção na Rússia, que é a fonte de 35% do paládio usado nos Estados Unidos. 

“Os fabricantes de chips não estão sentindo nenhum impacto direto, mas as empresas que fornecem os materiais para fabricação de semicondutores, compram gases, incluindo néon e paládio, da Rússia e da Ucrânia“, disse uma fonte da indústria de chips japonesa que falou sob condição de anonimato. “A disponibilidade desses materiais já está apertada, qualquer pressão adicional sobre a oferta pode aumentar os preços. Isso, por sua vez, pode levar a preços mais altos de chips.“

O presidente-executivo da fabricante de chips de memória sul-coreana SK Hynix, Lee Seok-hee, disse que a empresa garantiu grande volume de matéria-prima para produção de chips e que “não é preciso se preocupar“.

A Intel disse que não previa nenhum impacto. A GlobalFoundries disse que não esperava um risco direto e tinha flexibilidade para buscar fontes de matéria-prima fora da Rússia ou da Ucrânia, assim como a fabricante de chips de Taiwan, United Microelectronics.

Muitas empresas parecem estar mais bem preparadas do que nos últimos anos, graças a outras rupturas e conflitos. Entretanto, este é um momento singular, ainda mais pelas sanções impostas por outros países a Rússia e como tudo irá se desenrolar daqui para frente na resolução deste conflito que afeta não só diversos mercados ao redor do mundo, mas a vida dos cidadãos do país.

Via: Reuters