Mais uma vez a segurança nacional dos Estados Unidos cria uma disputa entre o direito a privacidade individual e a segurança do coletivo. Agência Federal de Investigação americana (FBI) protocolou ontem um pedido requisitando que a Apple dê acesso a dados de um smartphone da empresa. O dispositivo é de posse de Syed Farrok, que juntamente com sua esposa foi responsável pelo tiroteio em San Bernadino, onde morreram 14 pessoas e 22 ficaram feridas.
As autoridades americanas tem posse de um aparelho celular do terrorista, um iPhone 5c, e estão requisitando auxílio da Apple para ter acesso aos dados de Farrok. Prontamente a Apple respondeu horas depois através desse post assinado por Tim Cook (em inglês), onde deixa claro que não irá ceder os dados por temer o precedente que está criando:
O governo dos Estados Unidos da América demandou que a Apple dê um passo sem precedentes e que põe em risco a segurança de nossos consumidores. Nós nos opomos a essa ordem, que tem implicações que vão muito além do caso em questão
– post da Apple, em tradução livre
O pedido do FBI consiste na criação de uma versão do iOS com as seguintes alterações:
1) Desabilitar o recurso que apaga todos os dados do usuário caso a senha seja digitada incorretamente muitas vezes
2) Retirar o atraso para novas tentativas caso a senha seja preenchida incorretamente
3) Permitir que o FBI insira a senha através de uma conexão física do aparelho ou outro protocolo de conexão como Bluetooth e WiFi
Com essas alterações o FBI seria capaz de realizar um “ataque de força bruta” para desbloquear o aparelho, conseguindo realizar tentativas rapidamente até encontrar a senha correta sem correr o risco de que outros mecanismos de segurança do iOS entrem em ação, apagando dados ou mantendo o aparelho inutilizado por longos períodos.
O FBI quer que a Apple crie uma versão do iOS vulnerável, para ter acesso aos dados de Farrok
Apesar da comoção em torno do atentado em San Bernardino, a Apple decidiu enfrentas essa disputa com o governo cedo ao invés de tarde. “Se o governo pode usar o All Writs Acts para tornar um iPhone fácil de ser desbloqueado, isso lhe dará poder para acessar qualquer dispositivo e capturar seus dados”, afirmou Cook em seu post. A posição da Apple foi endossada por outros gigantes da tecnologia, como o CEO da Google através do Twitter e o CEO do Whatsapp em um post no Facebook.
O Whatsapp passou por uma disputa semelhante aqui no Brasil, que culminou na retirada temporária do serviço do ar. O motivo do conflito é a divergência entre o Whatsapp e o governo acerca de cessão de dados dos usuários da plataforma. A Justiça queria acesso a informações de contas que poderiam auxiliar em investigações criminais,enquanto o Whatsapp afirmou que não cederia dados das pessoas que utilizam o app, para proteger a intimidade e suas informações de seus usuários.
O serviço de mensagens instantâneas também afirma em suas políticas de uso que “não armazena informações de identidade dos usuários” e as mensagens enviadas pelo serviço Whatsapp “não são copiadas, mantidas ou arquivadas pelo Whatsapp”.
Outro ponto importante do conflito Whatsapp versus a justiça brasileira é técnico: a plataforma de mensagens instantâneas afirma que não armazena dados de seus usuários, logo não teria as informações que o governo brasileiro requisitou. A estratégia parece plausível para outros gigantes da tecnologia, como especulou o TechCrunch: a Apple pode estar trabalhando em um sistema de segurança “fechado” o suficiente para que ela própria seja incapaz de quebrar, tornando inefetivo esse tipo de requisição de auxílio por parte do governo americano.
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{via}TechCrunch|http://techcrunch.com/2016/02/17/why-apple-is-fighting-not-to-unlock-iphones-for-the-government/{/via}
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