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Quadrinhos que mereciam seus próprios games

AVISO: a Coluna a seguir é longa e o autor pede desculpas, mas ele é um apaixonado pelo assunto (tanto quadrinhos quanto games) e não conseguiu se conter.
AVISO 2: eu sei que sou japonês, mas eu jÁ avisei que sou o pior que existe. Sendo assim, não esperem mangÁs nesta Coluna. Eu só li Cavaleiros do Zodíaco porque, NÉ, e um pouco de Blade, a Lâmina do Imortal. Isso é tudo.

As HQs têm passado por uma profunda crise de leitores nos últimos anos, e por isso tem se focado principalmente em adaptações aos cinemas. Isso não significa que não existem mais games baseados em quadrinhos, apenas que eles têm se tornado cada vez mais ligados às suas versões para as telonas. (Um exemplo disso é The Amazing Spider-Man – que chegou hoje à redação, aliÁs, e serÁ resenhado por este que vos fala após uma batalha ferrenha com o eterno KerberDie pra saber quem era o maior conhecedor de Homem-Aranha -, que permite ao jogador controlar o cabeça de teia que serÁ visto nas salas de cinema a partir desta sexta-feira, dia 6.)

Assim, vemos cada vez menos games bem feitos e legais baseados em quadrinhos. E isso falando das duas principais editoras. Quando o assunto são graphic novels ou obras independentes, as adaptações são quase inexistentes. Apostando em fontes com retorno teoricamente mais garantido, a indústria gamer deixa de lado um material muito rico e com grande potencial se bem utilizado. Vamos, então, falar de alguns quadrinhos que mereciam um game para chamar de seu.


Maravilhosa e Teioso se fundiram ali no meio para forma a Mulher-Aracnídea, a heroína mais peluda da história


Gigantes originais até demais
Para que ninguém me acuse de indie ou hipsterzinho, vou logo começar com as duas gigantes, Marvel e DC. É verdade que ambas têm suas produções em andamento, a primeira com Marvel Avengers: Battle for Earth – sou o único que não consegue não ler “Battle for Middle-Earth”? – e a segunda com Injustice: Gods Among Us, mas ambas se tratam de produções que apenas utilizam os personagens, e não os colocam em situações vistas nas cronologias oficiais. Apesar das ideias serem bem legais – eu pessoalmente curti mais Injustice, mesmo sendo um adepto da Casa das Ideias hÁ anos – as duas editoras têm material de sobra para fazer um game que kickaria alguns asses.

Para ficar nos anos mais recentes, a Marvel teve a saga Guerra Civil, um crossover gigantesco envolvendo todos os seus heróis e, o melhor, com uma história que os dividia em dois grupos lutando entre si, um liderado pelo Capitão América e outro pelo Homem de Ferro. Além da óbvia desculpa para gerar algumas das pancadarias mais legais vistas nos últimos tempos, as apostas eram altas e os riscos reais. Ninguém ali botava o pé no freio e as chances de morte eram verdadeiras – pelo menos até o limite da morte nos quadrinhos. Ou seja, algo que duraria uns 3 anos -, o que daria a um eventual game uma sansação de urgência bem interessante. Morreu, jÁ era. Escolha um outro herói do time e continue com ele, observando o impacto da queda do anterior em seus companheiros.

Do outro lado, a DC teve A Noite Mais Densa que, apesar do nome meio tosco (tirado do juramento dos Lanternas Verdes: “In blackest night, no evil shall scape my sight“), foi uma saga muito bem recebida pelo público e crítica, envolvendo todos os maiores personagens da editora em uma batalha de proporções galÁcticas. O que seria mais legal no game seria a possibilidade de ver seus heróis favoritos (Batman, Superman, Mulher Maravilhaman) portando seus próprios anéis de energia. E o melhor, não seriam apenas os anéis verdes, mas toda uma gama de cores que se apoiam em diferentes espectros de energia – confiem em mim, é mais legal do que parece assim falando



Kick-Ass e Hit-Girl ficaram assim após uma surra do Scott Pilgrim. Eles haviam criticado seu cabelo

Graphic novels sob controle
Fugindo um pouco das linhas narrativas principais das gigantes, vamos entrar no mundo das graphic novels, quadrinhos autorais mais interessados na história em si que nos personagens que as envolvem. Existem algumas graphic muito boas, tanto com protagonistas originais quanto com heróis conhecidos e muitas delas seram geniais em alguns games.

Primeiro, vou falar daquela que me inspirou essa coluna. Scott Pilgrim é uma série dividida em 6 edições originalmente, que conta a história de um jovem músico canadense lutando contra os sete ex-namorados malignos da guria por quem estÁ apaixonado. Esse resumo parece meio malhação, mas a sensação dura até que você começa a leitura. Quando eu digo lutar, quero dizer LUTAR mesmo. Com espadas. E hadoukens. E lésbicas. E aumento da experiência e moedinhas caindo com a morte do chefão. A graphic é praticamente um game em quadrinhos. Alguém pode dizer que jÁ existe um game pra PSN e pra Live, e que isso garante a vibe indie da obra. Eu discordo. Scott Pilgrim é tão legal que merecia um lançamento gigantesco nas principais convenções por uma produtora fodÁstica como Valve ou Square. Ok, admito que agora eu devo estar parecendo um fanboy, mas colunas são pra isso.

Outra história que daria um ótimo game é Kick-Assque até jÁ tem um, mas é baseado no filme, and that's cheating. Poder controlar o moleque que resolve virar um super-herói do nada, sem pais assassinados ou algo do gênero, seria sensacional. Principalmente considerando que ele não tem o menor treinamento, então o diferencial, na verdade, seria tentar não ser espancado até a morte. Tudo isso enquanto se assiste a pequena garotinha homicida Hit-Girl arrancando cabeças – e bolas.

“COME AT ME, BRO!!!” [Sandman, para o buraco branco, nu]

Vou me arriscar um pouco aqui e dizer que provavelmente a equipe certa e com uma eventual supervisão do criador Neil Gaiman poderia fazer do game de Sandman o melhor jÁ feito. O MELHOR JÁ FEITO. Pronto, passou. Sandman é, de longe, a melhor coisa que jÁ botaram em quadros sequenciais. Talvez seja uma das melhores coisas jÁ escritas. A história do deus do sono Morfeus (também conhecido como Sandman) tentando recuperar o controle do seu reino após alguns anos aprisionado tem todos os elementos que compõem um grande game: história espetacular, ação bem construída, ambientações fantÁsticas, personagens complexos, um protagonista com poderes incríveis e possibilidades virtualmente infinitas, considerando todos os reinos que constituem a sua mitologia. Vocês não sabem o esforço que faço neste momento para não apagar todo o resto e fazer uma coluna só de Sandman. Por isso, clamo. Um jogo de Sandman NOW.



“Acho que vamos precisar de lanças maiores, capitão!”

Falando de grandes quadrinistas, tanto Alan Moore quanto Frank Miller têm cacife suficiente em suas obras para garantir grandes adaptações. Ambos sabem fundir muito bem ação com excelentes histórias e todos sabemos que estes são dois dos elementos principais para bons games. Pense em jogos de Watchmen – que jÁ tem, mas é baseado no filme e permite apenas o controle do Coruja e de Rorschach. CADÊ CONTROLE SOBRE O DR. MANHATTAN?? -, Liga ExtraordinÁria, V de Vingança, 300, Sin City, Dark Knight ou Electra (a fase escrita por Miller) e diga sinceramente se isso não te faz salivar.

Moebius inventou o surfe de pterodÁtilo durante uma viagem de mescalina em 1968

Existe também uma série de graphics que se encaixam no grupo que eu vou chamar de “Graphic Novels Muito Loucas Que Dariam Games Muito Mindfucks Legais Para Se Jogar Tomando Ácido“. Obras assinadas por artistas como Moebius, Milo Manara – que talvez desse um daqueles joguinhos de sacanagem japoneses – e Enki Bilal, que se concentram, e muito, no aspecto visual viajante psicotrópico. Moebius, aliÁs, fez uma das melhores histórias do Surfista Prateado de todos os tempos. Pensa num game do brilhoso sideral com esse traço. De fundir a cuca.



Rafael GrampÁ revolucionou o conceito de “facepalm” em sua Mesmo Delivery

PÁtria mãe gentil
Para finalizar, mas não menos importante, temos os quadrinhos nacionais. Ultimamente a indústria nacional vem conhecendo um prestigio autoral inédito, e quem acompanha esse processo não pode dizer que não seja merecido.

Mesmo Delivery, de Rafael GrampÁ, era uma obra que daria um game sensacional. A curta história de dois caminhoneiros brutos e marrentos com uma carga misteriosa poderia ser desdobrada em um jogo cheio de ação violenta e crua, com muitos membros e fluidos voando, tudo inspirado no traço característico do artista brasileiro, que jÁ escreveu até sua versão do Wolverine a pedido da Marvel. Se isso não é prova de porradaria boa, eu não sei o que é.

Uma história que clama por um jogo, e que é muito própria das terras tupiniquins é a contada em Bando de Dois, de Danilo Beyruth. A graphic conta a história de dois cangaceiros tramando para vingar a morte de seu bando por um pelotão do exército, e o jogo seria exatamente isso que você estÁ pensando, uma espécie de Call of Duty no sertão do nordeste, com bacamartes, espingardas e muito sangue na peixeira.

Eu não podia terminar essa coluna sem falar dos gêmeos Gabriel BÁ e FÁbio Moon, provavelmente os nomes mais reconhecidos internacionalmente, por causa do sucesso de Daytripper. Embora eu concorde que a graphic novel, líder da lista de bestseller do New York Times durante um bom tempo, não teria como ser adaptada para os controles, Umbrella Academy daria um ótimo jogo. Desenhada por BÁ e escrita por Gerard Way – vocalista do My Chemical Romance. QUÊ? Eu sei –, conta a história de uma equipe de super-heróis desfuncionais e completamente psicótica, na qual você fica a todo instante esperando alguém surtar e matar os outros enquanto dormem. A graça do jogo ficaria exatamente nisso, essa tensão com seus colegas de equipe, que a qualquer momento podem se virar contra o jogador e decidir acabar com o negócio todo.

Estes foram apenas alguns que eu consegui lembrar e que tive espaço para escrever aqui. Sou meio fanÁtico por quadrinhos e estou até triste por ter deixado alguns de fora. Talvez eu escreva uma segunda parte, então, se você lembrar ou gostar muito de algum que eu deixei de fora, deixe nos comentÁrios que na próxima eu tento encaixar. Ou então vai ali e me xingue – lembrando que nunca é uma boa ideia zoar quem controla o microfone. A casa é sua. Até mais.

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