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A Rede Social além das telas do cinema

Não hÁ dúvidas de que o Facebook estÁ na moda. A maior rede social do mundo, com mais de 600 milhões de perfis, cativa cerca de oito novos usuÁrios a cada segundo e seu criador, o polêmico Mark Zuckerberg, tem sido figurinha carimbada nas notícias sobre o mundo da tecnologia. Muito dessa exposição se deve ao filme The Social Network, dirigido por David Fincher, que no Brasil recebeu o nome de A Rede Social e estreou nos cinemas no final do ano passado.

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Zuckerberg conseguiu mais de meio bilhão de amigos? Retratado como o típico nerd durão que não sabe se relacionar, aparentemente seu único amigo de verdade era o brasileiro Eduardo Saverin, que ajudou a fundar o site de relacionamentos. Por sinal, o jovem Zuckerberg também teria uma namorada, que lhe deu um belo pé na bunda após um momento de ampla tagarelice logo no início da película.

Sucesso de crítica, A Rede Social, baseado no livro BilionÁrios por acaso, de Ben Mezrich, foi indicado ao Oscar em oito categorias, inclusive a principal da premiação: a de melhor filme. As outras categorias são melhor diretor, ator, roteiro adaptado, fotografia, trilha sonora, mixagem de som e edição. O filme, aliÁs, jÁ coleciona alguns prêmios importantes, como o Globo de Ouro de melhor drama, diretor, roteiro e trilha sonora.



Às vésperas da cerimônia do Oscar 2011, que anuncia seus vencedores no dia 27 de fevereiro, os holofotes voltam a incidir sobre o filme que conta a trajetória de Zuckerberg. Um pouco além da crítica cinematogrÁfica (ramo no qual ninguém aqui no Adrenaline é especialista, vale lembrar), vamos traçar a história dessa rede social tão popular, que, pouco a pouco, começa a tirar o trono do Orkut aqui no Brasil.

… uma universidade na qual todas as garotas são, invariavelmente, piranhas loucas para tirar o sutiã e assediar qualquer rapaz que tenha feito alguma coisa minimamente legal. Parece um lugar divertido, muito mais do que a faculdade das quais saem grandes gênios, como Bill Gates, por exemplo. LÁ, pelo menos como sugere o retrato no filme, a melhor coisa que pode acontecer é ser aceito em alguma das chamadas fraternidades, que ainda não descobri para que servem, exceto para reunir um bando de malucos bêbados passando muita vergonha enquanto se acham mais descolados que os nerds que ficam bilionÁrios anos depois.



É nesse cenÁrio que Mark Zuckerberg, então com 19 anos, interpretado pelo ator Jesse Eisenberg bate um papo chato pra caramba com sua namorada sobre como as fraternidades são incríveis, cheias de gente legal e como ele poderia se tornar parte delas. Como a única representante minimamente sensata e decente do sexo feminino, a moça dÁ um fim no relacionamento, que, imagino, jÁ devia estar bastante conturbado hÁ tempos. Como qualquer ser humano maduro e racional, Zuckerberg alivia sua decepção… postando “elogios” nada agradÁveis à moça em seu Livejournal.



Eis o pontapé (com o perdão do trocadilho) inicial para a criação do Facebook. Sim, só isso, um pé na bunda. Acontece que as evidências mostram que esse fato não condiz com a realidade. Zuckerberg é bastante discreto em relação à sua vida pessoal e qualquer pesquisa pela suposta namorada, chamada de Erica Albright, retorna resultados com pessoas ora indagando sobre a veracidade de sua existência, ora com espertinhos que aproveitaram o “hype” para criar pÁginas falsas como esta. Por mais que se intitule como a pÁgina oficial de Erica Albright, o domínio foi registrado por um sujeito chamado David Desvousges. Nada impede que ele seja um webmaster prestando serviços para a garota, mas a data de registro do site é um fato a se pensar: 1º de outubro, o mesmo dia em que o filme estreou nos Estados Unidos. A moça tem, inclusive, um perfil fake no próprio Facebook.



O site TrendyPress compilou algumas teorias a respeito da suposta ex-namorada. Seu nome, inclusive, pode ser apenas um pseudônimo para alguém que realmente existiu, na tentativa de preservar sua imagem. O mais próximo que se chegou de Erica Albright foi ao nome de uma moça chamada Eriac Bern, da Universidade de Nova York , mas não se sabe se ela teve realmente alguma ligação com Zuckerberg. Quem existe, de fato, é a uma mocinha xingada pelo garoto no Livejournal, chamada Jessica Alona. No entanto, não se sabe nada a respeito de suas relações com o rapaz.

O próprio, após inicialmente não se pronunciar publicamente sobre o filme, contou que a moça do filme não existe, embora reconheça que jÁ tenha tomado foras algumas vezes. Pelo visto, a inspiração para criar algumas novidades na web foi “romantizada”, quando, na verdade, deve ter sido mais um momento de inspiração repentina do que qualquer coisa motivada por uma garota.

Seja lÁ como for, aparentemente o moço jÁ tem uma namorada nova: Priscila Chan. O filme deu uma pista sobre seu gosto por japinhas, preferência compartilhada com muito mais, digamos assim, “entusiasmo” por seu amigo Saverin (que não teve uma experiência muito positiva). Aparentemente, como mostrou o programa The Oprah Winfrey Show, os pombinhos dividem uma casa alugada em Palo Alto, na Califórnia. O bilionÁrio, pelo jeito, não gosta muito de ostentação.



Ou não liga muito para a própria casa, jÁ que, conforme o Daily Mail, o moço passa a maior parte do seu tempo no escritório do Facebook: cerca de 16 horas diÁrias.



É bom que Zuckerberg se comporte com a nova namorada e nem pense em ficar elegendo a gostosona da Universidade. Foi assim que o jovem estudante deu origem ao embrião do Facebook, com nada mais que uma pÁgina que possibilitava aos alunos de Harvard comparar fotos de estudantes do sexo feminino para escolher a mais atraente.

Entre uma cerveja e outra, um “desabafo” sobre a ex e outro, Zuckerberg hackeou a rede da Universidade e compilou fotografias das estudantes de lÁ. Assim, surgiu o Facemash, que serviu de inspiração para o Facebook. O site funcionava através de um princípio simples: duas fotos de garotas da faculdade eram exibidas e o usuÁrio deveria votar em sua preferida, elegendo, no final das contas, a gostosona de Harvard.


A alegria vai durar pouco, meninas


Engraçado que, no filme, por mais exibidas que as meninas parecessem, elas realmente não gostaram disso, assim como as autoridades da instituição. A pÁgina foi retirada do ar dias depois, considerada ofensiva, e Zuckerberg foi advertido por hackear a rede e invadir a privacidade dos estudantes.

O domínio do site, o Facemash.com, expirou em 2007. Aparentemente, ele foi comprado por Rahul Jahn e colocado em leilão no dia 5 de outubro, pouco após a estreia americana do filme. Com lance mínimo de US$8.000, alguém arrebatou o domínio por US$30.000, após dez lances. Procurar pelos dados do registro revela que o domínio é legítimo e foi mesmo registrado por Zuckerberg, em novembro de 2003. A pÁgina contém informações como o e-mail que Zuckerberg possuía em Harvard, bem como um número de telefone. O Techcrunch ligou para checar e verificou que se tratava do consultório de odontologia do seu pai.

Com a criação do site, Zuckerberg começou a atingir popularidade no campus, atraindo o interesse de dois playboys típicos de “comédias” americanas: os gêmeos Cameron e Tyler Winklevoss. Foram os dois que tiveram a grande sacada de criar uma rede exclusiva para o pessoal de Harvard, para encontrar os amigos, compartilhar fotos, toda essa coisa que parece tão comum hoje em dia.



Nenhuma grande novidade, em uma época na qual jÁ existia o MySpace, por exemplo. O diferencial seria a exclusividade: era necessÁrio possuir um e-mail de Harvard para acessar o serviço. Os Winklevoss tinham a ideia e precisavam de um maluco disposto a passar horas e mais horas dos seus dias programando, e o encontraram em Zuckerberg. A parceria parecia perfeita.

O filme não mostra, mas, antes de Zuckerberg, outros programadores foram chamados para colaborar com o projeto, que estava nos planos dos Winklevoss desde 2002. Zuckerberg deveria finalizar o código e colocar o site, batizado de ConnectU, no ar. Mas, ao invés disso, passou as semanas seguintes alegando estar ocupado demais com o projeto para ter tempo de se reunir com os colegas e, em 4 de fevereiro de 2004, colocou sua própria rede no ar: o thefacebook.com.


Imagem: Brian Synder/Reuters
Os irmãos Winklevoss, que tiveram a ideia original de criar uma rede social dentro da universidade


Assessorado financeiramente pelo amigo Eduardo Saverin, que forneceu um investimento inicial de US$1 mil para a compra de servidores, Zuckerberg enrolou direitinho os rapazes e despertou a ira dos verdadeiros “cérebros” por trÁs da ideia. Claro, assim como em outro filme que retrata os bastidores de grandes empresas de tecnologia, o Piratas do Vale do Silício, aprendemos que, se você tem uma boa ideia, o melhor a fazer é ficar quieto e aprender a programar.

Não demorou muito para que o thefacebook.com se expandisse para outras universidades, enquanto os irmãos Winklevoss amargavam um site com um amontoado de códigos inúteis. Victor Gao, um dos desenvolvedores que participou do projeto antes de Zuckerberg, analisou o código que deveria ter sido aperfeiçoado pelo atual CEO do Facebook. “Quando olhei o código, percebi que não estava completo e certamente não era funcional”, afirmou Gao em uma reportagem  de 2004 do The Harvard Crimson. “O registro não funcionava. Você poderia acessar o site, os formulÁrios estavam lÁ, mas você não poderia fazer seu registro. Ele não se conectava à base de dados”, explicou.

A partir daí, o filme retrata os irmãos praticamente como dois idiotas mimados. Eles se recusam a procurar um advogado e fazem de tudo para resolver o problema por outras vias, inclusive recorrendo às autoridades da universidade. Na película, ambos são ridiculamente humilhados nessa situação. A administração considerou que o caso deveria ser resolvido fora da universidade, no melhor estilo “não tenho nada a ver com isso, vocês que se entendam”.


Observem a minha preocupação com esse problema.


Enquanto isso, Zuckerberg e Saverin, também “nem aí”, curtiam a nova vida de jovens descolados, desfrutando de uma popularidade instantânea que rendeu ao brasileiro uma japinha neurótica e a possibilidade de ganhar muita grana. No filme, o brasileiro passa uma impressão de bom mocinho, sempre preocupado com as finanças e o jeito certo de negociar com grandes players do mercado. É a figura do executivo engravatado, em contraste com um Zuckerberg de chinelo e roupas mais ou menos.

Apesar da amizade, o que parece é que os dois estilos de vida não combinam. Saverin é construído, como personagem, como um “almofadinha”, um cara extremamente burocrÁtico e até mesmo um pouco “careta”. Foi em outra figura polêmica que Zuckerberg parece ter encontrado um parceiro mais interessante: Sean Parker. Ninguém menos que o fundador do Napster!


Mais alguém aí achou o ator principal do filme mais parecido com Parker do que com Zuckebrerg?


Quem viveu no início dos anos 2000 vai se lembrar daquelas longas tardes de compartilhamento de mp3 na Internet (ainda discada em boa parte dos lares) e as primeiras grandes polêmicas com relação a direitos autorais, pirataria e tudo isso que, até hoje em dia, ainda se discute. Ironicamente interpretado por um astro da música Pop, Justin Timberlake, Parker surge na tela como o legítimo sujeito descolado e inovador, pronto para esbanjar dinheiro, paparicar e impressionar jovens deslumbrados.



Parker, no filme, dÁ a dica: “tire o ‘the’. Deixe somente Facebook”. E assim foi feito. Em 2005, a equipe comprou o domínio facebook.com por US$200 mil, dando início à expansão global daquela que, hoje, é a rede social mais popular do mundo.

Com o sucesso e a fortuna entrando, era claro que os irmãos Winklevoss não iam esquecer a bela puxada de tapete que levaram. Em 2004, eles resolveram processar o Facebook alegando que Zuckerberg quebrou um contrato com eles, roubou a ideia do ConnectU e copiou, logicamente de forma ilegal, o seu código-fonte.

Com isso, chegamos finalmente ao ponto que costura todo o filme. A trajetória de Zuckerberg é traçada com eixo nos processos contra ele, e as cenas intercalam os momentos em que ele estÁ no interrogatório e os acontecimentos no passado. Uma ótima escolha do diretor, que incide o foco sobre o aspecto controverso da rede e de seu criador. Essas cenas fogem da futilidade e do carÁter “babaca” do jovem Zuckerberg (na definição de alguns personagens do filme) e mostram um empreendedor mais maduro, introspectivo e prepotente. As perguntas Ácidas e os diÁlogos Ágeis salvam a produção que, sem isso, poderia se tornar facilmente mais um filme sobre jovens bobos.



Não só os irmãos estão confrontando Zuckerberg. Seu amigo e co-fundador do Facebook, Saverin, também estÁ lÁ. Isso porque o brasileiro, nascido em São Paulo, era, inicialmente, dono de 30% do Facebook. Em janeiro de 2005, porém, Zuckerberg diminuiu a fatia do colega para menos de 10%. Não bastasse isso, Zuckerberg sequer citava o colega como co-fundador da rede, na pÁgina oficial.


Saverin entrou com um inevstimento inicial de US$1 mil para comprar computadores. Hoje, é o 356º homem mais rico do mundo.


Tanto os Winklevoss quanto Saverin ganharam a causa. O brasileiro, hoje, tem o nome estampado no site da rede social , da qual é dono de 5%, e um patrimônio avaliado em cerca de US$1,15 bilhão, conforme dados de setembro de 2010 da Forbes. JÁ os irmãos Winklevoss  receberam um belo montante de dinheiro como resultado de um acordo extrajudicial que encerrou o processo em 2008. Inicialmente secreto, estima-se que os dois tenham recebido US$65 milhões.

A saga de Zuckerberg contra os processos, porém, ainda estÁ longe de acabar. No início do ano, os irmãos atacaram novamente pedindo que a Justiça reavalie o acordo. Os dois alegam que, na ocasião em que foi feito o acordo, o Facebook se auto-avaliou com um valor inferior ao que ele realmente valia, privando-os de receber mais alguns milhões de dólares. Isso porque, na negociação, ficou combinado que eles receberiam US$20 milhões em dinheiro e 1,25 mil ações, avaliadas em US$45 milhões. Com a rede social valendo bem mais do que revelado na época, o valor destinado aos irmãos pode ser multiplicado por quatro, conforme a BBC. Uma decisão a respeito do caso deve sair ainda antes de abril.

Na vida real, não existem mocinhos nem vilões. HÁ, sim, alguns caras mais espertos – como Zuckerberg, o que não invalida os esforços de outras pessoas. Claro, Hollywood é uma indústria e precisa vender. O público espera, em sua maioria, estereótipos, situações antagônicas, tensão e um final feliz.

A Rede Social jÁ virou cult e, a julgar pelos aspectos técnicos de sua produção, com certeza irÁ abocanha algumas estatuetas na cerimônia do dia 27. Mas não posso negar minha impressão de que o filme é uma espécie de American Pie com requintes de nerdice. Eu sei, A Rede Social não é engraçado. American Pie também não.

Saverin contou, no blog para convidados da CNBC, um pouco de sua experiência ao assistir ao filme e ressaltou que a produção “foi claramente destinada a ser entretenimento, e não um documentÁrio baseado em fatos”. O co-fundador do Facebook não comenta quais situações realmente aconteceram ou não, mas destaca a importância do filme em inspirar outras a começar um novo negócio. “Com um pouco de sorte, você pode até mudar o mundo”, conclui.


Saverin, no filme, é interpretado por Andrew Garfield, o próximo Homem Aranha dos cinemas


Sean Parker é mais incisivo ao dizer que “o filme é um trabalho completo de ficção”. De acordo com a NBC , ao comentar cenas em que seu personagem aparece usando drogas acompanhado de belas garotas, ele declarou: “eu queria que minha vida fosse assim tão legal.” E Zuckerberg? A figura central de toda a história parecia que não ia falar muita coisa, mas era inevitÁvel falar publicamente sobre o assunto. Na segunda metade de outubro, o jovem bilionÁrio resolveu tecer seus comentÁrios sobre a adaptação para o cinema.

Ele ressalta que a criação do Facebook não teve nenhum empurrãozinho dado por rejeição amorosa ou a vontade de entrar em fraternidades. “Eles [os criadores de filmes] não conseguem quebrar a cabeça em torno da ideia de que alguém possa desenvolver alguma coisa simplesmente porque gosta de desenvolver”, afirmou.

É claro, filmes realizados para atrair uma grande audiência (e, consequentemente, faturamento), precisam enfeitar a realidade. No caso de A Rede Social, se as verdadeiras mentes por trÁs do Facebook – o de verdade – são sinceras, a “distorção da realidade” deu muito certo. Com orçamento estimado em US$40 milhões , a adaptação cinematogrÁfica jÁ faturou mais de US$200 milhões no mundo todo e ainda pode levar até oito Oscars na premiação deste ano. Nada mal para a história de um “babaca”.

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