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ANÁLISE DE MANEATER - Game traz ideias divertidas e originais, mas mal trabalhadas

Se você enjoou da mesmice dos jogos de mundo aberto por aí, Maneater certamente tem uma proposta diferente. A TripWire coloca o jogador no couro de um tubarão mutante assassino que parece ter escapado de um filme de terror B que passaria à tarde no SBT quando a TV era terra de ninguém. O game abraça seus absurdos e oferece um tom cômico para toda sua matança. Explicamos nessa review se você deve dar uma chance ao jogo.

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História

Como expliquei na introdução, Maneater é um jogo que não se leva muito a sério. Uma das ideias que mais gostei pra história foi a decisão de contá-la como se fosse um documentário, ou um daqueles reality shows super produzidos. No caso, Maneater é o nome desse seriado. Temos um narrador acompanhando todo o gameplay e as cutscenes protagonizadas pelo nosso rival, o Scaly Pete, acontecem como se fossem a filmagem dos episódios, inclusive com a equipe por trás das câmeras fazendo perguntas e interagindo.

Essa foi uma ótima opção pra deixar claro o estilo do game, mas não foi tão bem aproveitada na hora de realmente se escrever o roteiro. Os diálogos são fracos, a maioria das piadas insossas e não demora muito pra ouvirmos tudo que o narrador tem pra dizer e ele ficar apenas repetindo as mesmas falas de novo e de novo. Dá a impressão que faltou competência ou tempo pra trabalhar melhor os textos do jogo.

O enredo em si não tem muito a dizer. Scaly Pete mata a mãe do tubarão protagonista – que vou chamar de Bruno, em homenagem ao Bruce de Spielberg – e, no processo, arranca o filhote do ventre de sua vítima. Antes de jogá-lo ao mar, Pete faz uma marca com uma faca pra criar uma cicatriz e ser capaz de identificar o tubarão, mas é mordido em resposta e perde uma das mãos.

A cena fica bem pesada e destoa um pouco do tom leve do game. Claro que o jogo todo é bastante violento, mas nada chega nesse nível de crueldade e sadismo, então fica bem fora do lugar começar o jogo assim. A ideia é criar essa rivalidade entre Bruno e Pete, uma espécie de “homenagem/plágio” ao capitão Ahab perseguindo Moby Dick, com a diferença que Bruno está igualmente investido nessa briga.

A ideia é boa, só que não é bem aproveitada. A rivalidade entre os dois não é transportada para o gameplay, apenas vemos algumas cutscenes ao longo do jogo. São apenas dois combates contra Pete, um no meio e um no fim da campanha, então na maior parte do tempo a gente nem lembra que ele existe.

Gameplay

A “fase da água” costuma ser a mais detestada pela maioria dos jogadores nos games em que aparecem. O pessoal da TripWire, então, disse “segura minha cerveja” e foi fazer Maneater. E, na medida do possível, foram bem sucedidos.

O gameplay até que funciona bem levando-se em conta as dificuldades de “simular” uma movimentação aquática. Claro que o jogo poderia se inspirar na Divina Comédia e começar com a citação: “esqueça toda a física quem entra aqui“, mas é um sacrifício necessário pra jogabilidade funcionar.

O jogo se desenrola de maneira simples: você realiza missões de comer um determinado número de coisas numa área até liberar o combate com o predador ápice dessa região. Aí avança para a próxima e repete, até terminar o jogo.

As melhorias do tubarão são a parte mais divertida do game e a TripWire sabe disso. Funciona de maneira semelhante a um sistema de equipamentos. Você libera novas partes como mandíbulas, barbatanas e nadadeiras e as “equipa” no tubarão. Cada uma dessas partes pode ser melhorada com pontos diferentes que o jogador obtém comendo coisas variadas. E pra liberar novas partes é necessário cumprir missões e encontrar colecionáveis, então elas são o principal motivador do gameplay.

Já que a evolução do tubarão é o eixo central da jogatina, ela deveria ser mais completa. O sistema de “equipar” partes é a única mecânica disponível, o que é pouco, principalmente porque não tem muitas partes, são apenas três conjuntos diferentes. Seria interessante poder mudar atributos específicos do peixe, deixar as coisas mais do seu jeito, uma vez que o game se vende como um RPG, além de introduzir muito mais conjuntos de evoluções, pelo menos outros três. Uma árvore de habilidades também seria muito bem-vinda. Assim, mesmo tendo um gameplay muito repetitivo, o jogador pelo menos estaria sempre empolgado pra ver as novidades que estão sendo liberadas para customizar o Bruno.

Na verdade, a impressão que eu tive durante todo o jogo é que a desenvolvedora ficou num “cabo de guerra” entre realismo e absurdo, e não conseguiu se decidir de uma vez por qual caminho tomar. Bruno ganha, efetivamente, super-poderes ao longo do game, não é realista. Mas, ao mesmo tempo, a TripWire não quis dar ao jogador mais ferramentas além de morder, esquivar e dar rabadas. Essa limitação deixa o gameplay extremamente repetitivo e simplesmente não era necessária – já que tantas coisas absurdas acontecem, porque não dar mais ferramentas ao jogador? Mordidas especiais, esquivas diferenciadas, jeitos específicos de bater com a cauda. Qualquer coisa para que os combates contra os ápices não fossem sempre exatamente a mesma coisa.

Volto a dizer, dá pra enxergar ideias boas que não são bem aproveitadas. Apenas colocando mais opções de evolução e deixando os combates mais interessantes já seria suficiente pro jogo ficar bem divertido, mesmo sendo repetitivo. Se cada luta com um ápice fosse diferente e divertida e a cada momento estivéssemos liberando novidades para o Bruno, o jogo teria outro nível de qualidade.

Gráficos

Os gráficos de Maneater não estão nada mal para um jogo com este orçamento, mas é uma pena que recebemos uma cópia para o PS4, onde o jogo não está rodando muito bem. As quedas de frames acontecem com muita frequência e ás vezes o jogo não se aguenta e precisa parar e carregar. Essa “manobra”, na verdade, acaba sendo positiva porque evita que o game trave, ele não chegou a congelar nenhuma vez, só que não deixa de ser um problema o jogo parar e carregar no meio de uma ação porque ele não está dando conta de rodar normalmente.

Tirando esses problemas, a parte visual ficou bem interessante. Temos uma direção de arte muito competente. Cada região do mapa é bem diferente e característica, de modo que você sempre sabe onde está só de olhar. O fundo do oceano é vivo e cheio de detalhes, e a parte de fora, onde não passamos grande parte do tempo, também ficou bem trabalhada o suficiente pra ser convincente. A sensação de um mundo “vivo” e dinâmico é extremamente importante em games de mundo aberto e posso dizer que Maneater entrega isso.

O design do Bruno também ficou muito interessante. Não sou muito fã do visual das evoluções, mas isso é apenas visão estética pessoal. Já o peixe em si, sem equipar as partes ficcionais, ficou muito bem feito. A textura da pele e as animações dos movimentos estão bem caprichados e dá pra ver que teve um trabalho dedicado aqui.

Até por esse capricho em algumas partes que os problemas de otimização ficam ainda mais tristes. Quero destacar aqui também um bug dos grandes, que me impediu de conseguir um colecionável do jogo e, por consequência, bloqueou uma das poucas partes evolutivas. Um dos “pontos de referência” desapareceu sem ser computado que eu o encontrei, então não tenho como liberar os “Dentes de Sombra” no meu save. Imagine o nível da frustração se eu estivesse curtindo o jogo e querendo somar 100%.

Áudio

Maneater tem limitações na parte do áudio que já são esperadas num jogo que não é um triplo A. Os “samples” do som não são muito variados e a maioria dos inimigos aquáticos que enfrentamos usam os mesmos rosnados. Além disso, tem o problema das repetições constantes das falas do narrador que já comentei na parte de história, que é mais um problema de roteiro que do áudio propriamente dito. A trilha sonora também não é marcante e, na verdade, raramente ouvimos alguma música no jogo.

Mas claro que existem as qualidades. Os sons aquáticos estão muito bem feitos e, diversas vezes, é bem transmitida aquela sensação sonora abafada que temos quando estamos submersos. E o jogo é dublado em português brasileiro, o que foi uma grata surpresa. É feito um ótimo trabalho com os personagens, principalmente do narrador e Scaly Pete, que são os que mais falam.

Só que até aqui sou obrigado a fazer críticas. Infelizmente as falas aleatórias no jogo não são dubladas. Quando você ataca humanos ou enfrenta caçadores eles vão gritar em inglês. Pior que isso é a localização dos textos em português, que parece um Google Tradutor sem revisão. A “legenda” do mapa, por exemplo, foi traduzida como “lenda“. E isso é só uma amostra, ao longo de todos os textos encontramos erros grosseiros e coisas que atrapalham até no entendimento.

É engraçado que esses erros não aparecem nas dublagens nem nas lendas legendas dos personagens falando, então parece que foram equipes diferentes que cuidaram de cada parte e uma levou mais a sério o trabalho que a outra.

Conclusão

Jogar Maneater é como ouvir uma mesma piada repetidas vezes. Você pode ou não gostar da piada quando ouve pela primeira vez, mas até os maiores fãs dessa anedota vão começar a cansar quando ela está sendo contada pela milésima vez.

A parte triste é que o jogo mostra potencial e teria sido exponencialmente melhor com apenas um pouco mais de trabalho e tempo no seu desenvolvimento. Mas, do jeito que está, realmente não consigo recomendá-lo no lançamento – mesmo com seu preço super camarada bem abaixo da média de outros jogos novos.

É até irônico um jogo de tubarão ser tão sem profundidade…

Parece o tipo de game que a Epic acaba dando nos seus semanais gratuitos ou que logo fica com um desconto chamativo de mais de 80%. Quando isso acontecer, com certeza vale gastar umas boas horas nele! Até lá, você não perde muito por esperar.

Prós

Tubarões são legais

Evoluções são interessantes no começo

Algumas ideias originais e divertidas

Contras

Gameplay MUITO repetitivo

Combates frustrantes

Poucas opções de evolução

Erros grosseiros na tradução em texto

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