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PC Games

ANÁLISE: Total War: Three Kingdoms

The Three Kingdoms é o novo game da série Total War, jogo de estratégia que se notabilizou por unir tanto o jogo cadenciado em turnos no melhor “estilo Sid Meyer's Civilization” na administração de seu império, e deslocamento do exército com a emoção e o caos das batalhas em tempo real, com você comandando em campo suas tropas e podendo usar seus talentos para controlar exércitos em ação.

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A temática da China antiga é pouco explorada e tem muito potencial

O mais novo jogo na série tradicional Total War traz o game para uma ambientação totalmente nova: a China Antiga. Mais especificamente, o período chamado de “Os Três Reinos”, algo que compreende os anos de 184 a 220 D.C., tempo muito conturbado de transição entre a dinastia Han e a Jin, e que é envolta em muito mistério já que os registros que falam da época são uma mistura de mito e história, com muitos dos eventos e personalidades podendo ou não ter existido. Pra quem quer um resumo bem-humorado desse período, tem esse vídeo aqui (em inglês).

“The Three Kingdoms” bebe dessa fonte rica de narrativas fantásticas do período, e usa esse palco de caos entre os feudos da época, disputando espaço para ser a nova dinastia dominante, como cenário perfeito para as mecânicas do game de estratégia.

Até o momento tenho em torno de 20 horas de jogo e umas 100 rodadas jogadas em duas campanhas diferentes, algo que para os padrões desses jogos de estratégia não é muito, então vou passar aqui as impressões iniciais com o game até o momento.

Em Three Kindgoms você pode assumir o papel de um dos vários personagens dessa era romantizada, e aqui temos a principal mudança em comparação com outros games da série: há uma grande ênfase  nesses personagens. Não que generais já não tivessem um papel de destaque nos outros jogos, com direito a games inteiros baseados em personalidades, caso de “Napoleon” e “Attila”. Mas além das intricadas relações entre os generais, e as alianças e traições de cada facção, há muito destaque para as personalidades do período, momentos históricos são destacados e além de suas tropas e seus vilarejos, seus governantes e seus familiares também vão ser preocupações constantes na sua administração.

O game acerta ao focar nas personalidades míticas do período dos Três Reinos

A ênfase nas figuras míticas dessa época rendeu inclusive um novo modo, o “Romance”. Nele os personagens históricos ganham muito mais destaque nas lutas, com uma resistência e presença irrealista no campo de batalha. Para quem quer algo mais “pé-no-chão”, o modo tradicional continua sendo uma opção, e aí mesmo os lendários Cao Cao ou Lu Bu precisam andar com uma guarda pessoal no meio da pancadaria. O interessante do modo “Romance ” é que ele habilita os duelos, momentos que dois generais inimigos “batem um x1” em uma luta épica, no meio da bagunça toda, e o vitorioso do conflito tem importantes impactos na moral das tropas na luta.

As trajetórias dos generais e familiares de sua facção ganham destaque e importam muito na evolução de sua campanha

O jogo tem como grande destaque sua complexidade. Cada região é composta por diversos vilarejos que podem receber construções e serem evoluídos para efeitos diversos, e é preciso balancear elementos como produção de riqueza, comida, comércio e manter a felicidade da população. Um erro de cálculo e a fome disseminada por suas províncias (normalmente seguida de revoltas) pode inviabilizar seu império.

A parte estratégica e logística dos exércitos também é bastante desafiadora. As tropas trazem custos de manutenção, precisam de tempo para serem convocadas ou repostas após um conflito, e a quantidade de suprimentos é uma preocupação constante. Se você ficar muito tempo em território hostil sem repor os víveres de suas tropas, ou ficar muito tempo em marcha forçada, começará a perder tropas por deserção.


Mas é na parte de mais ação que o Total War costuma ter seu grande diferencial. As batalhas são dinâmicas e desafiadoras, mantendo muito do consolidado ao longo da série. É necessário um posicionamento e deslocamento preciso das tropas, caso contrário uma infantaria flanqueada pode bater em retirada em pânico e fazer um efeito “dominó” levando seu exército todo à capitulação. É sempre recompensador conseguir contornar a deficiência de  suas tropas disponíveis com talento tático em campo e uso eficiente dos vários fatores envolvidos na luta para virar a balança ao seu favor.

Depois de vários erros no passado, a questão da inteligência artificial parece bem resolvida nesse game

Algo que enfim parece resolvido, pelo menos até o momento do que joguei, foi a inteligência artificial. Ao longo da série, a AI tem sido um dos principais “calcanhares de Aquiles” da franquia, com jogadas horríveis do computador, movendo tropas de forma caóticas ou as vezes até “estacionando” parte das tropas sem usá-las no meio da briga. Em Three Kingdoms a AI está muito mais consistente: move suas tropas em uníssono, ataca de formas mais lógicas e até tenta se defender de ataques de cavalaria pelos flancos.

Na diplomacia a máquina também tem uma estratégia que torna o jogo interessante. Múltiplos fatores vão criando divergências ou empatia entre as facções, e complexas alianças vão se formando ao longo do jogo. Se você cresce muito seu exército, seus vizinhos “sentem” a ameaça e podem passar a agir negativamente em relação a sua facção.

Os gráficos é onde esse jogo mais peca

Os gráficos é onde o jogo tem altos e baixos. As interfaces dos menus, mesmo sendo inevitavelmente bastante pesadas, tem belas artes e estão em uma organização que é fácil de ser entendida, com destaques para a cerejeira com a árvore de evolução tecnológica. Mas o mapa tático e o mapa de batalha, porém, tem gráficos apenas regulares. Se você aproximar demais das tropas, vai ver que não há muita variação nos modelos, algo que a série já fez melhor no passado, e as animações são bastante artificiais, com golpes bem mecânicos e muito “empurra-empurra” entre os exércitos sem animação de combate acontecendo. Não é algo que não compromete, mas ao mesmo tempo os gráficos é algo que está longe de “saltar aos olhos”. Até as cutscenes, como na imagem abaixo, são apenas “passáveis”.

Algo que parece ter retrocedido são as cidades. Mesmo as maiores que invadi ou defendi até o momento tem visual e design sem inspiração, isso mesmo levando em conta games anteriores da franquia, que já contou com fortificações e cidadelas grandes e complexas. Combinado com o visual das batalhas nas locações mais bucólicas como colinas ou florestas, dá para concluir que os gráficos dos cenários ainda tem muito espaço para evoluções.

Os bugs, outro problema que assombrou meus gameplays em jogos anteriores da franquia, até o momento não deram as caras nesse jogo. Com exceção de uma vez que o jogo simplesmente fechou do nada, não tive problemas como crashes ou até saves sendo perdidos (pois é, o histórico é ruim da série Total War). Em termos de desempenho, estamos jogando em um sistema intermediário na configuração FullHD/Ultra. Iremos detalhar melhor a máquina usada no gameplay para a analise no futuro próximo.

A curva de aprendizado do jogo continua bastante longa

Algo que ainda também não foi resolvido na série é a curva de aprendizado. Apesar dos tutoriais e menus explicativos, o jogo ainda é bastante hostil para os iniciantes, e é preciso um bom tempo para entender bem onde está cada coisa, e quais são os vários elementos envolvidos na evolução de sua facção. Ainda vai um bom tempo para um novato “manjar” tanta coisa presente nesse jogo, então iniciantes precisam estar prontos para encarar esse aprendizado.

Ainda vou gastar um tempo no modo multiplayer, para ver como o jogo se sai online, além de ver mais das mecânicas no “late game”, sendo que faltou dois níveis para eu ver como o jogo fica quando você atinge o nível de Imperador na campanha que fui mais longe. Quando tiver tempo o bastante no game, atualizarei esse post com as impressões definitivas.

Com fantasmas de games anteriores superados e com uma das ambientações mais interessantes até o momento, Three Kingdoms tem potencial de ser o melhor da série, até o momento

Mas até o momento, meu parecer é bem positivo. Os gráficos ficam devendo bastante tanto em termos de cenário quanto em animações de combate, mas onde realmente importa esse game se sai muito bem. Suas mecânicas são complexas e interessantes de serem dominadas e exploradas, e a ambientação em um cenário tão pouco explorado (ao menos em produtos culturais com audiência no ocidente) tornam jogar o Three Kingdoms algo muito instigante.

Sem repetir vacilos de jogos anteriores como bugs excessivos e inteligência artificial ruim, esse game tem potencial para ser um dos melhores da série Total War feitos até hoje, e é uma recomendação sem erro para fãs da série Total War ou de jogos de estratégias “cascudos” com muitos sub-menus a serem lidos e mecânicas complexas a serem compreendidas, tudo para tentar chegar melhor no campo de combate. Ou, se não chegar melhor, mostrar seu talento e fazer render os poucos soldados que você tem.

Prós

Jogabilidade complexa e interessante

Belos menus e ilustrações

Ambientação pouco explorada em outros games

Excelente balanço entre a mecânica do Total War e a narrativa da mitologia dos “Três Reinos”

Inteligência artificial bem melhor que a de games anteriores

Contras

Gráficos apenas aceitáveis

Longa curva de aprendizado

Cidades monótonas para batalhas

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