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Embora a ZOWIE seja uma marca consagrada em mouses, ela nunca foi um dos destaques na parte de teclados, até porquê vendia o mesmo teclado desde 2010 até 2017, o primeiro ZOWIE Celeritas, que nada mais era do que uma modificação de um teclado mecânico básico da Datacomp, mesma fabricante que fazia o SteelSeries 6gv2 e 7G.

Eram teclados “bons”, mas “simples demais” e sem nada que justificasse seus preços extremamente elevados, seja em seus recursos (sem iluminação, software ou qualquer adicional) ou em sua qualidade (keycaps ABS, impressão Laser com infill branco, um método bem barato e a tecla desgastava).

Isto “mudou” com ZOWIE Celeritas II, o primeiro teclado iluminado da marca e que possui como diferencial a presença de switches ópticos da Flaretech, os quais prometem “maior durabilidade” e também “resposta mais rápida” que seus concorrentes mecânicos. Além disto, ele é também o primeiro teclado ABNT2 da empresa.

Então, o que o ZOWIE Celeritas II tem de tão diferente de outros teclados além de seu preço na casa dos R$ 1.000? No quê os “switches ópticos” lhe torna superior/inferior a concorrentes? E como ele se compara com concorrentes da mesma faixa de preço ou mais baratos?

É o que veremos a seguir.

Construção Externa

A aparência do ZOWIE Celeritas II é extremamente simples, há algumas boas mudanças, mas o “design base” ainda é baseado no primeiro ZOWIE Celeritas:

A primeira, e mais negativa, é a utilização de um plástico brilhoso (não é emborrachado) igual ao que é utilizado nos mouses da ZOWIE.

Inicialmente ele é extremamente bonito, além de ser bastante confortável ao tato, mas com pouco tempo de uso ele já começa coletar marcas de dedo e acredito que as partes com maior contato com a mão do usuário podem ficar “mais escuras” com o tempo, o que é normal para mouses e teclados com este tipo de acabamento.

Meu ZOWIE ZA12 que o diga…

Não é um grande “deal-breaker”, pois basta apenas limpar, mas há concorrentes onde isto não é necessário e limpar constantemente se torna cansativo.

O ZOWIE Celeritas II parece um teclado “normal”, até que a sua iluminação seja ligada, a qual é bastante forte e bem focada nos caracteres.

É este contraste de simplicidade com modernidade que consegue tornar o ZOWIE Celeritas II um teclado bastante “elegante” na minha opinião.

Seguindo, o verso do teclado é simplesmente idêntico ao primeiro ZOWIE Celeritas. O teclado apresenta quatro pés de borracha e não há nenhuma opção de inclinação, o próprio Celeritas II já é inclinado por natureza. Achei agradável o ângulo dele, mas se isso irá lhe agradar ou não, é uma boa pergunta…

Chegando nas keycaps, o ZOWIE Celeritas II utiliza keycaps ABS com impressão Laser, o que é bastante comum em teclados da categoria “gamer” e usado por concorrentes como Corsair (embora o kit de keycaps vendido avulso seja Double-Shot), Cooler Master (salvo alguns modelos especiais), Logitech, Razer (salvo os teclados brancos, que usam Double-Shot) e outras marcas do setor “gamer”.

É um dos tipos mais baratos de keycaps (perdendo apenas para pad-printing), fica com marcas com pouco tempo de uso, não é muito resistente à ação do tempo e certamente não é o tipo de qualidade de keycap que eu esperaria de um teclado de R$ 1.000.

A única razão pela qual o mercado gamer ainda continua aceitando este tipo de coisa no ZOWIE Celeritas II e em outros “falsos teclados topo de linha” como o Corsair K95 Platinum e Razer Huntsman Elite, é por desconhecer sobre keycaps. É claro que você não vai reclamar quando não sabe do que reclamar.

Em defesa da ZOWIE, digo que a única desculpa que ela pode dar é o ABNT2, pois no momento as opções de keycaps de alta qualidade em nosso layout são extremamente limitadas (apenas o Double-Shot da Redragon, que é bem “meia boca” e possui uma fonte horrível), então atualmente não é possível fazer um teclado com boas keycaps em ABNT2.

Mas, o fato é que até mesmo no modelo americano, o ZOWIE Celeritas II acompanha keycaps que são de baixíssima qualidade para seu preço, então ele será penalizado por isto.

Falando em ABNT2, continuamos a saga aqui de teclados com “Ç errado”, adicionamos a ZOWIE à lista de empresas que erraram a impressão do Ç em seus teclados, lista na qual está a Cooler Master, Havit, Galax, Redragon (embora já corrigiram) e ThunderX3:

No caso, a pessoa que projetou o layout ABNT2 do teclado, se enganou e colocou o “Ç” com o tamanho e posição incorreta (note que o acento circunflexo ” ^ ” está com o mesmo tamanho e altura que ele), um pequeno erro que posso perdoar, mas que não deveria existir em um teclado de R$ 1.000.

Fora isto, o teclado utiliza uma fonte extremamente legível em suas teclas e devido à forma como o switch da Flaretech ilumina as teclas, não foi necessário inverter a impressão do numérico superior e nem deixar todas as impressões na mesma altura, algo que muitos concorrentes fazem atualmente.

A construção externa do ZOWIE Celeritas II seria até adequada se ele custasse metade do seu preço ou menos do que isso, mas é muito aquém do que se espera de um teclado de R$ 1.000.

Embora ele tenha um design bastante interessante, uma fonte extremamente legível e keycaps idênticas às vistas em teclados mecânicos da Corsair e Cooler Master, isto não é o suficiente para sua faixa de preço. As keycaps ABS Laser são de baixíssima qualidade para este valor e o acabamento brilhoso de sua superfície suja com extrema facilidade, por isto ele é penalizado em sua nota.

Construção Interna

O ZOWIE Celeritas II aparenta ser produzido pela Solid Year, a mesma fabricante responsável pelos teclados atuais da Corsair, Cooler Master, GSKILL, Roccat e algumas outras marcas.

Ela é uma das duas maiores fabricantes de teclados mecânicos do mercado e é conhecida por fazer teclados com placas internas extremamente caprichadas e tende a deixar menos resíduos de limpeza do que sua concorrente iOne.

Vamos então depenar ele. O primeiro detalhe, é que embora o acabamento brilhoso usado por este teclado não seja agradável, a qualidade do plástico e até dos engates da parte superior é boa:

Mas, a real surpresa está a seguir. Os teclados com switches ópticos que analisei até agora foram alguns dos piores teclados para desmontar que já vi até hoje, o Motospeed CK98 chega ao absurdo de ser necessário remover os estabilizadores para chegar à PCB.

Já o ZOWIE Celeritas II? A backplate, switches e estabilizadores não estão encaixados na PCB, apenas parafusados nela. Remova os parafusos e tudo sai facilmente:


Feito isto, temos acesso à PCB do teclado:

O primeiro detalhe a ser notado é que há marcações para layouts 104 (Americano), 105 (Europeu, ISO) ou 106BR (ABNT2).

Isso quer dizer que a mesma placa que é usada para fazer o modelo ABNT2, pode também ser usado para fazer teclados no layout Americano ou então no layout Alemão ou Francês (que são layouts dentro do padrão ISO). Já os modelos asiáticos possuem uma placa especial, diferente desta.

Curiosamente o “ABNT2” dele está “errado”, pois o “ABNT2 100% correto” possui 107 teclas, faltou uma tecla adicional no numérico, a tecla “Ponto“.


Pessoalmente não vejo isto como um “problema”, apenas é normal ver a Solid Year fazendo teclados ABNT2 desta forma e é uma boa curiosidade para o público.

Seguindo, embora não exista nenhum resíduo de limpeza nas soldas do teclado (são todas soldas SMD automatizadas), vazou um pouco do lubrificante dos estabilizadores para a placa do teclado nas teclas que possuem estabilizadores. A princípio não há problema nenhum nisto.

E por último, no coração do teclado gerenciando sua iluminação, o registro de teclas e a comunicação com o computador, temos a MCU SONIX SN8F22E889FG.

A construção interna do ZOWIE Celeritas II é perfeita, a Solid Year sempre foi extremamente caprichada nas placas (embora não tanto em suas keycaps e LEDs) e a utilização de switches ópticos só diminui mais ainda a possibilidade de algum problema ocorrer por causa de falhas na fabricação do teclado, por isto ele gabarita este segmento, o que nada mais é do que o esperado para um teclado tão caro.

Switches Flaretech

O ZOWIE Celeritas II é o primeiro teclado com switches da Adomax Flaretech que analisamos e ele é diferente dos teclados ópticos que testamos anteriormente, tal como o Motospeed CK98 (LK Optical) e Gamdias Hermes P2 RGB (Co-Gain Optical).

Flaretech é o nome da linha de produtos, enquanto Adomax é o nome da empresa. O mesmo ocorre no caso dos switches Outemu, que são feitos pela Gaote.

O Flaretech Red utilizado no ZOWIE Celeritas II é diferente de switches “Red” comuns. Na verdade, ele é mais semelhante a switches Black em sua resistência e a impressão ao digitar, é estar usando uma Cherry MX Black lubrificada.

Qual a minha opinião sobre isso?

ATENÇÃO: A OPINIÃO ABAIXO É SUBJETIVA, A SUA EXPERIÊNCIA E OPINIÃO SOBRE ESTES E OUTROS SWITCHES PODE SER DIFERENTE DA MINHA

Excelente! Não tenho medo de dizer ao público que já estava criando um “asco” por switches Red e que odeio eles para digitação. Já a Cherry MX Speed pegou tudo o que mais odeio da Red e fez ela ficar ainda pior graças ao ponto de ativação menor, fazendo com que o WASD acione apenas deixando os dedos em cima.

Fazem 5 anos desde a última vez que fiz análise de um teclado com switch “Black” e a coisa estava tão ruim que cheguei a pensar que eu odeio switches lineares. Felizmente o Flaretech Red mudou completamente minha opinião sobre switches lineares, eles podem sim ser bons, desde que tenham a resistência adequada, o que certamente é o caso dele.

O Flaretech Red é um pouco mais leve que a Cherry MX Black e um tanto mais resistente que a Cherry MX Red, encaixando neste “meio termo”. É um switch que pode ser usado em jogos sem causar fadiga alguma, diferente da Black, e também pode ser usado para digitar textos sem causar nenhum “Miss Click” pois as teclas não são excessivamente leves igual a Red. É o “meio termo perfeito” e quero muito que switches como este e similares se popularizem.

Supostamente os switches Gateron Black também são similares em suas características e agora tenho curiosidade de testá-los, pois o Flaretech Red conseguiu restaurar minha fé em switches lineares.

A construção interna do Flaretech aparenta ser “simples”, ele possui até menos peças do que o LK Optical (embora isto não o torne pior), mas há uma peça extremamente complexa no seu interior. Vamos introduzir ele por partes, primeiro temos as carcaças externas e o duto de luz, que serve apenas para transmitir a luz que vai iluminar a tecla.

Também podemos ver acima a peça que contém as lentes e o refletor do switch, mas vamos discutir sobre ela depois.

No verso da carcaça inferior, encontramos três buracos. O buraco embaixo na direita é o buraco pelo qual a luz do Emissor Infravermelho irá passar, enquanto o buraco menor da esquerda é por onde a luz chegará ao Sensor Fotossensível. No topo, temos o buraco pelo qual a luz do LED irá passar para iluminar a tecla.

Na PCB, vemos cada uma das peças encaixar nestes buracos, o Emissor Infravermelho I15, o Sensor Fotossensível K15 e o LED RD5. Cada peça no teclado possui uma numeração diferente.

Em seguida, temos a mola responsável pelos 55g de força do switch, e a razão para eu preferir este teclado do que qualquer outro MX Red da minha coleção:

Agora temos o Slider do teclado, o encaixe para a keycap e também a peça responsável por estabilizar e manter tudo no lugar. Um diferencial dos switches da Flaretech, é o que “prisma” que irá refletir a luz do Emissor para o Sensor Fotossensível, é apenas um pequeno pedaço de plástico transparente cortado no próprio Slider, o que é muito diferente do acionamento de outros switches ópticos do mercado.



Mas a real razão da “complexidade” deste switch, a razão de seu preço elevado e que lhe torna diferente de outros switches ópticos, é justamente a menor peça dele:

Para possibilitar que a luz seja refletida no interior do switch, são utilizadas duas lentes e um refletor, peças extremamente pequenas e que segundo a Adomax, são feitas por uma empresa terceirizada especializada em lentes.

Destas, a mais curiosa de todas é o Refletor, que parece uma série de “escadas”

A luz enviada pelo emissor infravermelho passa pelo refletor, e dependendo a posição do prisma, uma quantia maior/menor de luz acaba sendo refletida para o sensor fotossensível




Créditos das imagens para Chyrosran22

Isto é completamente diferente e muito mais complexo do que os LK Optical, Razer Opto-Mechanical, Co-Gain Optical ou qualquer outra solução óptica do mercado.

Dependendo a posição deste prisma, a intensidade da luz pode aumentar/diminuir, e o sensor fotossensível é capaz de detectar estas diferenças e transmitir elas para a controladora, a qual pode converter isso em um sinal analógico do Xinput. Ou seja, pode fazer o WASD e outras teclas se tornarem sensíveis à pressão:

YouTube video

Este é um sistema ridiculamente complexo e está é a razão pela qual os switches Adomax Flaretech são até mais caros do que os Cherry MX. Caso quiserem saber ainda mais sobre estes switches, recomendo assistir este vídeo:

YouTube video

Atualmente, apenas a Wooting e a Cooler Master estão investindo na tecnologia de teclas sensíveis, mas é interessante saber que o ZOWIE Celeritas II poderia ter o mesmo se a ZOWIE tivesse interesse em implementar isto.

Se a ZOWIE tivesse trabalhado para implementar este recurso, pelo menos eu poderia dar uma razão para este teclado estar custando na faixa dos R$ 1.000. Infelizmente desperdiçaram esta oportunidade.

O Celeritas II não possui WASD sensível a pressão, mas se a empresa quisesse, seria possível implementar a tecnologia

Notem porém, que sensibilidade a pressão não é uma exclusividade deste switch, sistemas Hall Effect são capazes de fazer o mesmo com maior precisão, maior durabilidade e estão presentes nos gatilhos do controle do Xbox One e também em alguns teclados antigos e até modelos recentes, embora nenhum deles tenha teclas sensíveis à pressão.

Também, é possível fazer isso até mesmo em switches mecânicos (Cherry, Gateron, Outemu, Razer, Romer-G, etc…) usando sensores magnéticos na PCB do teclado, embora está ocorrendo uma “batalha legal” devido a diversas patentes que estão impedindo esta tecnologia de avançar.

A única coisa impedindo teclados com WASD sensíveis a pressão de se popularizarem, são várias patentes que até agora nunca foram usadas para esta finalidade

Mas então, se o Flaretech do ZOWIE Celeritas II não oferece sensibilidade a pressão, o que ele oferece? Basicamente o mesmo que maioria dos switches ópticos do mercado.

Em primeiro lugar, não há como ocorrer o “problema de Double-Click” em switches ópticos, o sinal de ativação é muito mais limpo, não há “registros falsos” ocasionados pela deterioração do metal no interior e o sistema é encapsulado para impedir que sujeiras entrem em contato com o emissor ou sensor fotossensível.

Um efeito colateral da ausência do “problema de Double-Click“, é que não é necessário ter o Debounce Time, um pequeno atraso inserido em switches mecânicos para que o teclado/mouse registre o acionamento apenas após o switch “estabilizar”, o que previne o Double-Click. Este é um atraso de apenas alguns milissegundos.

Já que pode-se retirar o Debounce Time, a resposta de switches ópticos no geral acaba sendo “mais rápida”, embora na prática seja muito difícil notar alguma diferença, pois são apenas alguns milissegundos.

Não é por usar “Luz” ou “Laser” que switches ópticos são mais rápidos, mas devido à ausência do Debounce Time.

O único tipo de jogo onde esta diferença talvez possa ser sentida, seja em alguns jogos de ritmo. Cheguei a testar alguns com o Celeritas II e ele responde ridiculamente bem, mas não consigo tirar uma resposta conclusiva disto e não consigo ver grande vantagens em outros jogos.

Outro recurso interessante de alguns switches ópticos e que o Flaretech possui, é que parte dos switches é removível e pode-se trocar ela:

Os principais componentes do switch não estão presentes na carcaça, então teoricamente você pode trocar ela por outras carcaças da Flaretech a seu gosto, seja variantes Blue, Red, Black… Mas, precisam ser switches da Flaretech, outros não irão funcionar.

E isso pode ajudar muito se por acaso cair refrigerante nas teclas e elas começarem a ficar “grudando”, basta apenas trocar por outras, fora que abrir elas e realizar reparos é bem fácil.

Então switches ópticos são mais rápidos, não possuem double-click, são resistentes a poeira e possuem uma durabilidade de 100 milhões de cliques, o dobro que teclados mecânicos? Eles não possuem nenhum problema?!

Aí está o problema de switches ópticos, essa coisa de “durabilidade de 100 milhões de cliques” é conversa fiada. Um switch óptico pode alcançar muito mais ou muito menos do que isso.

Switches ópticos dependem de duas principais peças, o Emissor de Luz (normalmente um LED infravermelho, mas algumas empresas já tiveram a ideia “jênial” de usar o LED RGB) e o Sensor Fotossensível, das quais a mais propensa a ter problemas com o tempo é o Emissor/LED.

Todo LED possui uma vida útil, a qual é calculada em horas. Ele vai estar desgastando independente de você estar usando ou não, para ele desgastar basta apenas ele estar ligado, e ele vai estar sempre ligado.

A durabilidade de um switch óptico deveria ser calculada em horas de uso, não em milhões de pressionamentos

O principal argumento que algumas pessoas possuem contra switches ópticos, é que não se sabe se em um período de, por exemplo, “10 anos”, eles ainda estarão funcionando, mesmo que o teclado tenha sido pouco usado. Esta é uma tecnologia nova, possui apenas 4 anos no mercado (ainda menos para o caso dos switches da Flaretech) e embora a durabilidade no “curto prazo” seja maior do que muitos switches mecânicos, não se sabe quanto ao longo prazo.

LEDs tem a tendência de queimar com o tempo, enquanto contatos mecânicos tem a tendência de falhar com a degradação causada pelo uso e pelo ambiente, mas mesmo assim é comum ver bons teclados mecânicos durarem 10, 20, 30 anos e ainda continuarem no serviço, enquanto switches ópticos podem durar menos do que isso devido à vida útil do LED, a qual nenhuma fabricante de switches ópticos menciona.

Outro forte argumento, é que quando teclados mecânicos falham, em alguns casos basta apenas limpar, já em outros é necessário trocar o switch, mas sempre haverá uma forma de reparar o teclado devido à presença de peças para reposição no mercado, algo que não existe para switches ópticos.

Claro, não é comum ver o público gamer usar o mesmo teclado por longos períodos, ainda mais em um mercado onde qualquer nova frescura já justifica o lançamento de um novo modelo de teclado, mas estas são as principais razões porquê o público entusiasta não está tão interessado nesta tecnologia quanto o público gamer.

Recursos e Extras

O ZOWIE Celeritas II é o primeiro teclado mecânico iluminado da ZOWIE, e será que ele possui algo de especial nessa iluminação? Sim, ele possui.

Ele utiliza os switches Flaretech, os quais possuem uma “Slider” (encaixe) transparente, o que permite que uma quantia maior de luz seja distribuída no interior da tecla.



Isto permite que o “centro” da keycap e especialmente a parte inferior dela fiquem um pouco melhor iluminados do que teclados com switches Cherry MX e outros switches baseados neles, mas ainda assim é visível uma diferença entre as partes superior e inferior, essa ideia ajuda, mas não dá pra exigir um “milagre” também.

Agora, o que realmente o ZOWIE Celeritas II possui de especial, é que este é um dos únicos e extremamente raros teclados mecânicos iluminados que são capazes de trabalhar pelo conector PS/2.

E por que diabos alguém gostaria de usar o conector PS/2 quando há a USB? Bom, a desculpa “oficial” é que o PS/2 é um protocolo “mais rápido” que o USB, pois ele envia dados diretamente ao processador sem nenhum intermédio. Verdade na teoria, indiferente na prática.

Agora, um uso real e interessante, é para overclock extremo. Segundo o overclocker “der8auer em seu vídeo onde atingiu 7.6 GHz usando o i9-9900k, quando o computador opera em voltagens muito alteradas, e especialmente quando ele é submetido a baixíssimas temperaturas, algo comum de acontecer é a controladora USB parar de funcionar, o que inutiliza qualquer coisa conectada nela.

Neste caso, a única salvação para continuar utilizando o computador, é utilizar periféricos PS/2, já que estes se comunicam com o processador diretamente. E sim, por isso que placas-mãe “High-End” ainda possuem o conector PS/2.

Voltando ao Celeritas II, quando ele é utilizado pela conexão PS/2, também é possível ajustar a “taxa de repetição de teclas“, que é a velocidade que as teclas repetem ao segurar elas:

Ou seja:

  • Segurar K por 1 segundo via USB: kkkkkk
  • Segurar K por 1 segundo em 1x via PS/2: kkkkkkkkk
  • Segurar K por 1 segundo em 8x via PS/2: kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Conectada pela PS/2, até o valor “1x” é mais rápido que na USB. Este recurso não surte nenhum efeito em jogos, apenas aumenta a repetição de teclas, o que pode ser um problema quando você utiliza alguns atalhos do Windows, já perdi a conta de quantas vezes fui fechar uma janela apertando “CTRL + W” e o Celeritas II acabou fechando duas ou três janelas, e foi isto que me fez optar por preferir a conexão USB com este teclado.

Também, outro efeito colateral da utilização da conexão PS/2, é que a iluminação não desliga ao desligar o computador, enquanto ele é capaz disso no modo USB.

Claro, o mesmo pode acontecer com periféricos USB caso eles não tenham uma controladora capaz de detectar quando o computador é desligado ou caso a opção “Always On USB” esteja ligada na BIOS do seu computador, mas realmente a única forma de “desligar” a iluminação do Celeritas II quando ele está no modo PS/2, é diminuindo o brilho nele mesmo.

Isto não é nenhum “defeito” e nem considero “falha” do teclado, é a forma como a própria conexão PS/2 trabalha, e se isto ou a taxa de repetição maior lhe incomodam, basta apenas usar o teclado no modo USB.

Falando nisso, o número de recursos que o ZOWIE Celeritas II possui são poucos, mas é basicamente o essencial:

  • Teclas Multimídia usando FN nas teclas F1 ao F6
  • Controle de Brilho nas teclas F7 e F8, curiosamente F7 aumenta o brilho e F8 diminui, o que não faz muito sentido, mas acostuma após um tempo
  • Ajuste de taxa de repetição nas teclas F9 ao F12
  • Bloqueio da tecla Windows via “FN + Windows”

O teclado não possui indicadores para as teclas Caps Lock, Num Lock ou Scroll Lock. Ao invés disso, o LED fica branco quando estas funções estão ativas, o que é bastante intuitivo.

Enfim, o número de recursos que o ZOWIE Celeritas II possui é interessante, o fato de ser um dos únicos teclados mecânicos iluminados capazes de operar via PS/2 é um diferencial e o restante é apenas o básico e essencial, o que deveria ser o suficiente.

Mas, se o Celeritas II não justifica seu preço na sua construção, ele deveria justificar seu valor em seus recursos, algo que concorrentes da Razer e SteelSeries conseguem fazer parcialmente devido à presença de software, iluminação RGB com efeitos avançados, macros e outros extras.

A ZOWIE poderia ter feito isso, o Flaretech foi projetado especialmente para permitir sensibilidade nas teclas, o que poderia ser muito interessante e nenhum outro teclado vendido no Brasil possui, mas ela desperdiçou esta oportunidade.

Não há nada errado em um teclado caro ser simples em seus recursos, mas para isso ele precisa se destacar na qualidade de sua construção, o que é o caso de teclados como o Ducky One 2, mas não é o caso do ZOWIE Celeritas II.

Conclusão

{notas}

O ZOWIE Celeritas II é um bom teclado. Excelente? Não. Topo de linha? Não. Justifica seu preço na casa dos R$ 1.000? Também não.

A utilização de switches ópticos é extremamente interessante, pois são switches que não apresentam o problema de Double-Click e por isto não possuem o atraso de Debounce, o que lhe torna “mais rápido”, mas é extremamente difícil notar a diferença na prática.

Ao mesmo tempo, eles prometem uma maior durabilidade que switches mecânicos, “durabilidade de 100 milhões de cliques”, mas isto é conversa fiada, a durabilidade de qualquer switch óptico é até o Emissor do switch queimar, e infelizmente nenhuma fabricante divulga esta informação, a qual deveria ser medida em horas de uso.

O fato porém, é que os switches Flaretech são extremamente interessantes, o Flaretech Red responde igual uma Cherry MX Black lubrificada (e ao meu gosto é MUITO melhor que qualquer outro Red), é um switch onde seus caracteres ficam melhor iluminados devido ao slider transparente, ele utiliza componentes de alta qualidade e foi extremamente bem planejado, mas foram desperdiçados pela ZOWIE por não ter implementado a sensibilidade a pressão deles.

Não há como saber a “durabilidade exata” destes switches, mas eu teria fé neles considerando o capricho da Adomax Flaretech no design deles. Mas, não posso prometer o mesmo para outras fabricantes de switches ópticos, então tomem bastante cuidado para não comprarem teclados com switches ópticos de marcas desconhecidas, pois podem acabar levando gato por lebre.

Estes switches são ótimos e até um pouco mais caros que switches da Cherry, mas eles justificam os R$ 1.000?

Se a ZOWIE tivesse implementado teclas sensíveis a pressão, as quais este switch permite, talvez haveria uma desculpa, mas não fizeram isso, desperdiçaram uma tremenda oportunidade. Então, não.

Então o ZOWIE Celeritas II deve ter keycaps de alta qualidade e um acabamento caprichado assim como os teclados da Ducky? Também não, o acabamento fica cheio de manchas com pouco tempo de uso, a qualidade das keycaps é baixíssima para o preço, e um teclado da Ducky com qualidade superior custa quase metade.

Aliás, mesmo comparando com outros teclados que usam switches ópticos, embora eu não goste do design do Motospeed CK98 de R$ 290, tenho que admitir que ele não é inferior ao ZOWIE Celeritas II. Claro, o switch LK Optical é muito mais simples, mas a ZOWIE não tirou proveito do Flaretech, então não faz diferença.

O preço ainda é o maior problema do ZOWIE Celeritas II e o dos periféricos da ZOWIE no geral. Não sei se isso ocorre devido à empresa não possuir um bom canal de importação para o nosso país, se é devido a uma tabela de preços baseada nos teclados da Razer ou se é para bancar o extremo gasto que a empresa possui em marketing, especialmente de eventos, mas certamente não há nada que justifique R$ 1.000 neste teclado. Nem a desculpa de “impostos” desce.

Prós

ABNT2

Não há como ocorrer o problema de “double-click” em switches ópticos

Switches parcialmente removíveis

Switches ópticos com resposta mais rápida devido à ausência do Debounce Time

Um dos únicos teclados mecânicos iluminados capazes de operar via PS/2

Contras

Acabamento brilhoso fica cheio de manchas com pouco tempo de uso

Keycaps de baixa qualidade para sua faixa de preço

Não há nenhuma justificativa em seus recursos e nem no seu nível de qualidade para seu preço

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