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Darksiders 3 tem algo de romântico em sua criação. A série nunca “estourou” em sucesso, mas contava com dois títulos competentes que conseguiram reunir uma boa quantidade de fãs bem apaixonados. Fãs que viram com desespero a produtora do game falindo e tentaram manter as esperanças como puderam de ver uma sequência e, quem sabe, uma conclusão para a história que começou a ser contada. Anos de torcida e pressão depois, temos Darksiders 3, assinado pela renovada THQ Nordic. Será que a espera e a apreensão valeram a pena? Vamos ver na análise.

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História e Ambientação

A franquia Darksiders tem uma certa originalidade bem interessante. Os jogos adotam um estilo “quadrinhos dos anos 90“, com as vantagens e desvantagens trazidas por isso. O jogo abraça o formato e diz “é pegar ou largar” e eu respeito esse tipo de posicionamento. Mas, por mais que eu admire o formato, é um tanto cansativo em 2018 dedicar tantas horas num game tão linear e raso em sua narrativa. 

O destaque aqui vai pra protagonista, Fury, que tem seu nome traduzido como Cólera pela equipe de localização do jogo. Ela tem uma atitude direta e desinteressada no início do jogo, mas seu jeito de ver as coisas vai sendo desafiado ao longo do desenrolar da história e podemos ver um nítido desenvolvimento e amadurecimento da personagem, algo que é sempre bem-vindo nesse estilo de enredo. Cólera começa o game extremamente arrogante a respeito de seu poder, algo que chega a ser irritante porque “na hora do vamos ver”, em que temos que jogar e matar monstros, as habilidades da personagem não são nada impressionantes. Conforme vamos nos fortalecendo, encontrando novas armas e habilidades, ela também vai amadurecendo em sua atitude no desenrolar da história. O contraste fica muito interessante.

A jornada pessoal da protagonista é a melhor parte de uma história um tanto fraca

Esse desenvolvimento da Cólera é a melhor parte do enredo porque humaniza a personagem. As outras partes da história seguem o caminho contrário. Toda a conspiração envolvendo o paraíso, o inferno e o apocalipse acaba sendo algo tão distante da realidade que é difícil encontrar algo para se identificar ali. Pra piorar, toda a história é contada de maneira expositiva, os personagens sentam e conversam, diversas vezes sobre eventos que aconteceram há muito tempo, o que torna a experiência um tanto tediosa às vezes. E há mais buracos na narrativa do que dá pra perdoar, mesmo para uma história descomprometida. E esses buracos aparecem principalmente quando acontece um plot twist, o que é bem problemático, porque dá uma estragada em momentos que deveriam ser épicos ou memoráveis. 

NOTA: O lore de Darksiders, englobando todos os jogos, é vasto e complexo, com alguns elementos bastante interessantes que merecem muitos elogios, no mínimo, por sua grande criatividade. A crítica nessa análise se refere unicamente ao enredo e desenrolar da narrativa neste jogo específico, da maneira que é contada.

Jogabilidade

A primeira coisa que me chamou a atenção em Darksiders 3 é que o jogo é bastante desafiador. Como mencionei na parte da história, Cólera começa o game relativamente fraca e desviar dos ataques dos monstros, que tiram grande quantidade de vida, exige muita precisão. Os cenários adotam também um sistema de checkpoints para seu avanço, o que torna a experiência mais difícil e, muitas vezes, frustrante.

Até aí não reclamo, na verdade acho ótimo. É bem-vindo um hack'n'slash que exige alguma dedicação do jogador e não é só macerar os botões atropelando hordas de inimigos. O problema surge quando começam a enfiar Dark Souls no meio. E não, essa não é apenas mais uma comparação “é que nem Dark Souls” que surge em qualquer jogo mais difícil. É nítida e visível a influência da franquia da FromSoftware em Darksiders 3. 

A “moeda” deste game são os lurchers, que você usa para aumentar seu nível e comprar itens. Eles são conseguidos ao matar inimigos e também recolhendo itens, que são pacotes de lurchers, pelo cenário. Quando sua personagem morre, ela perde todos os lurchers que tinha e volta para a última bonf… digo, loja. Os itens são mantidos. Se você chegar novamente ao local onde morreu, os lurchers perdidos estarão ali para serem recuperados. Soa familiar?

Nem toda inspiração de Dark Souls é bem-vinda

A ideia de trazer esse tipo de mecânica, no papel, não é tão ruim, mas na prática não funciona. Isso porque um hack'n'slash e um souls-like, mesmo que possam parecer semelhantes para algumas pessoas, são gêneros diametralmente opostos. Jogos de hack'n'slash são experiências de empoderamento do jogador, enquanto games souls-like são o contrário, de desempoderamento. O resultado é como se fosse um “cabo de guerra” entre mecânicas antagônicas do game, uma sempre atrapalhando a outra de realmente brilhar. 

As mecânicas focadas na ação merecem elogios, principalmente depois que liberamos as novas formas e armas para Cólera. É divertido usar suas diferentes habilidades não só nos combates, mas também nos puzzles para passar certos trechos do cenário, e aqui temos uma influência bem-vinda de Dark Souls: level design de qualidade. Todo o cenário se integra e dá pra visitar todas as áreas depois de abertos os caminhos, o que ficou muito bem construído. O jogo recompensa, inclusive, a revisitação de áreas antigas com novas habilidades, que vão permitir acessar áreas ocultas com itens extras e outros segredos.

A variedade de habilidades é muito boa, mas demora pra aparecer

Mas essas qualidades, infelizmente, demoram muito a aparecer. O começo do jogo é um tanto “arrastado” e repetitivo antes de você conseguir as novas formas para a heroína. Eu diria que Darksiders 3 é mais longo do que precisa e teria feito bem em cortar alguns pedaços do início, para liberar as habilidades mais rápido e não demorar tanto para trazer mais variedade e dinamismo ao gameplay. Com certeza há diversos trechos de andar e bater nos mesmos inimigos que não fariam falta alguma.

Gráficos

Seguindo seu estilo “quadrinhos dos anos 90”, os personagens de Darksiders 3 poderiam muito bem ter sido desenhados pelo próprio Rob Liefeld, a começar pelo Guerra que tem um peitoral tão largo quanto um cavalo de lado. E essa estética significa que a armadura da protagonista do jogo tem salto alto, claro.

Mas esse é um estilo, uma escolha deliberada. E com uma estética assim permeando todo o jogo, temos realmente a sensação de estar jogando uma história em quadrinhos, o que é muito bacana. Os cenários são bem variados e alguns deles genuinamente bons, com um extenso trabalho no detalhamento, garantindo uma ambientação diferenciada, original. O mundo pós-apocalíptico tomado por criaturas do inferno e do paraíso é muito criativo e o conceito funciona bem na maior parte do tempo.

A estética é ótima, mas não esconde alguns problemas da técnica

O design dos personagens também merece seus elogios. É verdade que não sou fã do “estilo Liefeld”, mas há muita variedade e grande riqueza de detalhes que não posso deixar de elogiar. Os Sete Pecados, os chefes do jogo, receberam uma quantidade de trabalho louvável, que contribui muito pra dar mais personalidade para cada um deles. É legal seguir o jogo na expectativa de como vai ser a aparência do próximo Pecado (se você não procurou no Google ainda). E quero deixar meu elogio aqui também para o cenário das profundezas, quando estamos perseguindo a Gula, uma grata surpresa que deu uma boa mexida na estética dos cenários.

O estilo artístico contribui também para dar algo de atemporal ao jogo. Do ponto de vista técnico, os gráficos não são surpreendentes e estão até defasados em relação ao que vemos sendo lançado atualmente, só que isso é bem disfarçado pelo estilo do desenho, o que é bom. Ainda assim, seria interessante ver alguns efeitos especiais melhores, mais bonitos, aplicados ao combate, às magias, etc. Essa parte se beneficiaria bastante de um trabalho técnico um pouco melhor. Sem falar das animações faciais, que quando são feitas na engine são bem defasadas, fazendo os personagens parecerem bonecos mexendo apenas a boca.

Áudio

Darksiders 3 faz um trabalho competente com sua parte de áudio, mas nada para ficar se gabando. A trilha sonora é boa, composta em grande parte por músicas épicas, o que casa perfeitamente com a temática e estética do jogo. O trabalho de efeitos sonoros também está muito bom, garantindo bastante imersão no jogo. Algo especialmente importante num game nesse estilo são os efeitos dos ataques, impacto, explosões, etc. Ficaram muito bons e ajudam a tornar a experiência satisfatória durante o combate.

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A direção de dublagem que poderia ser melhor. Os dubladores fazem um bom trabalho e são comprometidos com seus papéis, mas o resultado final é um tanto monotemático e monótono. Ou são vozes retumbantes cheias de raiva e decisão, ou coisas finas cheias de malícia e mistério. Nada chega a chamar a atenção ou realmente acrescentar à personalidade dos personagens. Fica aqui um elogio pro dublador da Preguiça, que fez um ótimo trabalho e possivelmente o único diferenciado em todo o jogo. E é uma pena que não tenhamos uma localização em português para a dublagem, mas ao menos os textos e legendas são todos traduzidos.

Existe um hack'n'slash muito bom dentro de Darksiders 3. É uma pena que ele fique escondido embaixo de um começo vagaroso e repetitivo, segurado por mecânicas que não funcionam bem com o restante do gameplay e desenvolvido por uma história fraca. Ainda assim, mesmo com suas dificuldades, esse hack'n'slash consegue encontrar alguns momentos para brilhar e certamente vai satisfazer alguns de seus jogadores, especialmente fãs de longa data da franquia que pensaram que nunca mais veriam um Darksiders.

Darksiders 3 deve agradar os fãs da franquia e jogadores ávidos por mais um hack'n'slash

Quem tiver paciência para passar pelo início cansativo e frustrante do game, vai descobrir alguma diversão na variedade de habilidades, armas e upgrades para Cólera. Eu recomendaria Darksiders 3 apenas para fãs da franquia e para os jogadores ávidos por um novo hack'n'slash que já terminaram outros títulos melhores atualmente disponíveis no mercado. E para todas as pessoas eu realmente sugiro esperar uma promoção.

Prós

Boa variedade de habilidades e upgrades

Level design de qualidade

Mecânica focada em chefes

Ótima ambientação e bonitos cenários

Contras

Elementos de souls-like e hack'n'slash entram em conflito

História fraca e com buracos

Começo lento e tedioso

Mais longo que o necessário

Conclusão

{notas}

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