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PC Games

ANÁLISE: Call of Duty: Black Ops 4

Call of Duty: Black Ops 4 marca a quinta colaboração da Treyarch com a Activision dentro da série de tiro em primeira pessoa com temática militar com as melhores vendas da história dos games. Ele marca a primeira vez – com exceção de spin-offs – que um jogo da série é lançado sem um modo campanha com uma história original.

Para compensar isso, o jogo traz uma imensa quantidade de conteúdo multiplayer, que tem sido o ponto alto da franquia desde o fim do arco de história Modern Warfare, e que já era um dos principais motivos para jogar a série na época. Além das modalidades online tradicionais da franquia, Black Ops 4 implementa o inédito modo Blackout, que nada mais é do que a versão Call of Duty do formato Battle Royale popularizado por PUBG e Fortnite. Se isso é o suficiente para justificar o preço de R$ 200 do game, você confere na análise abaixo.

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Blackout: o modo Battle Royale


Modalidade ao estilo de PUBG é carro chefe de Black Ops 4

Não tem como esconder: todo o marketing e as decisões em torno de Call of Duty: Black Ops 4 comprovam que o modo de Battle Royale do game, Blackout, é a principal opção de jogo disponível. Tanto que restam poucas dúvidas de que o trabalho de otimização necessário para realizar um projeto tão grande em cerca de um ano foi o grande responsável pela ausência de uma campanha single-player. Fica claro que o objetivo da distribuidora Activision com Blackout é promover o mesmo que a Epic Games fez em Fortnite: pegar a fórmula e imenso sucesso de PUBG e reproduzi-la com maior qualidade técnica e menos bugs para atrair seu público.

Diferentemente de Fortnite, porém, o modo Battle Royale de Black Ops 4 não se diferencia tanto assim de PUBG. Não há uma mecânica única como a de construção, por exemplo, mas é possível coletar os perks dos 10 especialistas do jogo entre as armas e itens presentes no chão. Isso, junto com o armamento futurista da sub-franquia Black Ops, traz uma certa diferenciação dos seus concorrentes do gênero. Mas a grande diferença mesmo está na parte técnica.

Enquanto PUBG depende de usar uma grande quantidade de assets comprados na loja da Unreal Engine 4 e que se repetem por todo o mapa, Blackout se dá ao luxo de ter maior variedade. Isso porque a Treyarch fez seu campo de batalha com base em cenários de multiplayer de jogos anteriores da franquia. Claro que ainda há repetitividade – não dá para fazer um mundo aberto no nível de GTA em menos de 3 anos – mas ainda assim é muito diferente cair no cenário devastado de Nuketown Island do que é na Fracking Tower, por exemplo.

Enquanto PUBG repete assets da Unreal Engine 4, Blackout se dá ao luxo de ter maior variedade

A jogabilidade mais rápida e dinâmica de Call of Duty contribui para uma experiência de Battle Royale mais satisfatória, sem tantos daqueles impasses de PUBG onde um jogador não consegue matar o outro e a situação leva vários minutos para se desenrolar. É legal notar que Blackout adota a mecânica de bullet drop (onde a bala vai caindo por causa da gravidade), algo que não está presente em outras modalidades. Isso traz um novo dinamismo que é muito bem vindo aos confrontos, que num Battle Royale costumam se dar em longas distâncias.

No final das contas, Blackout não consegue apresentar o suficiente para se distanciar de PUBG, oferecendo uma experiência que é em geral muito similar. As únicas vantagens em relação ao seu principal concorrente estão na maior qualidade técnica (especialmente nos consoles) e sua presença no PlayStation 4. No PC, a situação é um pouco mais complicada, algo que vou explicar no capítulo “A parte técnica”.

Multiplayer Tradicional


Mais do mesmo, o que hoje já não é muita coisa

Se tem uma parte de Black Ops 4 que decepciona é o modo multiplayer tradicional. Talvez a Treyarch tenha focado demais no modo Blackout que esqueceu de dar um carinho para outras opções de jogo, mas o resultado é algo abaixo da tradição de uma franquia como Call of Duty, se é que isso ainda representa algo depois de tantos lançamentos decepcionantes como Ghosts, Infinity Warfare e WW2.

A coleção de mapas oferecidos até que traz uma quantidade aceitável de novidades, com 10 cenários originais e apenas 4 que já apareceram em outros jogos da franquia. A situação é mais crítica quando se tratam dos especialistas, personagens selecionáveis que possuem habilidades diferentes. Apenas 4 deles são inéditos e 6 retornam de Black Ops 3. Eles não possuem o mesmo carisma, nem os diferencias dos heróis de Overwatch, por exemplo, tornando sua escolha muito menos relevante para o resultado final da partida.

Apenas 4 especialistas são inéditos e 6 retornam de Black Ops 3

Há até uma tentativa de história single player através dos tutoriais do game, onde você aprende as particularidades de cada um deles e também sobre as regras dos modos de jogo disponíveis no multiplayer tradicional. É uma pena que o enredo contado não tem a menor coerência e não faz o menor sentido. Há ainda uma tentativa de plot twist sem pé nem cabeça no final, que apenas serve como uma justificativa e pano de fundo para as batalhas multiplayer que você irá disputar sem oferecer qualquer resolução para estes conflitos. O que era para ser uma ponte entre o final de Black Ops 2 e o começo de Black Ops 3 acabou sendo uma encheção de linguiça sem muito a acrescentar.

Zombies


Mais casual, modo acrescenta pouco para quem não jogará com os amigos

Desde que a Treyarch se encontrou com o modo Nazi Zombies em Call of Duty: World at War há exatos 10 anos, eles nunca mais abandonaram a fórmula, que esteve presente em todos os games do arco de história Black Ops. Portanto, não espere grandes novidades. Você atira nos zumbis e tenta sobreviver a qualquer custo, conforme ondas e mais ondas, cada vez mais numerosas e poderosas, de mortos-vivos se oferecerem frente à mira de sua arma.

O modo de jogo é cooperativo para até 4 jogadores, o que vale muito mais a pena se você tem amigos para compartilhar a experiência. Há uma variedade de armas impressionante para se comprar com os pontos in-game espalhados nos mapas e não há como negar o apelo de uma partida casual onde você mata um sem número de zumbis com seus companheiros. Mas não há muito mais que Zombies possa oferecer em Black Ops 4.

A edição deste ano trouxe 4 mapas inéditos, que também são os únicos que você pode jogar. Dois deles continuam o arco de história Aether, que segue a partir dos jogos anteriores da franquia. Entre eles está Blood of the Dead, uma reimaginação do mapa Mob of the Dead de Black Ops 2, e também se passa na prisão de Alcatraz, nos Estados Unidos. Uma nova campanha chamada “Chaos” traz 4 personagens inéditos para o modo de jogo, com destaque para o mapa IX. Ele se passa numa arena de gladiadores localizada no Império Romano no ano 80 a.C. e tem uma caracterização bem diferente em comparação com o resto do jogo, trazendo uma arquitetura própria da Idade Antiga e milhares de NPCs nas arquibancadas.

O mapa IX se destaca pela sua caracterização bem diferente em comparação com o resto do jogo

A Treyarch ainda introduziu um sistema de elixires com habilidades como dobrar o tempo de duração dos perks ou queimar zumbis que tocarem em você. A segunda novidade são sistemas de talismãs, que nada mais são do que uma nova versão dos perks. Nada disso é suficiente para fazer o modo ser divertido por si só, mas é uma experiência que ganha vida quando você está com seus amigos.

A parte técnica


Gráficos decentes e áudio competente, mas que estão atrás da concorrência

Lançado em 2018, ou 5 anos após a chegada dos consoles de atual geração, Call of Duty: Black Ops 4 é a primeira chance que a Treyarch teve de trabalhar exclusivamente com PS4 e Xbox One (além do PC), sem precisar se preocupar com algum sistema da geração passada. Para tanto, eles usam uma versão atualizada da IW Engine 7.0 que se beneficia de técnicas modernas como renderização baseada em física e – de maneira essencial para Blackout – melhorias no streaming de texturas e na transição entre diferentes níveis de detalhe.

O resultado disso é um jogo bastante colorido para os padrões da série Call of Duty, o que tem sido mais comum na sub-série Black Ops do que nas outras. Em geral, os gráficos são bem decentes e competentes, trazendo boas texturas, efeitos contemporâneos como reflexos de espaço de tela e modelos de relativa alta qualidade. Mesmo assim, isso tudo não é o suficiente para levar Call of Duty ao nível da série rival Battlefield, que tem se beneficiado em grande medida do motor gráfico Frostbite 3.

Os gráficos de Black Ops 4 não alcançam o nível da série rival Battlefield, que tem se beneficiado em grande medida do motor gráfico Frostbite 3

O design de áudio é bastante competente, seja nos barulhos das armas futuristas do game, no som dos passos dos oponentes ou nas diversas habilidades dos especialistas. Isso fica ainda mais evidente e é especialmente essencial para o funcionamento do modo de Battle Royale, Blackout. Afinal, o modo altamente inspirado em PUBG adota uma estratégia de valorização do silêncio, totalmente oposta ao que estamos acostumados nas barulhentas partidas multiplayer. Não é algo inédito na franquia – a lendária fase All Ghillied Up de Modern Warfare 4 está aí para provar isso – mas ainda assim parte de uma lógica inusitada para CoD.

Na maior parte do tempo em Blackout, você está sozinho e consegue ouvir pequenos detalhes do ambiente como pássaros, mosquitos e até as malditas caixas de energia quebradas com seus pequenos estouros que sempre parecem tiros. Quando algum outro jogador realmente atira com sua arma, sua posição fica muito clara para todos ao redor, especialmente para quem está com um fone de ouvido. Isso é essencial para a experiência de Battle Royale e mostra o cuidado especial que os desenvolvedores tiveram com este modo.

A grande crítica fica para os problemas do jogo na versão PC. Nosso gameplay de Black Ops 4 foi prova dos bugs que aconteciam com o título no lançamento, incluindo especialmente crashes frequentes. Mesmo após o patch que deveria arrumar isso tudo, ainda encontrei erros inadmissíveis para um título que teve uma equipe tão grande envolvida nesta versão – que não foi nem um port, mas sim fruto de desenvolvimento paralelo. Por exemplo, as texturas e até os objetos podem levar muitos segundos para carregar depois de você estar num mapa do multiplayer, mesmo se você escolher fazer o cache dos shaders enquanto a partida carrega. Isso sem contar a otimização para hardwares mais modestos, que está muito abaixo do ideal para um jogo deste porte.

Texturas e até os objetos podem levar muitos segundos para carregar depois de você estar num mapa do multiplayer

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Mais absurdo ainda é a necessidade de lidar com exceções no Firewall e Port Forwarding em seu roteador para poder ter uma experiência online decente em 2018. Isso é algo que eu não via num jogo online há muitos anos, e há relatos de que é necessário até para muitos jogadores de consoles. Antes de realizar a operação, não pude nem entrar numa partida de Blackout, pois nunca passava de 10 ou 12 jogadores no servidor. Depois disso, a experiência foi a esperada, chegando a atingir o número de 100 jogadores que no momento é limitado ao modo Duos.

Call of Duty: Black Ops 4 mantém a tradição da série de entregar jogos tecnicamente competentes e que garantem dezenas e talvez até centenas de horas de diversão em modos multiplayer. Entre Blackout, Zombies e os modos multijogador tradicionais é muito difícil que falte conteúdo para entreter os fãs da série até a chegada de um novo CoD.

Mas é complicado negar o buraco deixado pela ausência de uma campanha single-player num título de tamanha expressão, ainda mais um que cobra o preço cheio de no mínimo R$ 230 (nos consoles) e R$ 200 (no PC). Por melhor que seja a execução de Blackout – e que está longe de ser original ou perfeita – o modo Battle Royale não é o suficiente para ocupar o espaço de uma história bem contada.

E aí chegamos numa questão fundamental. Se você já está satisfeito com a experiência de PUBG, não há nada que Black Ops 4 ofereça para lhe fazer “virar a casaca”. O título da Treyarch é uma boa saída para quem procura uma experiência do tipo no PlayStation 4 ou para alguém que esteja cansado dos bugs do título da Bluehole e procure bugs novos para se incomodar.

Se você já está satisfeito com a experiência de PUBG, não há nada que Black Ops 4 ofereça para lhe fazer “virar a casaca”

{notas}

Prós

Modo Blackout traz novo ar para a série

Gráficos competentes

Jogabilidade da série segue muito divertida

Grande variedade de modos online

Design de som merece destaque

Contras

Modo campanha faz falta

Multiplayer e Zombies sem novidades significativas

Bugs da versão PC

Especialistas ainda não trazem variedade ao gameplay

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