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Com mais de 20 anos de estrada, a franquia Soulcalibur já possui uma legião de fãs e até mesmo um cenário de e-sports, mas nenhum game da franquia havia pisado nos computadores. Assim como aconteceu com o novo Tekken, Soulcalibur 6 deixou de ser uma exclusividade dos consoles em 2018 e a história da lâmina maldita Soul Edge finalmente foi contada no PC.

Além disso, o game também é o palco de estreia de Geralt de Rivia fora da franquia The Witcher. Graças a uma parceria com a CD Projekt Red, o lobo branco deixou sua vida de caçador de monstros por um tempo e foi viver uma história original dentro de Soulcalibur 6. 

A Bandai Namco nos enviou uma cópia de Soulcalibur 6 da Steam e eu, entusiasta do clássico Soul Edge e jogador de The Witcher 3, conto aqui como o novo game é uma bela estreia da série no PC e também uma experiência marcante para os fãs mais antigos.

História

“Transcendendo a história e o mundo, um conto de armas e almas, eternamente recontado”. Está é a frase de abertura de Soul Blade, lá de 1996, e o principal mantra da campanha dos games da franquia. Todos os jogos acompanham a saga das espadas Soul Edge e Soulcalibur, e isso não é diferente em Soulcalibur 6.

Enquanto o título anterior contava sobre o retorno da espada maligna, Soulcalibur 6 leva o jogador para o século XVI, na época em que os primeiros jogos da franquia se passavam. Os protagonistas da vez são Kilik e Xianghua, que precisam utilizar suas armas mágicas para destruir a Soul Edge e impedir os atos de terror de Nightmare.

A história não é tão rebuscada e constantemente se apoia em muletas como o “poder do destino” e o reaproveitamento de narrativas. Por outro lado, o retorno do arco para os primórdios da franquia foi uma sábia escolha, principalmente se levarmos em conta a estreia no PC. Soulcalibur 6 conta com um elenco que traz apenas dois personagens novos, Groh e Azwel, com o restante dos lutadores sendo rostos bastante conhecidos, até mesmo para quem teve contato apenas com os primeiros jogos da franquia. 

Soulcalibur 6 investe pesado em sua história e no single-player

Além do modo arcade com lutas básicas, o game conta com duas campanhas principais: Libra das Almas, que acompanha a história de um herói criado pelo jogador, e as Crônicas das Almas, onde a narrativa de cada personagem do elenco pode ser explorada. Ambos os casos mostram o cuidado da Bandai Namco em agraciar os jogadores com bastante conteúdo para ser aproveitado no single-player, porém, também deixam claro que um investimento maior poderia ter sido feito em algumas partes do game.


A história com um lutador original é contada com um mapa e traz elementos de RPG, seguindo uma estrutura similar ao que temos em outros jogos da franquia. Junto com personagens do elenco, você viaja pela Europa em busca da Soul Edge. Nesta parte, o jogo não se limita às missões de história e dá diversas opções extras para o jogador explorar e lutar com diferentes inimigos.

O jeito que a narrativa é contada, porém, é meio pobre: ao invés de aproveitar os belos gráficos da Unreal Engine 4 para fazer cinemáticas rebuscadas, a Bandai Namco optou por adotar uma estrutura baseada em textos e artes. Ou seja, você fica lendo e vendo figurinha.

A narrativa é contada na base de textos e figuras

A parte mais frustrante é que existem algumas raras sequências montadas com os gráficos do gameplay que geram momentos empolgantes, mas depois voltamos para o padrão estético que lembra um livro antigo. Apesar disso, a estrutura de RPG garante bastante conteúdo e uma experiência desafiadora, já que traz upgrade de armas, partidas com regras especiais, escolhas em diálogos e até uma “balança da alma”, que define se você é do bem ou mal com base nas escolhas feitas durante a narrativa.

O modo Crônica das Almas é mais voltado para quem busca se aprofundar na história de cada personagem do game e até traz um acabamento melhor para mostrar a história, mas ainda deixa a desejar. Aqui, a história é contata por um narrador e possui diálogos entre os personagens, mas tudo isso é feito em cima de imagens quase estáticas com um toque mais artístico.

Em um menu no formato de linha do tempo, você pode jogar a história principal, que acompanha Kilik e Xianghua, ou também pular para seu personagem preferido e conferir onde ele estava enquanto as tretas envolvendo a Soul Edge aconteciam. Neste modo, os fãs dos primeiros games da franquia vão se sentir em casa, pois poderão relembrar e saber mais sobre personagens clássicos, ao mesmo tempo que poderão conhecer caras novas da série.

No geral, as crônicas não são tão elaboradas e deixam algumas lacunas que mereciam mais aprofundamento . Apesar disso, as histórias individuais trazem uma grande diversidade de combates e podem causar sensação de nostalgia para quem cresceu jogando a franquia Soul. Ver a história de personagens clássicos como Taki, Voldo e Mitsurugi é um presente para os fãs da velha guarda. 

E o Geralt?

Temos que ressaltar também que Geralt de Rivia, o personagem convidado vindo da franquia The Witcher, possui uma história original em Soulcalibur 6. A história não segue o padrão CD Projekt Red de qualidade e o gameplay é cheio de lutas genéricas, mas a narrativa pelo menos dá sentido à presença do lobo branco na Europa do século XVI, até mesmo o cenário de Kaer Morhen.

[Spoiler a frente, caçador] Durante um de seus trabalhos, o bruxo acaba encontrando uma feiticeira capaz de abrir portais interdimensionais. Para provar que não está envolvida com monstros e demônios e suas pesquisas possuem apenas fins acadêmicos, ela manda Geralt para outro mundo. O bruxo acaba caindo no universo de Soulcalibur e conhecendo uma galera que pode ajudá-lo a voltar pra casa. Durante sua jornada, ele encontra vários “malfestados” e, no fim, um inimigo a sua altura: o samurai Mitsurugi. Para quem já tem um histórico com os personagens, o encontro pode ser realmente emocionante.

Apesar de ser um jogo de luta, Soulcalibur 6 investe pesado em sua história e no single-player, o que é uma boa notícia pra quem curte jogar sozinho e, principalmente, é fã da franquia desde o seu início.

Jogabilidade

Na parte de gameplay, o principal destaque dado pela Bandai Namco em SoulCalibur 6 são os Golpes Extremos e o Embate Extremo. As duas mecânicas não são grandes inovações no mundo dos jogos de luta, mas somam positivamente na experiência com o game, principalmente para quem quer apenas se divertir e não se aprofundar muitos nos estilos de luta.

O Golpe Extremo é o “super ataque” que tem custo de uma barra de almas, traz uma animação mais trabalhada e tira bastante dano durante o combate. O especial também tem uma variação chamada Carga de Alma, onde o personagem gasta a energia para ficar mais poderoso temporariamente, ganha ataques mais potentes e consegue machucar mesmo quando o inimigo está defendendo.

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Batalha 1: Embate Extremo | Batalha 2: Golpe Extremo | Batalha 3: Carga de Alma

Já o Embate Extremo é meio que um “pedra, papel e tesoura” no meio da luta. Ao entrarem nesse modo, os lutadores se afastam e em segundos o jogador precisa escolher uma ação (ataque alto, médio, chute, esquiva) para enfrentar o oponente no mano a mano. Este recurso é inédito na franquia e assim como Golpe Extremo ajuda a quem não é experiente a ter uma luta mais bonita e elaborada. O Embate Extremo também pode ser usado junto com a defesa e é um ótimo “quebra golpe” para aqueles momentos em que o adversário está apelando (eu estou falando de você, Voldo que jogou contra mim no online).

Os novos ataques especiais tornam as partidas mais simples e bonitas

Desde o princípio da franquia, o gameplay de SoulCalibur não é tão difícil de ser dominado, e os dois novos golpes especiais colaboram para tornar a experiência mais amigável para os novatos na série. Quem busca algo mais desafiador também é atendido, pois a Bandai Namco oferece opções de combos mais elaborados e inclusive traz um guia para o jogador se aprofundar nos personagens. Com isso, o jogo se torna interessante para quem só quer um game de luta para brincar com os amigos de vez em quando, mas também pode ser utilizado de forma competitiva, como em partidas ranqueadas online.

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Falando em online, o sistema em rede do jogo funciona sem problemas no PC, basta você ter paciência para encontrar jogadores de vez em quando. SoulCalibur 6 oferece partidas ranqueadas e também permite que você jogue por diversão em salas criadas por usuários. Uma mecânica interessante usando a internet também está presente na campanha single-player, onde você pode contratar o personagem de outros players para lutar por você como mercenários.

Quando o assunto é multiplayer local, SoulCalibur 6 continua sendo um dos jogos de luta com armas mais divertidos para bater uma partidinha com os amigos. Além dos modalidades de partida diferentes, que permitem variar o combate com terreno molhado e golpes mais fortes, o elenco principal de 20 heróis garante uma boa variedade de estilos de luta e opções para o modo de criação de personagens.

Criação de personagens

A essa altura do campeonato, com certeza você ouviu falar do sistema de criação de personagens de SoulCalibur 6. Como diversos exemplos na internet mostram e até o nosso gameplay no Adrenaline exemplifica, as possibilidades trazidas pela ferramenta são inúmeras. Apesar do jogo ser ambientado no século XVI, a Bandai Namco também trouxe alguns itens mais modernos para o jogo, que podem ser configurados com cores e estampas em alguns casos. Isso permite soltar a criatividade e criar muitos lutadores customizados, além de personalizar os já existentes.

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Para personagens feitos do zero, a aparência inicial é baseada em personas pré-definidas e o combate segue o padrão dos lutadores do elenco de SoulCalibur 6. Com isso, os heróis acabam se tornando “estilos” de combate e emprestam suas armas e ataques especiais para os lutadores customizados. Isso pode até ser considerado um problema para os mais puristas, mas o nível de customização da aparência, que inclui até mesmo a voz do personagem, garante uma experiência divertida. A adição dos novos personagens Azwel e Groh também é bastante positiva para o sistema, pois os dois trazem estilos de luta que, pessoalmente, me agradaram pelos ataques ágeis e o acabamento dos golpes.

A heroína da minha história na campanha single-player é Chloe Price, uma das protagonistas de Life is Strange, que possui roupas punk e consegue materializar armas de energia. Para as partidas ranqueadas, eu dei vida para ninguém menos que BoJack Horseman, o cavalo da série da Netflix. No modo single-player, já contratei Dio, de JoJo's Bizarre Adventures para um serviço de mercenário. Com um pouco de empenho, dá pra fazer muita coisa no sistema de criação do game.

Infelizmente, ele possui um desfalque que pode ser incômodo em alguns casos: as telas de loading. A ferramenta não conta com pré-visualização de itens e personagens, ou seja, o herói precisa ser renderizado por completo para que você consiga ver a aparência de um acessório qualquer no lutador. Isso não incomoda tanto quando você entra no sistema rapidamente para fazer alterações rápidas, mas dependendo do seu PC, o processo de criação pode ficar cansativo após um tempo por causa dos excessivos carregamentos.

{quote}O sistema de criação é espetacular, mas precisa de
uma ferramenta de busca{/quote}

Além disso, não existe um sistema de busca de criações da comunidade. Você pode baixar personagens feitos por outros jogadores, como o meu BoJack Horseman ou até mesmo coisas excêntricas como o Dollynho, mas você precisa ficar passando manualmente, um a um, para encontrar um lutador maneiro para baixar. Como o sistema de compartilhamento é aberto para todos os usuários, é bem comum aparecerem personagens genéricos e até inacabados no meio de criações excepcionais. Levando em conta a popularidade que o sistema de criação conseguiu, a adição de um sistema de buscas seria muito bem vinda.

Gráficos e som

SoulCalibur 6 é o primeiro jogo da franquia a ser feito em Unreal Engine 4, o que garantiu animações de ataques especiais mais coloridas e bem trabalhadas. No geral, o game segue o padrão gráfico da franquia, que não é conhecido pelo realismo. A parte mais inovativa de SoulCalibur 6 são as roupas e ambientes mais reativos, que sofrem com impactos e destruição durante as partidas. No final das contas, o jogo traz evoluções nesta parte em comparação aos jogos anteriores, mas nada que surpreenda ou revolucione a indústria.

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Vale notar que o lançamento do game no PC não foi cercado de problemas e a otimização deixa a experiência visual bonita mesmo em PCs que estão beirando os requisitos mínimos. Todo o meu gameplay foi feito em um Acer VX com uma GTX 1050 Ti, próxima da GTX 1050 listada nos requisitos mínimos do game. Durante meus testes, consegui jogar com a qualidade gráfica Máxima com 60 frames por segundo em resolução Full HD.

SoulCalibur 6 é o primeiro da franquia a ser feito em Unreal Engine 4

Em relação ao som, SoulCalibur continua com as músicas épicas que já são marca da franquia. A adição do cenário de Kaer Morhen com a trilha sonora de The Witcher 3 também casou muito bem com o game. Outra figura clássica da sonoplastia que retorna em SoulCalibur 6 é o narrador, que além de contar a história também está presente durante os combates. Suas falas óbvias podem gerar nostalgia aos fãs mais antigos, mas também podem ser consideradas um ponto negativo para pessoas que não gostam de uma voz canastrona se metendo nas lutas. Felizmente, a Bandai Namco oferece a opção de zerar o volume do narrador, para a alegria de quem não curtir a experiência com ele.

Se você busca um game de luta revolucionário graficamente, SoulCalibur 6 não é o título que você busca. Ainda assim, o jogo entrega gráficos decentes para um jogo de luta 3D, com uma boa otimização no PC e até suporte para 4K/60FPS na plataforma. 

Em sua estreia no PC, SoulCalibur 6 consegue entregar uma experiência nostálgica, divertida e amigável para quem está chegando agora na franquia. As adições no gameplay, como novos golpes e personagens inéditos, somam para a jogabilidade, que se mantém no padrão da franquia e não traz grandes evoluções gráficas.

O sistema de criação de personagens, principal chamariz do jogo, é diversificado e permite que os jogadores façam criações impressionantes, mesmo com as constantes telas de loading. Se a Bandai Namco implementar uma ferramenta de busca decente no jogo, SoulCalibur 6 com certeza será um dos jogos mais divertidos do ano, afinal, você poderá baixar qualquer criação da comunidade, desde as mais espetaculares até as mais excêntricas.

A Bandai Namco também caprichou na qualidade de conteúdo single-player, com dois modos focados em história trazendo muitas horas de gameplay. Por outro lado, ambos trazem uma estética de livro antigo, padrão que não aproveita o poder da Unreal Engine 4 para contar a narrativa de uma forma interessante e menos cansativa. Para os fãs do Geralt de Rivia, essa parte também pode decepcionar: a publisher até fez uma história para integrá-lo ao universo do game, mas a jornada do bruxo não tão empolgante para quem não teve contato com a franquia SoulCalibur.

Trazendo legendas em português, SoulCalibur 6 está disponível na Steam por R$ 159,90 e até R$ 250 nos consoles, seguindo o padrão de preço da Bandai Namco.  Para quem é fã da série, o game está imperdível e garante altas doses de nostalgia com o retorno da história para as raízes da franquia. Quem é novo no mundo das espadas do destino vai encontrar um combate fácil de aprender, um universo vasto para explorar e muita coisa pra ler. Se você só está em busca de um jogo de luta para brigar com os amigos, SoulCalibur 6 é um título para ficar de olho para promoções futuras, afinal, não é todo game que permite a você ter o Diego Kerber como personagem jogável.

Prós

Sistema de criação de personagens

História que retorna para o início da franquia

Geralt como convidado foi uma boa escolha

Jogabilidade amigável, mas que permite aprendizado

Desempenho de qualidade no PC

Contras

Ausência de sistema de busca na criação de personagens

História contada na base de textos e figurinhas

Loadings excessivos

Conclusão

{notas}

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