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Tão certo como que todo ano teremos um novo Call of Duty, Assassin's Creed ou FIFA, desde 2011 a distribuidora Microsoft tem garantido que nós temos um jogo de corrida da série Forza a cada 12 meses. A companhia vem intercalando duas séries bienais: a de corridas profissionais, Forza Motorsport (da Turn 10 Studios) e os games de mundo aberto com festivais que misturam a paixão por carros e música, Forza Horizon (da Playground Games).

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Neste ano, é a vez da Microsoft lançar Forza Horizon 4, que troca as paisagens diversificadas do litoral da Austrália pelo norte do Reino Unido e as suas difíceis condições de chuva e neve. Isso marca uma espécie de volta para casa para a equipe da Playground Games, que tem sede em Royal Leamington Spa, na Inglaterra, e teve a possibilidade de trabalhar com uma região que conhecem muito bem. Se isso foi suficiente para criar um mundo tão cativante e diversificado quanto o do game anterior, você confere na análise completa abaixo!

Jogabilidade


Rali com Escort e corrida de rua com Bugatti dividem espaço com missão de Halo

Se tem algo que não dá para reclamar da série Forza Horizon é da variedade de coisas que se tem para fazer. No quarto game da série você pode evoluir sua reputação aos olhos do público do festival da maneira que bem entender. Uma opção é se tornar um mestre das corridas em pista de terra com carros de rali icônicos como Ford RS2000, Subaru Imprenza WRX STI ou até mesmo um Escort. Corridas de rua ideais para hot hatches como o Ford Focus RS ou para superesportivos como a McLaren Senna também fazem sua presença. E o jogo nem lhe obriga a usar o carro adequado para cada situação. Se você quiser fazer um rali com um Fusca contra carros de mesma velocidade, fique à vontade. A regra aqui é a diversão.

Se você quiser fazer um rali com um Fusca contra carros de mesma velocidade, fique à vontade. A regra aqui é a diversão

E talvez seja por isso que os games Horizon se encaixam tão bem no mercado de games que temos hoje. A equipe da Playground Games utiliza a mesma engine dos jogos Forza Motorsport, que traz uma jogabilidade num estilo chamado de “simcade” – mais sério que o arcade de Need for Speed, mas sem a dedicação total à simulação de RFactor 2 ou de Assetto Corsa. Esse estilo se encaixa perfeitamente na proposta de Horizon e ocupa um espaço vazio que foi deixado por Test Drive Unlimited e até mesmo Burnout: o de pegar o seu carro e usar um extenso mapa como seu parque de diversões.

Em Forza Horizon 4 você é livre para fazer o que quiser no momento que quiser. Mas, se desejar uma experiência mais guiada, há 40 missões de algo que se parece com um modo história. Digo isso porque não se trata de uma campanha destacada do resto do game, mas sim de atividades triviais que têm a mesma importância que todas as outras. A diferença é que há um pouco mais de contexto aqui: nas primeiras 10 fases, por exemplo, você é um piloto dublê de filmes de ação e comerciais. Do ponto de vista da jogabilidade, isso proporcionou alguns dos meus momentos favoritos do game.

Isso porque essas missões escolhem exatamente os carros que você vai usar. A série Forza Motorsport costuma trazer quase mil carros diferentes – Horizon 4 aproveita cerca de 450 desses – mas eles não necessariamente são feitos com a mesma qualidade e cuidado. Por isso, o legal das missões é poder dirigir alguns dos veículos mais detalhados e melhor representados do game. Essas atividades também trazem uma variedade que é muito bem-vinda ao proporcionar missões como estacionar um Mini Cooper em cima de um contêiner ou pular de um moinho com um Bugatti Chiron.

Há até um showcase inspirado na série Halo e narrado pela Cortana

Como não poderia deixar de ser para um game de 2018, você vai fazer isso tudo para ganhar mais relevância como um “influencer” junto ao público do festival. Assim que conseguir os pontos necessários, a organização o convida para uma exibição (ou showcase) contra algum veículo super alternativo. Basta dizer que, na primeira vez, você enfrenta um hovercraft gigante conhecido como “hovertransfer”. Uma das minhas maiores frustrações com o game é não poder dirigi-lo, inclusive. Há até um showcase inspirado na série Halo e narrado pela Cortana.

A grande crítica mesmo fica para a falta de modificações em relação à jogabilidade, que não mudou muito em relação a Forza Horizon 3 – e na verdade recebeu apenas tweaks desde Forza Motorsport 5 em 2013. Tudo bem que a série tem uma grande quantidade de opções e alternativas de assistências e dificuldades para desde o piloto mais casual até o mais hardcore que deseja usar um volante. Mas essas opções poderiam ir mais longe, até jogadores casuais que querem a experiência Burnout ou trazendo uma simulação mais completa para quem vem de um Project Cars da vida. Fica a expectativa de que mais opções do tipo sejam adicionadas em Forza 8 ou Horizon 5.

Ambientação e gráficos


Um outono que não é sempre igual

Forza Horizon 4 é rápido para mostrar a que veio e o que tem a oferecer. Poucos instantes após abrir o jogo, você já é colocado diretamente na sua primeira corrida – ou nas suas primeiras corridas, no caso. O jogador é introduzido ao conceito de estações do game, vivenciando em primeira mão como o título opera em outono, inverno, primavera e verão. O trecho foi mostrado numa demonstração durante a E3 2018, então já é conhecido de alguns jogadores, mas impressiona pela variabilidade do gameplay.

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Como mostra o vídeo acima, você joga com uma McLaren Senna por longas estradas de asfalto durante o outono com árvores secas e suas folhas alaranjadas caindo pelo caminho. Depois, chega o inverno e é hora de correr com uma picape sobre a neve e até um lago congelado, para então participar de um rali com um Ford Fiesta RX contra motos de motocross numa chuva de fim de tarde na primavera. Completando uma sequência de abertura de tirar o fôlego, você é colocado no verão e pode finalmente começar a participar de mais um Festival Horizon.

No game passado, Forza Horizon 3, o objetivo dos desenvolvedores foi trazer uma maior variedade para a série. Eles foram bem-sucedidos nisso ao trazer veículos off-road com pistas de terra ao mesmo tempo em que mantiveram as corridas tradicionais no asfalto. Tudo isso está de volta em Forza Horizon 4, mas era necessário compensar a falta de variedade natural do Reino Unido com alguma coisa. É aí que entram as quatro estações. A equipe do jogo passou pelo trabalho de criar variações do mapa para cada estação, e o trabalho compensou: a cada nova temporada que se inicia é perceptível que o game ganha um novo ar. A paleta de cores mais alaranjada e amarelada do outono, o branco do inverno, a diversidade de cores da primavera e o sol forte e escaldante do verão são bem representados em cada canto do mapa do game.

a cada nova temporada que se inicia é perceptível que o game ganha um novo ar

Com a colaboração do Turn 10 Studios e tudo que a série Forza já tinha disponível anteriormente, não é de se espantar a alta qualidade dos gráficos, especialmente na geometria dos carros. Todos os pouco mais de 450 carros do game possuem interior completamente modelado em 3D, e com a possibilidade de dirigi-los usando a câmera de dentro da cabine (em “1º pessoa”). A maioria deles pode ter seu capô, porta-malas e portas abertos no modo de visualização especial e, em geral, foram desenhados com um cuidado aos detalhes surpreendente desde para-choque frontal até a traseira. Isso aparece especialmente na versão para Xbox One X ou usando um PC mais poderoso.

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Falando nestas versões, o Xbox One X pela primeira vez traz a opção para o usuário escolher entre maior resolução ou taxas de quadro mais rápidas. Caso escolha a opção “qualidade”, o jogo vai rodar em 4K e 30fps. Já a opção “performance” eleva a taxa para 60fps (ao custo de uma resolução 1080p), trazendo uma fluidez inédita para a série nos consoles. No PC, você pode ter 4K e 60fps, mas é necessário ter configurações bastante parrudas para tanto. O motor gráfico de Forza é conhecido por ser um dos mais fáceis de lidar nos computadores, já que ele configura os gráficos automaticamente baseado nas suas especificações. Além disso, enquanto você joga, o game vai modificando de maneira dinâmica as configurações para se manter nos quadros por segundos que você determinar – sejam 30fps, 60fps ou mais. É possível também escolher configurações que você não quer que sejam alteradas – eu prefiro manter o anti-aliasing em 8x e a filtragem de textura em 16x, por exemplo, pois essas opções afetam bastante a qualidade da imagem.

Por sinal, a maior parte dessa análise foi jogada num Xbox One base. O console lida surpreendentemente bem com o game, especialmente considerando que estamos nos aproximando do fim da geração. Tudo bem, o anti-aliasing é bastante discreto e as configurações não se equiparam às altas do PC, mas a plataforma entrega visuais bastante honestos. Quase não dá para perceber o pop-in do cenário, e apenas uma vez durante todo o jogo vi um veículo do tráfego padrão aparecer do nada nas ruas do game. O jogo também mantém sua trava em 30fps de maneira esplendorosa durante quase toda a campanha. Só vi a taxa de quadros cair momentaneamente numa corrida cheia de picapes durante uma nevascas e num menu de customização onde era aplicado um efeito de motion blur por objeto em todas as opções de escolha – vai entender a decisão artística por trás deste efeito.

Áudio


Do ronco preciso dos motores às excelentes rádios

Quem conhece a série Forza não se surpreende com a qualidade do design de som de cada novo jogo que a equipe entrega todo ano. Horizon 4 não é exceção e traz uma atenção aos detalhes que parece absurda às vezes. A sinfonia da aceleração de um superesportivo reverberando pelos túneis do game, o barulho das rodas perdendo tração no asfalto logo antes do carro começar a derrapar e até mesmo o som do plástico de um carrinho de sorvete em Edimburgo desabando após uma leve batida. Tudo isso representado muito bem e de uma maneira diferente dependendo da câmera que você estiver utilizando. É de uma grande dificuldade a tarefa de achar algo para criticar nesse aspecto.

E esse tema continua com a ideia do festival de música e corrida de Horizon. Num evento do tipo, que busca emular experiências como Coachella e Lollapalooza, o que não pode faltar é uma trilha sonora que dê vontade de acelerar. E é incrível como até nesse aspecto a Playground Games acerta em cheio. Não importa o seu gosto, onde você procurar irá encontrar música de qualidade e nomes conhecidos. Na rádio de rap Block Party, há Kendrick Lamar e The Sugar Hill Gang, por exemplo. A estação de Rock XS traz Foo Fighters, Jack White e Queens of the Stone Age. A rádio de eletrônica e pop Pulse vem de Chvrches e M83 e tem até uma estação de música clássica para proporcionar momentos épicos dignos de um filme de Holywood.

até mesmo o som do plástico de um carrinho de sorvete em Edimburgo desabando após uma leve batida é representado muito bem no game

A variedade não para por aí, e a atenção aos detalhes inclui até mesmo os locutores de cada rádio falando sobre os eventos recentes que acontecem no jogo. Assim que você completa um showdown, por exemplo, basta ligar o carro para ouvir alguém falando em detalhes sobre sua última aventura. Isso acontece até mesmo depois de um evento online da #Forzathon, o que é bastante surpreendente. Até em Grand Theft Auto a Rockstar coloca um narrador de notícias genérico para todas as rádios quando um grande evento acontece.

Multiplayer


Mundo compartilhado no estilo Destiny e a promessa de longevidade

O papo de games como um serviço tem povoado bastante a discussão da indústria, especialmente após o lançamento de Destiny 1 e 2 e do anúncio de Anthem. Se por um lado essa é uma maneira de dar mais longevidade aos jogos, por outra ela tira o foco da arte de contar uma história single-player mais imersiva. Por sorte, a série Forza nunca foi sobre este segundo aspecto. Para se aproveitar disso, Forza Horizon 4 te coloca num mundo multiplayer completamente sincronizado assim que você sai do seu primeiro ano no festival – com cerca de 4 ou 5 horas de jogo.

Isso significa que todos os jogadores que estiverem no mesmo mundo que você verão o mesmo horário do dia e as mesmas condições climáticas que estão na sua tela. Para qualquer um que tenha jogado games de corrida online, a ideia pode parecer um pesadelo. Porém, medidas foram tomadas para evitar os “griefers” que só tentam bater no seu carro: todos ao seu redor são fantasmas até que você decida ativar as colisões ou entre numa corrida especificamente contra eles.

O jogo se mantém na mesma estação para todos os jogadores por uma semana. Toda terça feira, a temporada muda e o verão vira outono, outono vira inverno e assim por diante. A desenvolvedora implementa novos eventos temáticos a cada nova estação com desafios inéditos e recompensas diferentes a cada nova semana. Você pode participar disso tudo sozinho contra os Drivatars – IA baseada em outros jogadores, incluindo seus amigos – ou junto de outros jogadores. E enquanto isso tudo acontece, as corridas single-player (que também podem ser jogadas em co-op) seguem disponíveis para o avanço de sua carreira. Essa é uma das melhores implementações de games como serviço que vi até hoje, mesmo sendo um crítico deste rumo que a indústria vem tomando.

A desenvolvedora implementa novos eventos temáticos a cada nova estação com desafios inéditos e recompensas diferentes a cada nova semana

Durante o período de testes para imprensa do jogo, tive a oportunidades de jogar o novo modo “Team Adventure” junto de desenvolvedores do game, YouTubers e outros jornalistas. Aqui é onde você tem acesso a um dos modos de jogo mais divertidos do game: Freeform Rush. Nele, ganha quem chegar primeiro a um determinado ponto, não importa o caminho escolhido. É uma opção que caberia muito bem no single-player e que eu gostaria de ver implementada. Também é aqui onde se joga modos mais casuais e divertidos, como um onde uma equipe é formada de zumbis e a outra de sobreviventes. Obviamente, é possível criar corridas tradicionais neste modo. Sem dúvidas é uma opção excelente para quem também tem amigos que joguem o game online, mas que vai depender de um bom matchmaking para todos os outros usuários.

O melhor game de corrida do ano

Enquanto o lado Motorsport da série Forza luta para justificar seus lançamentos bienais e decisões ruins como a adição de loot boxes, os games Horizon vão entregando experiências divertidas e equilibradas de maneira consistente. Forza Horizon 4 não é exceção a essa regra e entrega o que é facilmente o melhor jogo de corrida do ano. Excelentes gráficos (especialmente no Xbox One X e PC), um design de áudio cuidadoso e a mesma jogabilidade competente de sempre se juntam num mundo aberto cheio de atividades divertidas. Essa é a fórmula para o sucesso num jogo do tipo.

Forza Horizon 4 entrega o que é facilmente o melhor jogo de corrida do ano

Dito isso, o modo história é deixado de lado como apenas mais uma coisa a se fazer entre tantas, e está longe de brilhar por conta própria. Um enredo mais bem trabalhado e cativante poderia elevar o que é um dos melhores jogos de corrida dos últimos tempos a um dos melhores games da geração. As ferramentas para isso já estão todas aí, basta querer. As opções de assistência e dificuldade já são bem amplas, mas com um pouquinho mais de esforço poderiam se tornar quase perfeitas e trazer novidades que a série Forza vem precisando. E ainda ficamos no aguardo de um modo para criar seus próprios traçados de corrida, que foi adiado por causa de bugs e será adicionado ao game dentro de semanas.

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{notas}

Prós

As quatro estações trazem mudanças significativas para a jogabilidade

Reino Unido é representado com belos e fiéis detalhes

Design de áudio esplêndido

Grande seleção de carros

Alta variedade de atividades e corridas

Gráficos excelentes e bem otimizados, especialmente em XOne X e PC

Contras

Modo história não empolga

Poderia trazer a riqueza e a variedade de mais cidades britânicas além de Edimburgo

Editor de traçados ainda não está pronto

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