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ANÁLISE: Sharkoon SKILLER SGM1

A Sharkoon é uma empresa que foi fundada na Alemanha em 2003 e possui uma boa participação no mercado externo, principalmente nos EUA onde é conhecida por ter um bom Custo x Benefício em seus produtos – embora aqui no Brasil não seja uma marca tão popular.

O Sharkoon SKILLER SGM1 é o primeiro mouse no qual a empresa utiliza um sensor ótico topo de linha, que no caso não é qualquer sensor, e sim o recém-lançado Pixart PMW 3336. Isto torna o SKILLER SGM1 o “topo de linha” da Sharkoon, mas será que ele realmente é bom? Como se equipara aos mouses de outras marcas? É o que veremos.

Construção Externa

Se você acompanha as minhas análises aqui no Adrenaline, deve ter notado que quase nunca critico mouses logo na Construção Externa, até porquê esta é uma área onde maioria das marcas se baseiam em formatos já consagrados ao criar mouses (ex: Microsoft Intellimouse Explorer 3.0) e tomam bastante cuidado para não incluir detalhes que proporcionem desconforto a seus usuários.

Empresas sérias não criam um modelo 3D de um mouse e saem produzindo ele. Normalmente são feitos vários desenhos, diversos protótipos, e os mouses que forem considerados interessantes serão primeiramente replicados em resina/madeira/plástico para que possa ser avaliado a sua ergonomia, posicionamento de botões e se há algum desconforto sendo causado devido a algum detalhe do mouse:


Créditos da imagem para Cre8 Design Studio

Logo após um desenho ser aprovado, ele é encaminhado para a OEM (a fábrica chinesa que vai produzir o mouse) e ela vai providenciar protótipos para que sejam testados a ergonomia, precisão, software e outros aspectos do mouse. O processo de criação de um mouse pode levar entre 6 a 18 meses dependendo das tecnologias usadas e se há o tooling necessário para a produção.

O processo de criação de um mouse pode levar entre 6 até 18 meses

Uma forma para evitar toda a demora e gastar muito menos é utilizar modelos pré-prontos disponibilizados por algumas fabricantes chinesas. Estes são mouses que podem ser modificados para atender às especificações que o cliente quer. O mouse pode ser o mais barato o possível ou pode utilizar componentes topo de linha.

 

O Sharkoon SKILLER SGM1 é justamente um mouse deste tipo, um mouse pré-pronto que fora modificado para utilizar componentes topo de linha. A princípio não há nada de errado com isso, o Finalmouse 2016 é assim e é um excelente mouse. A Mionix começou fazendo isso e a Cooler Master também teve esta mesma origem.

O problema mesmo é que a fabricante que a Sharkoon escolheu não sabe desenhar mouses corretamente e não houve testes suficientes por parte da equipe da Sharkoon.

No caso do SKILLER SGM1, temos a velha “Síndrome-do-mouse-chinês” da qual a Redragon também sofre. O mal costume de literalmente “enfiar” recursos, botões e recortes sem considerar o impacto na ergonomia e usabilidade do mouse.

Não consigo entender como ninguém na Sharkoon não pensou “esse botão M5 não vai irritar muitos jogadores?”. Usando a pegada Palm, o botão faz contato com o meio do dedão, o que não é confortável:

Usando a pegada Fingertip, o botão fica justamente onde você segura o mouse, o que é horrível:

E a pegada Claw é a única forma de usar este mouse confortavelmente, pois não faz contato com nada:

Sério pessoal, não tenho nada contra botões adicionais, amo o layout de botões do Razer Naga 2014 e faço bom uso dos botões laterais do Logitech G602, mas se tem algo que irrita quase qualquer jogador, é colocar um botão em um local onde você segura o mouse, pois isto gera desconforto e cliques acidentais, inutilizando este botão.

“Mas wetto, você segura o Naga pelos botões e tem mouses como o M60 onde o botão adicional não é desconfortável”

Realmente, nestes mouses é possível segurar o mesmo pelo botão e há um certo grau de conforto, o qual simplesmente não existe no Sharkoon SKILLER SGM1. A própria forma como o botão M5 fora desenhado e fica exposto na carcaça, é desconfortável e muito inferior à implementação do Naga e do M60, pois ela não possui curvaturas arredondadas.


Há uma curvatura nos botões do Naga 2014 para que seu dedão descanse naturalmente em cima destes.
Não há NADA de natural nos botões quadrados do SGM1.

Além disso, o seu apoio para o dedão, que é ridiculamente curto, também não é arredondado e as pontas do mesmo entram em contato com o dedão do usuário. Ao invés de proporcionar conforto, o apoio acaba atrapalhando mais do que se não existisse.

Agora que já terminamos criticar este lado, vamos para a parte de cima. Outro problema gravíssimo do Sharkoon SKILLER SGM1 é que ao rodar o scroll, o seu próprio dedo entra em contato com estes recortes dos botões esquerdo e direito, o que é extremamente desagradável.

É sério, não sei como um projeto com este tipo de erro não foi rejeitado quando era apenas um protótipo.

Já no lado direito, temos problemas também: as frestas do encaixe do compartimento de peso também entram em contato com a mão do usuário e há um desnível no final desta, causando uma sensação nada agradável, fora que a própria curvatura desta lateral é bastante estranha e gera certo desconforto após algum tempo de uso.

Como se já não bastasse, outro problema em sua construção externa, é a própria qualidade do plástico, a qual é baixa.

Empresas como a Cougar, Roccat e Steelseries, querem que você pegue o mouse na loja e sinta que este é um mouse bem feito, com plástico e acabamento de alta qualidade.

Se você colocar o Sharkoon SKILLER SGM1 do lado de um Fortrek Spider Venom de R$ 40, vai notar que o acabamento e plástico dos dois é muito similar, e isso não é legal, parece que a carcaça do SKILLER SGM1 é a mesma que a de algum mouse barato… Opa, não parece, realmente é.

Isto é justificável pelo preço, considerando que o Sharkoon SKILLER SGM1 está na faixa de R$ 140 e não economizou nos componentes internos e sensor. Seu baixo preço justifica a qualidade do plástico, mas não justifica os recortes mal feitos e falhas de design.

Chega ser triste o que ocorreu no caso da Sharkoon, pois um mouse com estas falhas simplesmente não deveria nem estar no mercado, deveria ter sido rejeitado quando era apenas um protótipo. Apenas alguns testes bem simples e pequenas modificações tornariam este em um mouse muito superior.

Construção Interna

Construção Interna é a principal responsável pela durabilidade de um mouse. Se forem utilizados componentes de alta qualidade, as chances de ocorrerem problemas com o tempo serão baixas. Se o mouse utilizar componentes de baixa qualidade, conectores internos e/ou soldas mal feitas, ele pode acabar sendo uma bomba relógio.

O Sharkoon SKILLER SGM1 é um mouse do contra. É muito comum ver mouse bonito e bem feito por fora, mas medíocre por dentro, o que sinceramente não é o caso dele.

Componentes de boa qualidade onde são necessários e modelos mais baratos onde não são tão utilizados. É possível ver no interior do Sharkoon SKILLER SGM1 que houve um gerenciamento de gastos para reduzir o custo de produção do mouse sem prejudicar demais a sua durabilidade. Sinceramente, o SGM1 é muito melhor por dentro do que por fora…

O Sharkoon Skiller SGM1 é muito melhor por dentro, do que por fora

Aliás, para quem tem curiosidade, sim, é possível utilizar o mouse sem os botões laterais (é reconhecido sem problemas pelo software) e fica consideravelmente melhor para usuários da pegada Palm.


Eu não tinha fechado o mouse quando tirei a foto, por isso ele ficou com a traseira aberta!

Desempenho

O Sharkoon SKILLER SGM1 utiliza o sensor Pixart PMW 3336, um novo sensor lançado no início de 2017 e que supostamente é uma variação de custo reduzido do Pixart PMW 3360.

Começando, todos os testes foram realizados utilizando um mousepad ASUS Strix Glide Speed, o qual possui estampas e tem um nível de qualidade similar ao Razer Goliathus Speed.

Primeiro temos o teste de consistência de rastreio. Basicamente ele testa o que o nome diz, mostrando se por acaso há distorções no rastreio do mouse. Para realizar ele, é usado uma ferramenta chamada MouseTester.

YouTube video

E estes foram os resultados no mousepad ASUS Strix Glide Speed em 1000 Hz:

Um resultado perfeito, o que se espera de um sensor bem implementado. Caso o público esteja interessado em ver mais testes, deixo estes testes em outras 14 superfícies, onde ele também teve excelentes resultados.

Já o próximo teste é o teste de aceleração. O ideal é que se o mouse for movido rapidamente 10 cm para a direita, ele tenha o mesmo resultado que teria se fosse deslocado lentamente a mesma distância. 

Caso o mouse for mais longe do que o necessário no movimento rápido, é dito que o mesmo tem aceleração positiva. Caso a distância que ele percorreu seja menor no movimento rápido, ele tem aceleração negativa.

YouTube video

E se o mouse parou no mesmo lugar que antes, ele não tem aceleração nenhuma, o que caracteriza um resultado perfeito.

Sendo que este foi o resultado do Sharkoon SKILLER SGM1 usando o mousepad ASUS Strix Glide Speed, em 1000 Hz:

E o resultado é simplesmente perfeito, não há aceleração alguma. Caso o público esteja interessado em ver mais resultados, deixo estes testes em outras 14 superfícies, onde ele também teve excelentes resultados, os quais acabam colocando o Sharkoon SKILLER SGM1 na cola do Logitech G403. É surpreendente que um mouse de R$ 140 seja capaz de entregar este desempenho.

O desempenho do Sharkoon SKILLER SGM1 é surpreendente para seu preço

E isso me deixa triste, pois se não fossem as falhas na construção externa, este seria um dos melhores mouses de 2017…

Agora, vamos ao software:

O software da Sharkoon parece ser uma modificação de um software pré-pronto, mas primeiro de tudo, tenho que parabenizar a marca por tudo estar legível e todas as funções estarem em uma única janela de forma bem simplificada. Caso você queira mexer em uma configuração, basta clicar no “-” e a opção irá expandir. Simples e prático.

Uma falha que é notada logo de início é que para escolher uma certa DPI você precisa ficar clicando nas barras azuis de DPI ao invés de simplesmente clicar no valor e digitar o que você quer. Porém, palmas para a marca por incluir a opção de atrelar uma cor a uma certa DPI. Pode parecer algo “normal” para muitos, mas muitas marcas esquecem de incluir esta opção no software…

Fora isto, há um ajuste bem simples de efeito de iluminação e taxa de atualização na direita, enquanto na esquerda temos opções de sensibilidade, configuração de botões e macros.

Além destas opções, há controles do scroll, os quais são exatamente os mesmos que os encontrados na configuração de mouse do Windows:

Cada botão do Sharkoon SKILLER SGM1 pode ser atrelado a uma função, seja funções básicas do mouse, teclas do teclado, macros ou funções multimídia:

Já o seu sistema de macros é bastante simples e não muito intuitivo, sendo que não permite editar algumas das funções após gravadas, mas faz o serviço para quem quer macros simples:

Enfim, o software do Sharkoon SKILLER SGM1 é bastante simples e faz seu serviço. Há apenas algumas falhas, maioria das suas funções são bastante intuitivas e assim como a Steelseries Engine 3, da qual ele tenta se inspirar, possui maioria de suas funções em uma única tela. Para um mouse de R$ 140, o seu software é bastante adequado.

A análise do Sharkoon SKILLER SGM1 me deixou conflitado. Por um lado, quero parabenizar a Sharkoon pelo desempenho apresentado por este mouse e pelo excelente preço que este tem.

Por apenas R$ 140 e tendo um desempenho equivalente a concorrentes de R$ 300~400, o Sharkoon SKILLER SGM1 é um dos melhores mouses na questão de CxB no Brasil, se avaliarmos apenas seu desempenho e recursos. E maior parte disso é culpa do Pixart PMW 3336.

Por outro lado, o SKILLER SGM1 foi uma oportunidade perdida, pois se o mouse fosse apenas um pouco mais “simples” e tivesse uma ergonomia mais ortodoxa, sem estes diversos recortes mal feitos que ele possui, ele certamente ganharia o selo ouro e seria um melhores mouses de 2017.

O Sharkoon SKILLER SGM1 poderia ter sido um dos melhores mouses de 2017, se tivesse outro formato…

O que me deixa confuso é que sei que haverá quem vai usar e amar este mouse, assim como haverá aqueles que irão usar e odiar ele com todas as suas forças. E ambos estarão corretos em suas opiniões, o SKILLER SGM1 é um mouse fantástico em desempenho e preço, assim como também é um desastre em acabamento, ergonomia e posicionamento de botões.

Deixo ao leitor a escolha de se arriscar ou não. Caso acabe gostando da ergonomia, não se incomode com os botões laterais, os recortes mal feitos e o plástico barato do Sharkoon SKILLER SGM1, ele será um excelente mouse. Caso contrário, a experiência será desagradável.

{notas}

Façam este mouse e o selo ouro será de vocês.

Prós

Boa Construção Interna.

Bom software.

Excelente Custo x Benefício.

Excelente precisão graças ao sensor topo de linha Pixart PMW 3336.

Contras

Acabamento externo com plástico de baixa qualidade.

Diversos recortes que atrapalham o uso.

Posicionamento e design de botões laterais horrível.

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