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Firewatch é um jogo em primeira pessoa onde você é um guarda florestal e conversa com a sua supervisora por um rádio. Olhando assim, o game parece não ter nada de interessante para oferecer, mas basta ver um trailer para perceber a magia do game: os intensos diálogos, a humanidade dos personagens e os gráficos muito bem feitos

O título é o primeiro jogo do estúdio independente Campo Santo, mas a equipe por trás dele tem bastante experiência em fazer coisas bonitas. Os criadores Jake Rodkin e Sean Vanaman trabalharam no aclamado “The Walking Dead” da Telltale Games. A trilha sonora ficou por conta de Chris Remo, que fez as músicas de “Gone Home” e, além disso, o estúdio conta com designers de “Mark of The Ninja“, “BioShock” e “Ori and The Blind Forest“.

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O resultado da execução dessa ideia nada comum por uma equipe bem experiente é um jogo divertido e bonito, mas que não é perfeito, assim como a vida. Na análise abaixo, feita com a versão de PC, você confere os pontos positivos e negativos de “Firewatch” (e sem spoilers!).


História – Conheça Henry, um cara comum e que precisava de férias 

O game se passa em 1989 e você incorpora Henry, um homem de 40 anos que aceita um emprego de verão como Guarda Florestal. Com o objetivo de tirar os problemas da vida de sua cabeça, o protagonista fica isolado da sociedade em uma floresta no Wyoming e só mantém contato com sua supervisora Delillah através de um rádio, que repassa pequenos serviços para ele. Depois de um tempo, uma série de acontecimentos começa a assombrar os dois, levando o jogador a uma atmosfera de dúvidas e suspense.

O game gira em torno de diálogos entre Henry e Dellilah, onde o jogador pode escolher as palavras ditas pelo guarda. Assim como em “Life is Strange” e o próprio “The Walking Dead”, as opções levam a conversas diferentes, dando mais liberdade ao jogador na hora de falar. Exemplificando, você pode flertar com Dellilah ou simplesmente falar com ela sobre o trabalho, em alguns momentos. Graças ao excelente trabalho de voz feito pelos atores Rich Sommer (“Mad Men”) e Cissy Jones (“The Walking Dead: Season 1”), os diálogos simples e a história sem pontos extraordinários acaba se tornando interessante e envolvendo o jogador.

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Outro ponto que diferencia “Firewatch” é a grande presença do fator humano, que raramente aparece nos games. Enquanto supersoldados batalham em “Call of Duty” e um caçador sobrenatural mata monstros em “The Witcher“, “Firewatch” é protagonizado por um gordinho de 40 anos com complicações em seu relacionamento e uma mulher que tem problemas com álcool e bebe com frequência em horário de trabalho.

O jogo é recheado de sentimentos e situações relativamente comuns na vida de um guarda florestal, como a solidão de estar no meio do mato, apenas ouvindo o barulho do vento e vendo o sol se por no horizonte (já morei no interior, tenho propriedade para falar sobre isso).


Em Firewatch, é possível simplesmente aproveitar a solidão e ver o sol se por em belas paisagens

A história continua simples durante o resto do jogo e, mesmo abordando pontos comuns, o game consegue deixar o jogador tenso e cria uma atmosfera de suspense em momentos mais pesados, principalmente se você se envolver com os personagens.

O principal ponto negativo é a campanha curtíssima e que se encerra com um final que não surpreende. Apesar de toda a construção que é feita durante o gameplay, o jogo simplesmente acaba. Ainda não está claro para mim se o estúdio não teve tempo de investir em um final mais rebuscado ou se o fim simples faz parte da experiência de aproximar o game da realidade em que vivemos. Afinal, a vida da maioria das pessoas é bastante desinteressante, e finais épicos é coisa de cinema.

Resumindo, o ponto forte da história de “Firewatch” é a simplicidade. Tudo o que acontece no game pode acontecer com você de verdade, e isso torna o game muito envolvente.


Jogabilidade – Um game com diálogos e que não é um filme interativo

Diferente da maioria dos jogos que tem como foco os diálogos e interações entre personagens,”Firewatch não tem uma movimentação travada e um cenário limitado. O jogador pode percorrer várias trilhas e explorar a floresta, tudo com a câmera em primeira pessoa, o que deixa a experiência mais rica. Durante o jogo, você não bate em ninguém, mas o game conta com bastante ação. É possível interagir com objetos, fotografar paisagens e subir em pedras (quando o personagem consegue, ele não é nenhum atleta).


Objetos deixados pelos campistas são encontrados com certa frequência

Um ponto que merece atenção por ser bastante incomum é o sistema de localização do game: um mapa e uma bússola. Assim como na vida real, para chegar aos lugares, é necessário aprender a interpretar as direções e os locais da floresta. No início, essa é uma tarefa bem complicada, mas com o passar do game vai ficando mais fácil se localizar.

Além disso, o jogador também vai memorizando os caminhos. Depois de um tempo, é quase impossível não lembrar que a trilha que vai para a caverna fica ao lado do banheiro, por exemplo. Esse fator, aliado a câmera em primeira pessoa e os diálogos envolventes, acaba tornando a experiência bem imersiva.

O fato de terem vários objetos espalhados pela floresta, principalmente dentro dos baús, também deixam a experiência mais divertida. O jogador encontra coisas como livros, papel higiênico e até calcinhas, o que gera reações engraçadas de Henry e comentários hilários de Dellilah. Os objetos também representam o fator humano dos personagens, que tem vários passatempos, fotos e objetos pessoais em suas torres de vigilância.

Também é legal destacar as referências encontradas no game. Um dos livros em “Firewatch” é o mesmo encontrado em  “Gone Home”, o que levanta hipóteses de que os jogos se passam no mesmo universo (ou que simplesmente é uma homenagem ao produtor Chris Remo).

Os pequenos detalhes na movimentação de Henry são muito interessantes. Sempre que o personagem desce as escadas, ele segura na parte superior do piso de madeira para não cair. A movimentação das mãos na hora de engatar os ganchos, subir nas pedras e manusear objetos são outros exemplos que ilustram esse ponto, que apesar de simples, é bem marcante.

O inovador sistema de diálogos pelo rádio de mão também funciona. Você pode se movimentar e fazer outras ações durante o jogo enquanto conversa com a outra guarda florestal. Isso dá mais liberdade e dinamismo ao jogo, afinal, diferente da maioria dos jogos do gênero, você não precisa ficar esperando com o personagem estático para dar uma resposta.

Se você quer ver paisagens bonitas e apreciar a natureza enquanto curte uma história envolvente, complexa e com mistérios, Firewatch é a melhor opção. Não espere picos de ação ou sustos que vão fazer você pular da cadeira

O principal problema na jogabilidade está no fato de Henry ser como qualquer um de nós: ele não consegue correr longas distâncias sem cansar. Não existe viagem rápida e, quando é necessário atravessar o mapa, você deve ir andando até o destino, o que acaba se tornando cansativo.

No final das contas, “Firewatch” é um bom game em primeira pessoa e consegue repassar o sentimento de estar isolado no meio do mato. Se você quer explodir coisas e encontrar muita ação, o game não é uma opção. Por outro lado, se você quer ver paisagens bonitas e apreciar a natureza enquanto curte uma história envolvente e complexa, não existe nada melhor do que “Firewatch” nos videogames.


Gráficos – Qualidade e toque artístico te levam para dentro da floresta

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Os gráficos de “Firewatch” são um espetáculo à parte. Com boa definição e uma veia artística, a arte de floresta e montanhas do game gera diversos momentos de cair o queixo, verdadeiras provas de que os games são uma nova forma de expressão artística.

Ao entardecer, as montanhas que montam o fundo se tornam o cenário perfeito para um por do sol magnífico.  As cachoeiras, bosques e elevações formam um cenário bastante realista, e com um toque estilizado que deixa tudo mais artístico.





Os objetos são bem definidos, as formações rochosas possuem detalhes, como rachaduras e falhas, e as árvores e toda a vegetação são reproduzidos de uma forma natural e que agrada. Outro ponto interessante é que, na versão para PC, mesmo com os gráficos no Low, o game continua bonito, porém com menos detalhes e acabamentos. Assim como é uma bela experiência auditiva, “Firewatch” também agrada aos olhos.


Som – Dublagem e ambientação impressionam

Boa parte do sucesso de “Firewatch” se deve à qualidade do som. Não apenas pela dublagem excepcional, mas a trilha sonora de Chris Remo, os pequenos detalhes e, inclusive, os momentos de total silêncio, onde os ruídos da floresta são o único barulho que pode ser ouvido.

Como mencionado anteriormente, o trabalho de voz do jogo merece destaque, principalmente em tempos onde a dublagem em games ainda sofre com críticas, principalmente no Brasil. O trabalho de voz feito em “Firewatch” mostra como a qualidade faz a diferença e pode se tornar o foco do jogo.

Em relação à trilha sonora, Chris Remo, que também trabalhou em “Gone Home”, fez um trabalho muito bom e que se encaixou com o cenário e as situações do game. A música não está presente a todo momento, mas em partes oportunas, as melodias aparecem de forma precisa e criam uma atmosfera de suspense, aflição ou simplesmente contemplação, quando você encontra uma vista linda e fica olhando para ela.

Neste último caso, a contemplação, a trilha sonora fez eu sentir que estava jogando um “Harvest Moon” em primeira pessoa com gráficos melhorados. Fica a dica para um jogo futuro, galera do estúdio Campo Santo.

Além da trilha sonora marcante e a dublagem impecável, os sons da floresta e pequenos detalhes merecem atenção. Na maioria do tempo, quando Henry não fala com Delillah, os ruídos da mata tomam o lugar da música de fundo, aumentando a imersão no cenário e tornando o sentimento de solidão ainda mais real. Em momentos em que o jogador corta os cipós, quebra os galhos dos arbustos ou entra na água também é possível ouvir os pequenos ruídos, que mostram a atenção da equipe com a sonorização.

 

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Repare no vento, no barulho das pedras e no sofrimento do personagem com o rompimento da corda. Pobre, Henry


Com uma história envolvente e cheia de diálogos alternativos e emoção, que variam de suspense até humor, “Firewatch agrada aos olhos e aos ouvidos com belos gráficos e uma sonorização rica. A história é simples, mas ao mesmo tempo intensa, já que traz vários fatores presentes na vida cotidiana, contando uma (pequena) parte da vida de um homem de meia idade que está tentando esquecer os seus problemas, mas acaba encontrando outros.

{notas}

Prós

História tocante

Diálogos engraçados e envolventes

Personagens humanos e carismáticos

Dublagem e som sensacionais

Gráficos artísticos e bem definidos

Comunicação com rádio funciona muito bem

Ambientação exemplar

Contras

Final fraco

Campanha muito curta

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