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O controle da Steam chega com muitas expectativas. Em um mercado relativamente estabilizado, e onde quase todo novo controle não passa de uma variante do periférico do Xbox, a Valve decidiu ousar e introduzir um novo conceito.

Como parte de sua cruzada para tomar as salas com as Steam Machines, a empresa tentou desenvolver um controle capaz de agradar seu público, com gosto do uso do teclado e mouse em sua jogatina, seja pela maior precisão nos jogos de tiro, seja pela na maior complexidade de comandos dos games de estratégia e administrativos. 

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O plano é ousado, e nem um pouco fácil de ser executado. Será que a empresa conseguiu? Vejamos na nossa análise!


Design
Altos e baixos na construção desse modelo

O controle da Steam quer tomar o sofá, logo seu formato é o mais confortável possível nessa situação: o tradicional controle com duas hastes onde é feita a pegada, formato infalível desenvolvido em décadas de evolução da indústria de games. A grande mudança acontece nos comandos principais: no lugar dos tradicionais D-Pads, alavancas ou botões, dois círculos com uma leve textura tomam o espaço “mais nobre” do design, aquela altura onde os polegares naturalmente se posicionam ao segurá-lo.

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A interação é feita de uma forma que remete aos trackpads de notebooks, com a possibilidade de deslizar os polegares nessa superfície e também clicar. Gamers de smartphones ou quem tentou jogar no trackpad dos notebooks sabe que a experiencia não é ideal por falta de feedback dos comandos, algo indispensável para um bom gameplay.

A Valve encontrou a solução para esse problema de uma forma bastante curiosa: criou artificialmente a resposta. Uma vibração e áudio são gerados para indicar ao jogador que os comandos sendo recebidos, o que cria uma possibilidade muito interessante ao tornar esse feedback em algo configurável. Por sinal, vá se acostumando com essa palavra. Configurável é a palavra-chave desse controle.

No restante, ele passa a ser mais próximo do tradicional. A frente do controle conta com uma alavanca, um botão central para liga/desliga e ativar o Steam, dois botões ao lado menores atuando como os tradicionais select/start e um conjunto de quatro botões no mesmo esquema do Xbox, com “X”, “Y”, “A” e “B”. Por contra do pouco espaço que restou, tanto a alavanca quanto os quatro botões têm dimensões bem reduzidas. Outro comando possível são os movimentos, detectados por um giroscópio.

Na parte de trás temos o tradicional LB e RB e os dois gatilhos, que são bastante curtos, o que não torna o controle uma boa pedida para os fãs de games de corrida. A novidade são dois novos comandos na parte de trás, na região onde os dedos se apoiam para segurar o controle. É bem acessível e funcional.

Não vou entrar no mérito do assunto pilha vs bateria, sendo que há divergências entre o pessoal que acessa o site. Para os partidários das pilhas, a vantagem é poder trocar facilmente o jogo de pilhas e deixar um carregando enquanto joga com outro. O fim da vida útil das pilhas também não vira o fim da vida útil do controle, diferente dos modelos com bateria interna. Para o pessoal da bateria, a vantagem é a autonomia superior e o conforto de não ficar abrindo o controle e se preocupando e carregar pilhas. Vou escapar da confusão e deixar por conta do leitor decidir os méritos da opção feita pela Valve: o Steam Controller vem com espaço para duas pilhas, e apesar de dois contatos dourados na parte interna, não há nada oficial por parte da empresa que acessórios ou baterias estão a caminho.

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Os acabamentos não são o grande destaque. Os trackpads, botões e os locais onde é segurado o controle têm bons materiais e são confortáveis ao uso, mesmo por longos períodos. Porém muitos encaixes não são precisos, algumas pontas são mal encaixadas enquanto alguns botões são mais barulhentos que o desejável. 

As inovações do controle da Steam se apoiam em dois pilares: a nova interação via dois trackpads e a facilidade (e incentivos) para o remapeamento dos comandos

 

Como um todo, o controle traz comandos interessantes com os trackpads e o giroscópio, mas também tem uma ausência importante: nada de D-Pad. Fãs de games de luta devem ter ficado ressabiados com essa informação. Então, como fica jogar nesse controle? Hora de colocar o Steam Controller pra jogar!


Gameplay

Nossas impressões em diversos gêneros

Cada periférico tem suas qualidades e suas deficiências em diferentes gêneros. Então vou separar a experiência por estilos de games.

Jogos de tiro: o novo trackpad mostra seu valor nesse estilo. Fazer a mira com os comandos da direita é bem eficiente, e mesmo sem feedbacks físicos “naturais”, a vibração e áudio funcionam muito bem. A possibilidade de configurar a aceleração e sensibilidade ajudam a encontrar um balanço ideal para seu gosto. Outro toque especial é o gatilho curto e que possui um clique ao final do movimento, um feedback bem interessante para seus disparos.

As customizações são muito interessantes, e em “Metal Gear Solid V: The Phantom Pain” vejo pela primeira vez o real potencial do controle. Em um dos ajustes criados pela comunidade, o giroscópio pode ser usado para fazer o “ajuste fino” na mira, uma mecânica muito interessante e que deixou os tiro muito mais precisos.

Enquanto muito jogos precisam incluir de forma falsa o balanço natural dos braços, a alta precisão do giroscópio do Steam Controller inseriu esse aspecto de uma forma muito mais “orgânica”, afinal ele recria o balanço real de minhas mãos. Imaginou o potencial em games como “Sniper Elite“?

Luta: o primeiro estilo que testei gerou também uma das piores primeiras impressões que já tive em um gadget. O controle é uma catástrofe em games de luta, resultado da falta de um D-pPad e a inexistência de uma configuração para os trackpads capaz de compensar essa falta. O jeito é ir com a alavanca e os botões tradicionais, em uma experiência tão ruim que senti saudades de usar os meus controles de Xbox 360 (um controle que já não tem boa fama quando assunto é games de luta).

O Steam controller é inútil em games de luta

Estratégia: chegamos a um ponto crítico dos controles, com games que envolvem administração de cidades, recursos e tropas. É nesse gênero que existe a maior dificuldade de substituir as interações com teclado e mouse, com uma quantidade absurda de botões e a alta precisão do mouse, pelo confortável mas menos eficiente formato para jogar no sofá.

Aqui os trackpads mostram seu potencial: os comandos são precisos o bastante para jogar um RTS, selecionar e deslocar trocas, gerenciar recursos e navegar pelo mapa, tudo graças ao trackpad e sua boa atuação como um mouse. Por conta do alto poder de customização no mapeamento do controle, você obviamente ainda não conta com as mais de 100 teclas de seu teclado, mas pode compensar parte dessa deficiência configurando os botões mais essenciais do gameplay para comandos do controle, deixando para clicar nos botões da tela apenas os menos relevantes.

Pela primeira vez temos um bom controle para jogos de estratégia. Mas o teclado e mouse ainda deixam saudade

 

Apesar de ser possível, e com certeza ser muito melhor do que jogar esse gênero em um controle de Playstation ou Xbox, o Steam Controller não evoluiu o suficiente para se tornar um substituto do teclado e mouse nesses gêneros, que seguem imbatíveis como a forma de interação mais eficiente e confortável para jogar games como “Anno 2205“, a série “Total War” ou até clássicos como “Age of Empires II HD“. Você até consegue jogar esses games no Steam Controller, mas esteja ciente de que perderá desempenho.

Plataforma: assim como os games de luta, os games do gênero plataforma costumam demandar resposta rápidas e precisas, e novamente o D-Pad faz falta. Apesar da alavanca ser uma das formas de interação utilizadas nesse gênero, muitos gamers preferem o rápido e eficiente D-Pad na hora de dar os comandos, e o trackpad não é capaz de atender a essa demanda. Quando utilizado em sua forma “clicável”, ele é muito lento, enquanto que se configurado para reagir apenas ao simples toque, fica faltando um feedback mais expressivo.

Em vários momentos um D-Pad convencional faz falta

Corrida: vasculhando as configurações em Project Cars deu para encontrar muita coisa interessante, com diferentes ajustes de sensibilidade para jogar com o trackpad ou até mesmo colocar o giroscópio para funcionar e ficar girando o controle como se fosse um volante, algo que se funcionou muito bem. Depois de passar por todos esses jeitos exóticos, no final acabei voltando para a direção através da alavanca, que segue infalível em controles.

O que fez falta foi um gatilho um pouco mais longo. Mesmo sendo bastante sensível, e com ativação praticamente imediata, por conta da pouca área útil de deslocamento é difícil controlar a aceleração, e correr da chuva foi pedir para derrapar constantemente. Dá para usar um ajuste que torna o trackpad da direita em seu acelerador, e aumenta o controle na progressão que você pisa no acelerador. Mas aí o difícil foi se acostumar a jogar dessa forma. 


Customizações

Quando remapear não é um adicional, mas a essência de um controle

Possibilitar a mudança da forma como o controle opera não é novidade. O Xbox deve trazer esse recurso, e fabricantes como Razer têm seus modelos com ajustes que vão desde o remapeamento de botões até a mudança física desses inputs. O que muda com o Steam Controller é que essa é a primeira vez que a alteração na forma de operar de um periférico não é apenas um adicional: ele é a essência da experiência com o gadget.

O Steam Controller já possui configurações padrão para os games, sendo que em alguns momentos ele é entendido como um mouse e teclado pelo sistema, em outros mimetizando o controle do Xbox. Porém é muito raro essa primeira configuração agradar: seja um botão com configuração estranha, seja por algum ajuste fino na sensibilidade e aceleração do trackpad, o usuário é praticamente impelido a entrar na interface de ajustes e fazer suas mudanças. 

Ajustar o Steam Controller não é uma opção. É uma necessidade

 

Isso não chega a ser um grande problema graças a facilidade de acesso à interface de configuração. Basta abrir o overlay do Steam e acessar a opção “Configuração do controle”. Em uma tela bastante simples ficam todos os comandos, que são facilmente remapeados. Além dos tradicionais teclas e botões, até o giroscópio pode ganhar funções nesses ajustes.

A principal sacada da Valve foi incorporar o conceito de comunidade no desenvolvimento desses perfis. Aplicando sua lógica bem-sucedida em mods e games indies, a empresa criou uma plataforma onde os usuário conseguem facilmente compartilhar e baixar perfis, em uma experiência inovadora. Essa é a primeira vez que “ajustar seu equipamento de combate” é uma da parte tão importante da experiência com um game. 

A Valve aceitou correr o risco, e nos resta aplaudir a iniciativa da empresa de tentar introduzir um periférico com uma nova proposta. O mundo não precisa de mais uma variante do controle do Xbox, e ver uma empresa com peso na indústria dos games buscando algo diferente é muito interessante.

O maior problema do Steam Controller é não cumprir a promessa impressa na caixa. O “Play all your games from your couch” (equivalente a “jogue todos seus jogos de seu sofá) até pode ser feito, mas o resultado não é satisfatório em diversos games. Franquias dentro de gêneros como luta e plataforma definitivamente não são uma boa pedida para esse controle sem um D-Pad.

Com a difícil missão de tentar trazer os games que dependem de mouse e teclado para a sala, o Steam Controller não é capaz de substituir esses periféricos clássicos do PC com o mesmo nível de fluidez e eficiência, mas em compensação a nova interação através dos trackpads fazem desse o primeiro controle que consegue encarar games de estratégia e administrativos com um grau suficiente de eficiência.

O controle da Steam paga o preço de buscar inovar. Os controles do Playstation 4 e Xbox One são resultado de anos de evolução da indústria e do formato consagrado, e por conta disso possuem uma versatilidade capaz de encarar praticamente qualquer estilo de gameplay. Tirando o tradicional D-Pad para dar lugar ao trackpad, para assim “perseguir” os games que dependem do mouse, o Steam Controller acabou abrindo novas possibilidades ao mesmo tempo que excluiu outras.

Se você é aquele entusiasta que modifica seus games ou se perde dentro das configurações dos comandos, tentando ajustar cada milímetro, esse é o seu controle

O incentivo ao remapeamento e novas formas de operar o controle é algo sem precedentes, e deve ainda render muita coisa interessante na medida que mais usuários criam novos perfis de uso ou até mesmo desenvolvedoras de games criem novos mecanismos buscando explorar essas possibilidades. Porém, análises não podem viver do futuro, e nesse exato momento é difícil indicar o Steam Controller como seu controle para jogar no PC.

Outra falha grave é relacionada ao seu funcionamento fora do Steam. O controle leva a sérios seu nome, o “Controle da Steam”. Ele possui uma ação bastante limitada fora da plataforma da Valve, não trazendo o ecossistema de configurações em jogos de outra plataformas como a Origin, Uplay ou GOG. Isso significa uma quantidade considerável de franquias que não terão um suporte de configurações e que serão tratados apenas como “mouse e teclado”, o que dificulta consideravelmente os ajustes e que faz o controle perder toda sua capacidade de ser um gadget intuitivo para modificações.

O Steam Controller leva seu nome muito a sério, e fora do Steam é entendido apenas como um teclado e mouse pelos games. Todas as possibilidades de ajustes também ficam bem menos acessíveis

 

Adquirir o modelo do Xbox One ou o do Playstation 4 ainda seguem como as escolhas mais indicadas, atuando como complementos de um teclado e mouse sem fio (caso queria jogar no sofá). Tentar achar um jeito de usar confortavelmente o tradicional mouse+teclado na sala ainda é algo melhor que ficar “batendo cabeça” com os ajustes desse controle que, independente de suas evoluções, ainda não alcança o nível de qualidade da interação clássica dos PCs.

O Steam Controller  é o cara para quem realmente quer jogar games de estratégia e outros em que a interação é feita por mouse e teclado, e que aceita perder um pouco da eficiência de seus comandos para ganhar o conforto de jogar do sofá. Também irá atender bem aquele entusiasta que modifica seus games, mexe nos arquivos fonte ou se perde dentro das configurações dos comandos, minuciosamente alterando cada aspecto. Se esse é seu perfil, esse é o seu controle. Para quem quer só sentar, ligar o PC e se divertir, sem ficar passando trabalho com ajustes, passe longe do Steam Controller.

Quer só sentar e jogar? Passe longe do Steam Controller

 

Prós

Trackpad com ótimo feedback

Conceito inovador de comandos

Alto poder de customização

Ecossistema de novos ajustes

Giroscópio responsivo e preciso

Contras

D-Pad faz falta

Não serve para todas as franquias

Gatilho curto

Bastante barulhento

Demanda uma curva de aprendizado e ajustes do usuário

Raramente a configuração padrão é convincente

Atuação limitada fora do Steam

Conclusão

{notas}

 

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