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Já tem alguns anos que a série “FIFA” é a líder absoluta do mercado de jogos de futebol. Depois da Konami dominar toda a geração do PS2, as coisas mudaram com a chegada de PS3 e Xbox 360, e seguiram assim na geração atual. Só que a série “Pro Evolution Soccer” está evoluindo de maneira acelerada a cada ano, diminuindo cada vez mais a distância para a série da EA Sports.

Enquanto isso, a produtora canadense pouco tem feito para revolucionar os games de sua série, tomando a mesma postura conservadora que a Konami tomou na década passada. O resultado dessa estratégia são FIFAs que em pouco mudam o que foi apresentado no ano anterior, e ficam muito longe de revolucionar a série da maneira que acontecia, ano após ano. Nós sabemos que “FIFA 16” foi desenvolvido com a mesma filosofia em mente. Também sabemos que foram várias as mudanças e refinamentos na jogabilidade, assim como em diversas outras áreas. Mas isso justifica um lançamento anual? Confira na análise abaixo:


Gráficos
Pequenas melhorias e futebol feminino bastante fiel

Em “FIFA 15“, a EA promoveu uma forte renovação nos gráficos da série. Claro, “FIFA 14” para PS4 e Xbox One já trazia novidades como melhores texturas e modelação de corpos mais realista para os jogadores. Mas “FIFA 15” melhorou esses pontos, e trouxe mais uma série de outros avanços. A iluminação foi retrabalhada, a paleta de cores ficou mais fiel e natural ao que se vê na vida real e o gramados começaram a ficar com as marcas das travas das chuteiras em tempo real – algo que deixa as texturas ainda mais realistas.

Outro detalhe que fica como legado da edição passada são ângulos de câmera idênticos aos utilizados nas transmissões de TV. Para “FIFA 15” (calma, já explico porque falo tanto da edição passada), a EA Sports estudou as técnicas utilizadas pelos profissionais responsáveis por filmar as partidas e aplicou isso no game.

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“FIFA 16” não traz muitas novidades em relação a isso. Eu consegui perceber coisas leves, como melhoria na simulação de tecidos dos calções, que agora balançam de maneira mais natural e, especialmente, em cabelos mais compridos. Isso provavelmente foi implementado para coincidir com a chegada do futebol feminino, já que a maioria das jogadoras usam cortes mais longos. Há coisinhas mais leves, como novos efeitos de clima e a adição do famoso sprayzinho do árbitro, que depois da Copa do Mundo de 2014 finalmente foi adotado na Europa – e já era utilizado há tanto tempo no Brasil.

Falando nas mulheres, seu esporte está representado de maneira incrivelmente fiel. Muitas das jogadoras foram capturadas com a tecnologia mais recente da EA, o que resulta em rostos muito fiéis. A modelagem dos corpos foi muito bem feita, e consegue as distinguir bem dos homens – algo que, acredite ou não, a EA tinha medo de não conseguir fazer na engine da geração passada.

Apesar disso, poderia haver mais variedade nesse quesito, já que os homens possuem cerca de 10 combinações diferentes nesse quesito, que incluem parâmetros como magro, médio ou acima do peso. No caso das atletas, claramente há menor variedade nesse quesito. Outra crítica fica para a falta de modos de jogo de futebol feminino. Há apenas amistosos offline, amistosos online e uma espécie de Copa do Mundo offline.


Jogabilidade
Mudanças em busca do realismo

Na análise de “FIFA 15“, eu reclamei da falta de mudanças consideráveis na jogabilidade em relação ao game anterior. De fato, o game não trouxe nenhum grande recurso ou algo do tipo. Mas o que era difícil de perceber nas poucas horas de jogo que eu tinha até o momento eram os péssimos ajustes finos que a EA tinha feito. Depois de algumas semanas de jogo, os jogadores do modo online já haviam descoberto o quanto aquele game valorizava os jogadores mais velozes. Isso sem contar os problemas na inteligência artificial e nos controles do zagueiros, que muitas vezes ficavam impotentes frente a velocistas habilidosos como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

A maior parte dos esforços da EA Sports em “FIFA 16” envolveu ouvir a comunidade e entender os principais problemas na jogabilidade. Isso resultou numa série de mudanças em todas as áreas do campo, o que resultou num gameplay bem mais balanceado. Os mais beneficiados por isso foram os zagueiros, que estão bem mais ágeis (não confunda com mais velozes), assim com mais inteligentes. Eles ganharam melhor inteligência artificial e não cometem mais os mesmos erros de posicionamento irreais de “FIFA 15”. Há também alguns recursos extras, como a possibilidade de controlar a distância do carrinho. Para aproveitar o embalo e levantar durante o carrinho, basta apertar X (Xbox One) ou Quadrado (PS4) novamente.

Essas mudanças também afetam volantes e laterais, que agora estão bem mais espertos para interceptar passes e lançamentos. Isso faz com que seja necessário pensar muito mais as jogadas, trocando passes até que surja uma oportunidade de drible ou de um lançamento incisivo, assim como acontece na vida real. O resultado são partidas muito mais brigadas no meio de campo, demandando um pensamento mais tático por parte do gamer. Claro que ainda é possível jogar no contra-ataque, mas isso é muito mais viável com um time que utilize o método na vida real. Ou com uma equipe menor, que tem aí sua única alternativa.

Os meias ofensivos e os atacantes não foram esquecidos, e agora trazem alguns novos truques na manga. O No Touch Dribbling (segurar LB/L1), por exemplo, traz uma maneira mais dinâmica de dar fintas com o corpo, sem tocar na bola. Isso é inspirado no estilo de jogo de grandes dribladores, como Messi e Neymar, mas não é algo necessariamente novo. Já era possível dar fintas com o corpo, mas usando os dribles do analógico direito, que não fluíam tão bem.

Há também opções de passar a bola mais forte (RB+A/R1+X) para ela passar por espaços mais estreitos na defesa, de realizar cruzamentos com mais curva e novas trajetórias para chutes. Nada revolucionário, mas são novidades bem-vindas. Um último detalhe é o FIFA Trainer, que dá dicas pontuais, baseadas no contexto da partida, do melhor comando para utilizar em determinado momento. Isso é dirigido para jogadores menos experientes, que ainda estão aprendendo a jogar. A EA diz que pode ajudar os mais experientes também, mas eu achei que tanta coisa na tela mais atrapalha do que ajuda. Ao apresentar brevemente o jogo para alguns amigos que não conhecem a série, eles acharam que o recurso tinha sua função, mas ainda assim poderia ser mais discreto.

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Áudio


Narração em paridade com a versão original

O trabalho da EA continua forte na tentativa de ampliar a variedade de sons que você encontra no game. Segundo a empresa, foram adicionados cerca de 900 novos cantos de torcida do mundo inteiro. Pelo o que eu percebi, os únicos dois times brasileiros com cantos próprios são Palmeiras e São Paulo. Talvez isso se deva ao fato de que, na época em que foram capturados, o escritório da EA Brasil ficava em São Paulo, o que facilitava o trabalho com os clubes da cidade. Além destes dois, o Corinthians também tinha gritos de torcida próprios da última vez que esteve presente, em “FIFA 14”.

Mas a parte que os brasileiros mais devem apreciar está na narração em português do Brasil, que segue a cargo de Tiago Leifert e Caio Ribeiro. Sinceramente, desde a primeira vez que eu vi a dupla trabalhando, eu não imaginava como poderia dar certo, até porque não sou nem um pouco fã de nenhum dos dois na televisão. Porém, no game, eu diria que a parceria funcionou muito bem, dando um clima mais leve e que combina bastante com uma produção do tipo.

Em “FIFA 16”, o estúdio que promove a dublagem obteve algo do qual eles realmente podem se orgulhar: eles finalmente alcançaram a paridade total com a narração original em inglês. Ou seja, tudo que o narrador que o comentarista da versão em inglês fala, eles falam também. A versão brasileira só não possui alguns extras, como o especialista que comenta as lesões ou o plantonista que dá resultado dos outros jogos.

Tirando isso, é um barato jogar o modo carreira e ouvir eles falando informações bastante detalhadas sobre o seu time. Por exemplo, eu iniciei uma carreira com o Borussia Mönchengladbach. Além da dupla falar o nome de boa parte dos atletas, eles ainda falam coisas do tipo: “O Borussia Mönchengladbach chega forte para esse jogo, depois de vencer o Stuttgart por 2 a 1”. Ou quando eles comentam as principais transferências do mercado: “O Arsenal confirmou essa semana a contratação de Petr Cech”, fala Tiago Leifert, enquanto na tela aparece o valor que o clube pagou por ele.

A trilha sonora segue com a competente mistura de novos artistas independentes, especialmente de indie rock e de música eletrônica, com alguns nomes mais conhecidos, como Bastille, Beck e Disclosure. Para mim, as trilhas sonoras estão entre os detalhes que realmente destacam a série da EA esteticamente de “PES” e “Winning Eleven”, mesmo nas épocas em que as séries da Konami eram tecnicamente melhores. Até hoje, tenho a seleção de músicas de “FIFA 12” como uma favorita pessoal, e reconheço a habilidade do pessoal da EA Sports em encontrar excelentes talentos desconhecidos, ou até boa músicas de artistas que acabaram não virando singles.


Modos de jogo e multiplayer


Uma nova carreira

Mesmo com as evoluções de “Pro Evolution Soccer” nesse quesito, os variados e divertidos modos multiplayer da série “FIFA” costumam figurar entre as principais vantagens sobre a série concorrente. A maioria dessas modalidades continuam intocadas, como é o caso do Temporadas, do Pro Clubs e dos Amitosos Online. Porém, o modo mais popular de todos, o FIFA Ultimate Team, ganhou uma novidade. Trata-se do FUT Draft, onde você recebe cinco dos melhores jogadores do mundo para cada posição e joga uma série de quatro partidas, onde é possível vencer algumas recompensas. Para entrar num torneio do tipo, é preciso gastar 15 mil moedas, 300 FIFA Points ou 1 Token de Draft, que os usuários podem ganhar em pacotes.

Nos modos de jogo offline, a EA nunca escondeu que o queridinho é o Modo Carreira. E como ele ganhou atenção neste ano. A primeira mudança já é percebida logo no comecinho da carreira. Os times agora são convidados a disputar torneios amistosos no início de cada temporada, com grandes prêmios em dinheiro sendo distribuídos para os vencedores. Esse dinheiro é, inclusive, adicionado ao orçamento de transferências, para que seja gasto na melhora do nível técnico da equipe.

Outra novidade é o chamado Player Training, onde dá para cadastrar até 5 treinamentos especiais e dedicados para seus jogadores. Dá para colocar o mesmo atleta para treinar mais de um fundamento, mas não é possível melhorar duas vezes a finalização, por exemplo. Isso dá uma maior complexidade para o Modo Carreira, permitindo que você melhore as deficiências de seus atletas, ao invés de depender o sistema de melhora aleatório das outras versões.

Juntando todas essas novidades com as melhorias na narração e nos comentários em português, e o refinamento na inteligência artificial, pode-se dizer que o Modo Carreira chega bem renovado para esta temporada, o que potencialmente justifica o interesse de gente que, como eu, jogou o modo no “FIFA 15”, no “FIFA 14”, no “FIFA 13″…

Ainda mais que, depois da Premier league ganhar um tratamento especial no ano passado, agora foi a vez da Bundesliga (o Campeonato Alemão). Você vai encontrar toda a arte usada nas transmissões oficiais de TV, junto de seis estádios licenciados, o que já resulta num nível de autenticidade bem legal. Dá para ter esperanças de que o Campeonato Espanhol seja o próximo da lista e de que, num futuro próximo, todas as principais competições do game recebam o mesmo tratamento. Quantos aos times brasileiros, a situação ficou bem complicada. Todos estão no Resto do Mundo, o que quer dizer que nem liga sequer eles têm. Caso você queira jogar a carreira com eles, tem que colocar todos num outro campeonato, com o Chileno, por exemplo.

Mais uma vez, a EA Sports decidiu ir pelo caminho mais seguro não inovou. “FIFA 16” pode ser um excelente game de futebol, pode ter gráficos bastante competentes e pode até ter um multiplayer divertidíssimo. Mas, no fim das contas, o jogo é muito parecido com “FIFA 15”, que já era muito parecido com “FIFA 14”. Não há uma revolução na maneira como jogamos futebol virtual, não há grandes evoluções em nenhum aspecto do game.

Enquanto isso, a Konami segue melhorando “Pro Evolution Soccer”, diminuindo a distância que um dia já foi enorme para a série FIFA. Isso quer dizer que você não deveria comprar FIFA 16? Talvez. Só que talvez as centenas de modificações na jogabilidade, que certamente deixaram o game mais realista – porém menos dinâmico – e as novidades do Modo Carreira e no Ultimate Team sejam suficientes para te fazer jogar a série por mais um ano. Mas até quando?

Conclusão

 

{notas}

 

Prós

Jogabilidade muito mais realista

Gráficos continuam competentes

Narração em português bastante completa

Adição do futebol feminino

Contras

Faltam inovações

Não há liga para os times brasileiros

Sem novos modos de jogo

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