Índice do Artigo

Ah, os games independentes… Tantas vezes ignorados e comumente desprezados pela maioria dos jogadores só porque não levam a marca de produtoras renomadas ou de franquias consagradas. Mas como “é nos menores frascos que se encontram os melhores perfumes”, “Ori And The Blind Forest“, produzido pela Moon Studios, é mais uma prova de que esse nicho pode dar muito certo e ser até melhor do que vários medalhões por aí.

Esta é uma das aventuras mais tocantes, emocionantes, graficamente exuberantes e desafiadoras já criadas nos games e qualquer jogador que se preze deveria jogá-la o quanto antes. Abaixo você confere a análise de “Ori And The Blind Forest”, baseado na versão para  Xbox One. O jogo também está disponível para PC.  


O espírito órfão de uma fábula emocionante

Ori And The Blind Forest” conta a história de Ori, um espírito materializado que foi adotado por Naru, uma espécie de urso que há muito tempo vivia em uma floresta encantada. Certo dia, a escassez de comida e água dizimam os recursos naturais do local, causando a morte Naru. Ori se vê sozinho na imensidão verde e assume a responsabilidade de explorar a floresta para sobreviver e, com um pouco de sorte, trazer Naru de volta para perto de si.

Pode até parecer uma premissa bobinha e clichê, como se fosse mais um entre as centenas de contos de fadas que já apareceram nos games. Mas não aqui. Logo nos primeiros minutos o game mostra a que veio: esse é daqueles tipos de jogos que conseguem criar uma conexão especial com o jogador, trazendo momentos bem marcantes, emocionantes e que tocam em alguns dos sentimentos mais genuínos que uma pessoa pode ter. Basta jogar e se deixar levar pela experiência para entender e sentir o envolvimento instantâneo com a obra. 

O grande trunfo da história está na forma de apresentar os acontecimentos. A narrativa é trabalhada cuidadosamente para nunca soltar as informações de uma só vez, conseguindo sempre manter o interesse do jogador sobre o que pode vir a seguir. Os diálogos são narrados pela floresta usando uma linguagem ancestral própria, o que instantaneamente gera uma imersão diferenciada porque ela não se assemelha a qualquer idioma próximo da nossa realidade. Também não existem animações super elaboradas explicando a trama e os poucos textos (legendados em português) que aparecem são curtos, nunca deixando a aventura se tornar cansativa, apelativa ou forçadamente artística.        


Explorando o coração impuro da floresta encantada

A jogabilidade de “Ori And The Blind Forest” traz, na essência, uma excelente combinação de elementos dos gêneros plataforma, aventura, RPG, puzzle e hack 'n slash. É muita coisa para um jogo só? Definitivamente não. O resultado dá absurdamente certo e tem identidade própria, sem parecer cópia de outras aventuras fantasiosas ou games indies já lançados anteriormente.

Plataforma e aventura porque você deve explorar todos os cantos na busca do próximo segredo ao mesmo tempo em que passa por diversos obstáculos, protegidos por armadilhas e posicionados em locais bem estratégicos. O design de fases dos cenários do jogo são interconectados de forma inteligente e criativa, lembrando bastante o estilo dos clássicos “Super Metroid” ou “Castlevania: Symphony of the Night“, sendo que cada área nova visitada tem um jeito único de atravessar esses obstáculos. Pular, se mover lateralmente, alcançar passagens secretas, empurrar objetos e escalar paredes são alguns dos movimentos iniciais que Ori pode realizar. Com o tempo, é possível desbloquear novos movimentos para o personagem, que deve achar as fontes desses novos poderes em locais bem guardados.    

YouTube video

RPG, puzzle e hack 'n slash porque, enquanto explora a imensidão da floresta encantada e descobre seus lugares mais místicos, vai encontrando diversos tipos de inimigos que, quando derrotados, fornecem experiência. Quando juntar uma certa quantidade de pontos, é possível comprar melhorias que afetam atributos como ataque, força, recuperação mais rápida e mais barras de vitalidade e de energia especial. Tudo isso distribuído por um ótimo sistema de evolução de habilidades que instiga o jogador a continuar batalhando para desbloquear uma vantagem que poderá ser decisiva em um trecho específico do cenário. E como os inimigos reaparecem em pouco tempo depois de serem derrotados, a oferta de experiência pelo jogo é bastante farta. Por isso, só vai reclamar da dificuldade dos combates quem não treinar o suficiente.

O desafio constante da aventura é que pode afastar alguns jogadores. Por isso esteja avisado e conforme-se desde já: você vai morrer muito. Não há como se livrar desse destino. Isso é parte intrínseca da experiência, que exige que o jogador descubra o desconhecido e supere as armadilhas experimentando todas as variantes possíveis, utilizando todos os recursos e habilidade aprendidos até aquele trecho. O interessante é que, de forma semelhante como acontece na série “Dark Souls“, o jogo não apela contra: como os comandos são extremamente precisos e bem distribuídos pelo controle, a culpa por morrer, por mais singela que seja, é sempre exclusiva do jogador. Por ser tudo extremamente bem pensado e encaixado, a mecânica do jogo nunca é injusta e não é passível de deslizes. A (falta de) habilidade e a (falta de) paciência humana, são.   

Se as armadilhas naturais não são o suficiente para desafiar o jogador o tempo inteiro, ainda existe um sistema de saves que adiciona um pouco mais de volume e estratégia ao game. Com a energia espiritual de Ori, é possível criar checkpoins em qualquer ponto estático da aventura. E como é o jogador que decide onde deve colocar cada um desses pontos, cabe a você analisar cada trecho e suas armadilhas, utilizando o princípio da descoberta do desconhecido, para poder vencê-las sem ou com muito sufoco. O ideal, claro, é posicioná-los de forma inteligente entre os obstáculos para aliviar temporariamente o estresse mental. Mas haverá trechos em que será preciso passar longos trechos mostrando habilidade pura. Além disso, essa mesma energia espiritual é usada para quebrar objetos maiores e abrir portais extras, agregando mais estratégia na hora de decidir qual será seu próximo passo. Percebeu que, com isso tudo, um jogador poderá ter uma experiência diferente de outro? 🙂 


Um primor artístico áudio-visual digno de todos os elogios

“Ori And The Blind Forest” é um jogo completo em todos os quesitos. Mas o que chama mesmo a atenção nos primeiros minutos da aventura são os gráficos. É impossível não se impressionar com a beleza visual do título, que simplesmente ignora o óbvio realismo dos jogos mais modernos para se concentrar no resultado que uma direção artística mais criativa é capaz de fazer. Este é não só um dos jogos indies mais bonitos já feitos, mas também um dos games artisticamente mais bem trabalhados de todos os tempos. Cenários, personagens e inimigos são riquíssimos em detalhes, bem coloridos e vívidos. Texturas e efeitos efeitos de luz e sombra complementam o vigor visual, que encaixa perfeitamente bem com a proposta fantasiosa da temática.    

YouTube video

O áudio segue este mesmo padrão elevado. Começando pela trilha sonora, é também impossível não se envolver com as melodias, que são emocionantes e tocantes na maior parte do tempo, mas sendo também agressivas, intimidantes e misteriosas nos momentos mais oportunos. Por conta dessa variedade bem casada, a magia da temática fantasiosa é resgatada a cada nova área descoberta ou visitada. Além disso, o jogo mal tem diálogos: os únicos existentes são de uma linguagem própria narrada pela Floresta que dá nome ao título. E mesmo que não haja dublagem em português (apenas legendas), é mais que o suficiente para ser extramente imersivo e marcante, também já nos primeiros minutos de jogatina.        

“Ori And The Blind Forest” é um dos melhores games indies já feitos e certamente também já figura entre os melhores jogos de 2015. Todos os quesitos se completam e divertem na medida exata em que um jogo eletrônico precisa oferecer em termos de conteúdo, história, jogabilidade, design de fases, gráficos, áudio, desafio e segredos para descobrir.

{notas}

Prós

Gráficos artísticos incríveis e bem detalhados

Jogabilidade mistura plataforma, RPG, aventura, puzzle e hack 'n slash

Trilha sonora encantadora e emocionante

Design de fases variado, criativo, inteligente e desafiante 

Sistema de evolução bem encaixado à proposta

Explorar cada canto é uma sensação única

Contras

Dificuldade em alguns trechos pode irritar e afastar alguns

Chefes não são marcantes

Participe do grupo de ofertas do Adrenaline

Participe do grupo de ofertas do Adrenaline

Confira as principais ofertas de hardware, componentes e outros eletrônicos que encontramos pela internet. Placa de vídeo, placa-mãe, memória RAM e tudo que você precisa para montar o seu PC. Ao participar do nosso grupo, você recebe promoções diariamente e tem acesso antecipado a cupons de desconto.

Entre no grupo e aproveite as promoções