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ANÁLISE: Silent Hill HD Collection (PS3)

A Konami é dona de franquias poderosas na indústria dos jogos eletrônicos. Da mesma forma como fez dignamente com “Metal Gear Solid HD Collection“, a companhia decidiu lançar a coletânea “Silent Hill HD Collection“, com “Silent Hill 2” e “Silent Hill 3“, dois clÁssicos do Playstation 2, no pacote.


Adianto que, para os que nunca tiveram oportunidade de jogar um game sequer da série, aqui estÁ a oportunidade de conhecer o porquê de tantos elogios que os games (quase) sempre receberam, pois os dois episódios são mesmo excelentes, consideradas referências mÁximas no gênero. Para os fãs mais exigentes, contudo, a história pode mudar, pois as modificações trazidas com a remasterização modificaram, não exatamente para melhor, o visual e o Áudio que os jogos tinham originalmente.

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Mas ainda existem outras questões a serem debatidas nesse meio termo, e serão abordadas independentemente em tópicos específicos sobre cada jogo. Quer saber que questões são essas? Leia a anÁlise nas pÁginas a seguir para conhecer toda a polêmica que estÁ deixando milhões de seguidores mundo afora descontentes.

Provavelmente o capítulo mais adorado entre os fãs (o segundo melhor, na minha opinião), “Silent Hill 2” possui um enredo muito cativante com um desenvolvimento instigante. Sem entregar muito, James Sunderland recebe uma carta misteriosa da sua esposa morta, Mary. Endereçada para a cidade que dÁ nome ao jogo, o protagonista, assolado com a falta da sua amada, não vê outra solução a não ser encarar de frente o grande mistério. Chegando ao local, conhece Maria, que se assemelha muito à sua amada, exceto pela sua vestimenta e personalidade.

Esta é somente a ponta do iceberg da densa história do jogo. Para entendê-la com grande detalhismo, é necessÁrio que se tenha uma bom conhecimento de uma língua estrangeira (inglês ou espanhol), pois a quantidade de informação contida em arquivos, livros ocultos e diÁlogos é imensa. Espere por reviravoltas emocionantes, referências históricas e religiosas nos eventos. Ao todo, são seis finais diferentes, que são destravados conforme a variação das ações do jogador durante a partida. Existe, inclusive, uma finalização com enfoque em abduções alienígenas, algo bem típico da franquia.

JÁ os controles do game podem dividir opiniões. Os estreantes na série certamente dirão que tudo é muito travado e o sistema de combates é bastante limitado. De maneira simplória, concordo com tudo: para os padrões de jogabilidade, movimentação e liberdade dos comandos da maioria dos jogos da atualidade, jogar “Silent Hill 2” causa grande desconforto num primeiro momento. Os comandos são consideravelmente duros e a posição da câmera nem sempre ajuda na sua jornada, causado algumas perdas de direção no meio do caminho.

Contudo, temos que considerar que os personagens da série sempre foram tratados como seres humanos comuns, desprovidos de habilidades motoras para carregar uma arma, atirar, deslocarem-se rapidamente e dar pauladas sem se cansarem. É dessa maneira que funciona. Portanto, caminhar, correr, atirar ou bater com qualquer tipo de objeto têm sua cadência programada para funcionar daquele jeito. Não adianta pensar que os tiros sairão sem alteração dos movimentos, ou as pauladas serão repetidas à exaustão frenética. Não, não existe stamina ou derivados, mas é com esse tipo de mecânica que é preciso se acostumar. E isso, ressalto, não é nenhum problema aparente ou que prejudique a experiência como um todo. Os veteranos, por sua vez, logo reconhecerão essas condições e se sentirão “em casa”, prontos para mais uma aventura das boas.

Mas é no visual, o principal atrativo que justificaria o relançamento de um título sobre o pretexto de ser remasterizado em alta definição, que “Silent Hill 2” derrapa feio. Primeiro porque não parece exatamente que o jogo foi retrabalhado para se adaptar melhor à geração atual de consoles. Tenho a impressão de que, por incompetência mesmo da produtora Digital Foundry, características únicas da franquia se perderam pelo meio do caminho.

A escuridão excessiva, por exemplo, é uma delas. Tudo agora estÁ claro até demais: partes que antes eram impossíveis de ser vistas no jogo original, agora aparecem como partes incompletas de cenÁrios, o que causa uma sensação estranha de alocação desocupada dessas Áreas. E o mais estranho: algumas dessas Áreas foram preenchidas com fotos-montagem (colagens) ao fundo, que teoricamente substituiriam o vazio agora mostrado pela nova paleta de iluminação. Mas, as vezes, comprometem o clima de suspense e terror porque essas Áreas estão vivas demais e contrastam, de forma inoportuna, com a morbidade natural das paisagens.

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Sabe aquele granulado grÁfico que simula vulnerabilidade e sujeira, também dos cenÁrios? Pois é… ele também foi amenizado. Esse aspecto parece que foi “limpado” parcialmente, algo que deveria supostamente ajudar na remasterização e na identificação do jogador com a proposta. Infelizmente, essa adaptação não foi muito bem planejada. Todos que jÁ jogaram o segundo episódio sabem que um dos destaques do game é  mesmo o “chuvisco” granulado presente no visual. É ele quem ajuda a entrar de cabeça na bem explorada temÁtica de horror.

Fora isso, chega a ser frustrante a frequência de quedas na taxa de quadros do jogo. Fala sério: tantas remasterizações com execução excelente jÁ foram lançadas para o Playstation 3 (inclusive com 1080p de definição, 60 quadros por segundo e 3D estereoscópico) e a companhia resolve liberar uma coleção como essa? Inadmissível. Pior ainda fica quando breves travadinhas acontecem sem a menor explicação, entre uma tomada de câmera e outra, algo que jamais deveria acontecer, ainda mais depois de uma instalação de quase 4,5 GB no disco rígido do console e de uma atualização para corrigir possíveis defeitos que, ao que demonstram, ainda persistem.

Áudio

No Áudio, “Silent Hill 2” agrada em diversas ocasiões. Para os que acompanharam a ladainha entre fãs e produtora sobre a reposição das dublagens originais, fiquem tranquilos: todas as falas da versão original, depoimentos, vozes e atores estão aqui. Além disso, foi disponibilizada a dublagem secundÁria, que seria utilizada na versão final da coleção. Não é uma opção ruim, mas a primeira é realmente melhor e os mais nostÁlgicos logo sentirão sensações genuínas ao retornar à cidade macabra.

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Agora o destaque fica mesmo para a trilha sonora. Convenhamos que um dos pontos fortes da franquia sempre foram, não só a humanização dos personagens pelas dublagens muito bem trabalhadas, mas sobretudo pelas melodias, músicas e efeitos sonoros. Sendo assim, posso afirmar que a remasterização quase não deixa nada a desejar e toda a obra composta pelo mestre Akira Yamaoka estÁ presente em toda a sua grandeza. Infelizmente, pequenos probleminhas de volume inconstante (aumenta e abaixa inexplicavelmente) acontecem de veze em quando. Não é algo que arruina a experiência como um todo, mas evidencia a falta de cuidado do estúdio na conversão para HD.

O terceiro episódio é também um dos mais elogiados entre todos os que jÁ saíram na franquia. O enredo de “Silent Hill 3” não chega a ser tão denso ou marcante quanto “Silent Hill 2“, mas se levarmos em conta que se relaciona ao primeiro jogo da série (o meu preferido), jÁ temos um ótimo pretexto para jogar – ou rejogar, se este for o seu caso. Sem dar muios detalhes, 17 anos se passaram desde que Harry Mason, protagonista de “Silent Hill“, derrotou demônio responsÁvel pelas aberrações na cidade maldita. Heather, filha adotada do “herói”, é a personagem central do terceiro game.

No jogo, um misterioso detetive particular ronda a garota num shopping, local que acaba se transformado numa versão macabra em pouco tempo. Os eventos que acontecem a partir daqui instigam pelas reviravoltas e dosagem de informações que estão espalhadas por quase todos os cantos em livros, arquivos ou documentos. O desenrolar do enredo é um pouco lento no começo, mas logo engrena e quem jÁ estiver curiosíssimo por mais detalhes sobre a garota, o porquê dos seus pesadelos constantes e a vontade repentina dela de explorar a cidade macabra, não terÁ tempo para descansar.


Nos controles, a mecânica lembra qualquer um dos episódios da franquia e, pelos mesmos motivos de “SH 2 HD“, irÁ parecer um tanto ultrapassado para os padrões mais modernos. A fluência dos comandos aqui é realmente mais direcionada, sem muitos engasgos ou lentidão dos movimentos. Alguns probleminhas de câmera ainda persistem e, por vezes, se põem em locais que, em vez de ajudar no ritmo da exploração, acabam complicando em alguns caminhos com tomadas desnecessÁrias e passagens inusitadas. Mas não é nada que prejudique o rendimento geral e a cadência do horror da aventura.

Os puzzles continuam bastante interessantes. Para os novatos de plantão, é possível escolher a dificuldade tanto das batalhas como também dos quebra-cabeças, uma jogada acertada da Konami para tentar abraçar o maior número de pessoas possível. Além disso, não serÁ problema manusear armas de vÁrios tipos (ainda que com munição um pouco restrita) e muitas das vÁrias partes de exploração pela cidade foram diminuídas para economizar horas e ir mais direto ao gameplay. Elas ainda existem, mas não são assim tão livres e maçantes.

Considerado por muitos um dos jogos mais belos do Playstation 2, a remasterização aqui provou não ser tão capenga assim quanto mencionei em “SH2 HD“. A iluminação, é verdade, continua ainda um pouco mais clara, mas não chega exatamente a incomodar ou a transformar o jogo num outro tipo de proposta. Lembremos que “Silent Hill” é conhecida também pelos ambiente escuros, sujos, imperfeitos e humanizados, todas essas características continuam presentes.

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Além disso, alguns dos detalhes se sobressaem na tela e chamam a atenção em alguns cenÁrios. A definição de objetos diversos e texturas estão um pouco melhores e parecem aproveitar melhor o pretexto da alta definição da coletânea. O destaque mesmo fica para a modelagem dos personagens e o design dos monstros: ambos estão melhor trabalhados e mais variados. No primeiro, hÁ uma observação cuidadosa em relação à tradicional aparência não muito saudÁvel e vulnerÁvel dos personagens. As animações também não fazem feio. No segundo grupo, continuam nojentos, transmitem realismo, medo e tensão pela maneira como se mexem, emitem ruídos e aplicam investidas.

Os poréns, contudo, assim como “SH2 HD“, também existem: é comum presenciar quedas na taxa de quadros (média de 30 fps) enquanto o jogo roda, principalmente em Áreas mais abertas, com muitos detalhes de estrutura e variação dos objetos, e até mesmo durante alguns tiroteios com uma quantidade maior de inimigos na tela. Ainda, alguns cenÁrios não foram todos bem aproveitados e não passaram pela maquiagem do filtro de alta definição, sendo que, em alguns cantos, não é possível dizer exatamente o que estÁ ali. O mais chato mesmo é quando acontecem travadinhas de alguns segundos: são irritantes e não deveriam nem ser cogitados, pois não existiam nos jogos originais e parece que os 4,5 GB instalados obrigatoriamente no disco rígido não serviram para muita coisa.

JÁ no Áudio, todo o teor diabólico, macabro e sinistro é repassado ao som de melodias, trilhas, músicas e efeitos sonoros muito bem empregados em todos os momentos. Como sempre, os jogos da série são craques nesse quesito e toda a atmosfera é enriquecia caprichosamente, proporcionando grande imersão de jogo e, principalmente, diversão. Até mesmo o conhecido radinho, que indica a presença de monstros pelos arredores, completa o tom da trama com chiaços e ruídos perturbadores.

Sendo o mais realista possível, a impressão que se tem é que “Silent Hill HD Collection” é muito oportunista. Sabendo que a Digital Foundry, estúdio cotado para fazer a remasterização, tem larga experiência de mercado na conversão de conteúdos para alta definição, é praticamente inaceitÁvel que problemas como quedas de frame constantes, breves engasgos, detalhes inacabados e iluminação refeita estejam presentes.

A situação fica ainda mais crítica quando pensamos: como é possível que dois jogos de Playstation 2 (um de 2001 e outro de 2003), necessitem de instalação mandatória de 4.5 GB para rodar e ainda apresentar todos os problemas acima? Afinal, uma coleção de clÁssicos que se preze com o subtítulo HD deve, pelo menos, corresponder às expectativas na parte visual. Mas a ideia fica só na teoria mesmo.

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E levando em conta que jÁ foram lançadas vÁrias outras coletâneas para o Playstation 3, como “Metal Gear Solid HD Collection“, “God of War Collection” e “Ico & Shadow of the Colossus Collection“, todas elas com 60 fps estÁveis, 1080p de definição e possibilidade de 3D estereoscópico, é quase inaceitÁvel que esse tipo de descuido aconteça e, algo que deveria ser um primor em termos técnicos, acabe sendo lançado com defeitos que não eram para aparecer.

Fora que nem mesmo “Silent Hill 4: The Room“, também do PS2, entrou no pacotão, e ainda querem cobrar o preço padrão de coleções deste tipo (US$ 39.99)? Por mais que “Silent Hill 2” e “Silent Hill 3” sejam clÁssicos magníficos, recomendo apenas se você nunca teve oportunidade de jogÁ-los anteriormente. Se este não for o seu caso, fique com seu jogo original e invista em coleções menos caras-de-pau.

Prós

Dois clÁssicos de volta (nostalgia)!

Trilhas sonoras incríveis

Enredos marcantes

Contras

Remasterização capenga (HD falcatrua)

Controles ultrapassados para padrões mais modernos

Sem “Silent Hill 4: The Room” no pacote

Nenhum bônus adicional

Preço não corresponde à qualidade da remasterização


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