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Games

Mercado de games está aquecido no Brasil, mas ainda é desafiador para desenvolvedores

Há 20 anos, dizer para seus pais que queria trabalhar com videogames podia parecer algo impossível aqui no Brasil. Por outro lado, atualmente, a indústria dos games está crescendo tanto no país que viver de fazer joguinhos já é uma realidade. Mas, assim como todo emprego, é necessário disciplina e dedicação para se destacar nessa divertida e lucrativa área. Neste artigo, conversamos com quem movimenta essa indústria por aqui para ajudar os amantes de jogos que pretendem ingressar neste mercado bilionário.

A indústria de games cresce no Brasil

Se você sonha em ser desenvolvedor de games mas tem medo de que te digam que a área não dá dinheiro e não tem vagas, aqui vão alguns dados. De acordo com a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), o número de empresas desenvolvedoras de games no Brasil saltou 600% num período de oito anos. Em relação ao faturamento, o setor movimentou US$ 1,6 bilhão durante o ano passado. Mundialmente, os games geraram US$ 99,6 bilhões em 2016.

O setor movimentou US$ 1,6 bilhão durante o ano passado

Estes números tendem a crescer ainda mais se algumas iniciativas de programas sociais voltados para a cultura se concretizarem. A Ancine revelou que pretende fazer alterações nos impostos sobre games, diminuindo as taxas e direcionando os tributos recebidos para o mercado de jogos brasileiros, uma boa notícia para os desenvolvedores independentes.

No ano passado, a agência reguladora lançou a primeira Chamada Pública voltada para games com o programa Brasil de Todas as Telas, que tem como objetivo investir R$10 milhões em produções brasileiras, beneficiando mais de 20 projetos feitos por aqui.

Com a palavra, os desenvolvedores

Apesar do mercado estar crescendo e a indústria cada vez mais lucrativa, ser um desenvolvedor independente de games ainda é um desafio como carreira. Renan Rodrigues é desenvolvedor no estúdio independente Supernova Games há quatro anos e, mesmo com experiência, ele conta que viver de games ainda é um desafio quando não se tem o apoio de uma grande publisher.

“Ter uma desenvolvedora independente de jogos não é nada fácil. Nós buscamos viver de jogos autorais, mas até lá vamos buscando espaço em outros mercados, como de advergames e jogos educativos”
–  Renan Rodrigues, da Supernova Games

Os advergames e jogos educacionais acabam se tornando uma saída para quem pretende “viver de sua arte”, mas não possui condições ou apoio para uma grande produção. Nos dois casos, os desenvolvedores fazem um contrato para produzir conteúdo para determinada marca ou instituição.

Por que é tão difícil vender games indies?

Como o nome indica, os jogos educativos são games de cunho mais institucional, que normalmente são utilizados em escolas, plataformas de ensino, ou então são disponibilizados com incentivo do governo como forma de educar o público sobre determinado tema. Os advergames estão ligados com publicidade: são games feitos para divulgar determinada marca ou empresa.

Atualmente, a Supernova Games conta com uma equipe de 4 desenvolvedores e tem como foco games de teor mais educativo. Nos últimos anos, o estúdio teve três projetos vencedores no concurso INOVApps, promovido pelo governo federal, que dá incentivos para o desenvolvimento de games.


No mais recente game da Supernova, Leis para Todos:o jogador incorpora um político honesto tentando acabar com a corrupção.

O último game do estúdio é “Leis para Todos”, que coloca o jogador na pele de um deputado federal. Com uma narrativa bem elaborada, o game explica conceitos da legislação e politica do Brasil. O jogo chegou ao Greenlight da Steam recentemente e já está disponível de graça no Android e iOS.

O mercado é competitivo e, como em qualquer área, só os melhores conseguem se destacar

Para quem está começando, Renan indica profissionalização e prática para se destacar no mercado. “A principal dica é estudar, se profissionalizar e ser bom no que faz, seja programação, modelagem, game design, composição musical”, explica o desenvolvedor. “O mercado é competitivo e, como em qualquer área, só os melhores conseguem se destacar. Tenha sempre como objetivo tentar ser o melhor, senão você vai ficar pra trás”.

Além disso, Renan Rodrigues aconselha muita prática. “Faça muitos jogos, faça jogos o tempo todo. Pratique, pratique e pratique mais, e somente assim você conseguirá evoluir de verdade”

O desenvolvedor Caio Lopez, game designer do estúdio independente Cat Nigiri, possui uma fórmula para isso: faça pelo menos 10 games logo no começo da carreira. “Seus 10 primeiros jogos provavelmente vão fracassar, então faça logo 10 jogos e se livre disso”.

Segundo Lopez, deslanchar no começo pode ser difícil para alguns. “Muita gente começa vários projetos e não termina, outras ficam muito tempo num primeiro projeto faraônico. O que te faz crescer mais é experiência, então que ganhe o máximo que puder em todas as etapas do desenvolvimento”.

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de games e crescimento dos e-Sports no Brasil

Formado em sistemas da informação na Universidade Federal de Santa Caratina, Caio Lopez é desenvolvedor desde 2009, e conta que mesmo que a pessoa não seja boa com programação e códigos, é possível trabalhar com games. “Sou o pior programador do mundo. Isso até que me ajuda a destilar o máximo de diversão com o mínimo de mecânicas, pra eu não ter que correr riscos programando”.

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Seu projeto mais conhecido na Cat Nigiri é “Keen”, que já apareceu aqui no Adrenaline quando concorreu num concurso da Square Enix. Segundo o desenvolvedor, um dos segredos pra crescer no mercado de jogos independentes é não ter vergonha de mostrar o seu trabalho.

De acordo com Lopez, isso ajuda o projeto a se difundir e receber feedbacks, o que resulta em melhorias. “Nunca espere demais pra mostrar seu projeto pros outros. Mesmo que esteja bem no começo do desenvolvimento”.

Comunidade unida auxilia o crescimento de projetos

A melhor forma de mostrar um jogo e ter feedback de outros desenvolvedores é participar de eventos organizados pela comunidade desenvolvedora. Com o crescimento da indústria, já existem diversos movimentos para reunir desenvolvedores, e uma das instituições mais ativas neste meio é a Abragames.

A associação representa mais de 150 empresas de games e trabalha em eventos como o BIG Festival, uma das maiores exibições de jogos independentes do país.

A Abragames também dá apoio e assessora pequenos estúdios para ganharem força no mercado. Neste ano, a associação, em parceria com a Apex-Brasil, levou mais de 100 profissionais para a Game Developers Conference 2017, um dos eventos mais importantes de games no mundo.

De acordo com o presidente da Abragames, Fernando Chamis, o setor de games está em amplo crescimento no Brasil e mais vagas de emprego devem aparecer futuramente. 

Esse é um setor que também sofreu menos com a crise no Brasil, o que nos deu alento foram as exportações, os negócios internacionais. Há vagas, mas muitas mais virão, estamos apenas começando, esse setor é gigante e o Brasil tem tudo para ser um grande pólo de desenvolvimento mundial
– Fernando Chamis, presidente da Abragames

Onde estudar games?

Como os desenvolvedores destacaram, assim como em qualquer área, é necessário estudo e bastante preparo para se destacar como desenvolvedor de games no Brasil. Para ajudar os marinheiros de primeira viagem nessa empreitada, já existem escolas e cursos voltados para desenvolvimento de videogames por aqui.

Uma das instituições voltadas para o ensino da criação de jogos é a REDZERO, que oferece cursos nas áreas de desenvolvimento e artes para games. De acordo com Raphael Braga, diretor de produtos da escola para desenvolvedores, o objetivo da instituição é mostrar que dá para sobreviver atualmente fazendo videogame. “A REDZERO começou do sonho de ser a luz no fim do túnel do jovem que sabe não se adequar a carreiras tradicionais”, explica.

 “A REDZERO é uma escola que pretende apresentar aos nossos jovens que existe felicidade fora das carreiras tradicionas, como medicina ou engenharia”

“Certamente somos os primeiros a abordar o assunto da forma mais aceita atualmente pelo mercado, dividindo o universo de programação e desenvolvimento e o universo de artes”, explica Braga. Com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro, a instituição conta com três cursos de artes digitais, além de um específico para artes em games. No curso de Game Arts, que tem duração de dois anos, são abordados temas como design de games, mecânica para jogos digitais, modelagem 3D, pintura e escultura digital, ilustração, animação e implementação em uma engine.

Além de cursos próprios, a instituição brasileira tem parceria com a universidade norte-americana Full Sail University, que oferece cursos de bacharelado e pós-graduação em games, cinema, e outros cursos da indústria criativa. A universidade foi criada nos anos 70 e tem sede na Flórida, sendo conhecida como uma das mais importantes do setor.

O escritório brasileiro visa apresentar opções para estudantes do país que pretendem ir para os Estados Unidos. Além disso, mensalmente, a instituição oferece palestras gratuitas no evento Get Inspired, que aborda temáticas dos cursos da Full Sail e traz especialistas para debates.

Para quem não tem dinheiro

Para quem não tem dinheiro para investir em um curso pago e viajar para o exterior, também é possível meter a cara no mundo dos games estudando e colocando a mão na massa com o que é disponibilizado gratuitamente na internet. E como a vida é pay-to-win, prepare-se para mais empenho.

Instituições como o SENAC e SENAI costumam oferecer cursos técnicos gratuitos de Desenvolvimento de Games, Jogos Digitais e programação. Basta ficar ligado nos períodos de inscrição para concorrer a uma vaga. Recentemente, a prefeitura do Rio de Janeiro também abriu 270 vagas para um curso de desenvolvimento de games no projeto Nave do Conhecimento. Em Santa Catarina, o CDIS abriu vagas para um curso gratuito de programação básica para jogos, com inscrições neste site. Em casos como esse, basta ficar ligado em editais e notícias na internet para conseguir uma vaga.

A vida é pay-to-win, então prepare-se para mais empenho

Outra possibilidade é ir colocando a mão na massa por conta própria. Os motores gráficos mais utilizados na indústria atualmente possuem versões gratuitas para fins educacionais (como é o caso do Unity) ou funcionam com um sistema de royalties, onde você só paga se fizer um jogo que renda lucros (Unreal Engine 4  e CryEngine).

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Existem também diversos fóruns de desenvolvimento e apoio para quem pretende ingressar na comunidade. Diversas palestras da Games Developer Conference 2017, por exemplo, podem ser acessadas integralmente no site do evento. Com um nível de inglês básico, já é possível aprender muita coisa vinda de pessoas experientes nesse meio.

Outra dica vinda do Fernando Chamis, da Abragames, é não ter medo e buscar contatos na comunidade.

“Conversem, visitem empresas que admirem, peçam aconselhamento, não necessariamente um emprego. Nossos empresários são super abertos e adoram compartilhar experiências. Aqui no Brasil, ainda não aprendemos que nos mundo das start-ups de tecnologia, errar é bom, pois você vai acertar na próxima”

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