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ANÁLISE: Call of Duty: Black Ops III

Todo fim de ano, desde 2007 e da mesma forma como acontece com “Assassin's Creed“, um novo “Call of Duty” é lançado acompanhado da clássica pergunta: é mais do mesmo ou desta vez vale a pena?  Enquanto no primeiro caso a resposta é positiva, no segundo é o oposto. “Black Ops III” acerta em cheio ao trazer conteúdo variado e divertido aos fãs, mas também denuncia a todo momento a necessidade da franquia em reinventar a sua própria fórmula, já exaustivamente usada ano após ano.    

Abaixo você confere a análise de “Call of Duty: Black Ops III“, testada na versão para PC. O título também está disponível para Playstation 4 e Xbox One.


O homem e a máquina: uma relação escravista decepcionante

O ano é 2065. 40 anos depois dos eventos de “Call of Duty: Black Ops II“, a robótica tomou conta de tudo. Humanos não conseguem mais viver sem suas criações tecnológicas. A dependência é tanta que as próprias máquinas agora são usadas como recurso vital para o desempenho melhorado do corpo humano, inclusive para as funções mais básicas. Realizar implantes e simular a realidade, por exemplo, se tornaram coisas banais.

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E como sempre acontece, as entidades militares logo são as primeiras a adotar as novidades: o que era para ser benéfico a todos, em virtude do progresso geral, começou a ser a principal causa destrutiva da humanidade. Está estabelecida de uma relação de dupla dependência, numa proposta escravista que não vê futuro se uma das partes não existir.

Essa é a premissa básica trabalhada no enredo de “Call of Duty: Black Ops III“, o mais futurista de todos os games da franquia. Mas esse pano de fundo promissor não consegue ser refletido na apresentação da história. Primeiro que os personagens, inclusive o protagonista, não são dos mais carismáticos. A presença na trama de atores como Christopher Meloni (“Lei & Ordem”) e Katee Sackhoff (“24 Horas”) tem seus momentos elogiáveis.

Mas fica complicado se importar com o que acontece na tela quando tudo é conectado de forma tão automatizada, ainda façam sentido no contexto geral. Ao mesmo tempo, uma avalanche de explosões e coisas desmoronando na sua frente não dão trégua. Não dá tempo de digerir tudo e não existem situações surpreendentes ou cativantes, daquelas que façam você se importar.

A temática futurista sobre a engenharia robótica é promissora, mas mal aproveitada e desempolgante

Não estou cobrando lágrimas de emoção, mas algum motivo realmente forte que incentive a continuar jogando pela curiosidade de querer saber o que vem pela frente. Alguns trechos, inclusive, transmitem a ideia de que só têm cenas épicas de realce porque nenhuma fase pode passar despercebida sem ter algo impossível acontecendo. Algo que os fãs mais acostumados vão curtir – se conseguirem se impressionar, é claro, pois não é nada de muito diferente do que já foi visto em outros títulos da série.


O ápice da jogabilidade futurista em tiroteios muito automáticos 

A jogabilidade é o melhor de “Call of Duty: Black Ops III“. Como sempre acontece em qualquer jogo da franquia, os comandos são simples, intuitivos, muito bem adaptados aos contextos e até mesmo as novidades em termos de habilidades são acionados sem complicações. Quem tem bagagem na saga vai continuar passeando pela aventura e os de primeira viagem não terão qualquer tipo de problema, seja pelo combo mouse/teclado ou joystick.

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Quanto à experiência de jogo, o título é um dos mais automáticos de toda a série. Os tiroteios acontecem de forma tão gratuita que é difícil criar algum vínculo com o que está acontecendo na tela. Os trechos de ação estão mais incrivelmente lineares, com seus corredores infinitos, inclusive debaixo d'água. E os pouquíssimos cenários mais abertos não trazem interações extras que ajudem a diversificar a jogabilidade. Não quero dizer que não seja divertida e as novidades na mecânicas não agreguem valor, mas poderia ter sido muito melhor. Pelo menos não é tão obtusa quanto “Call of Duty: Ghosts“.

Se a campanha é uma das mais automáticas de toda a série, pelo menos é possível jogar em co-op com mais 3 amigos: ponha na dificuldade máxima e se divirta

As novidades na mecânica ficam para a porção futurista, ou seja, a temática do game. Tudo o que há de melhor em termos de tecnologia do futuro na relação máquina-homem foi inserido no gameplay. Dessa forma, é possível andar pelas paredes, pular mais longe com impulsos mais fortes, acionar um olho biônico que ajuda a ver a posição dos inimigos, hackear sistemas e robôs à longa distância e usar equipamentos, armas e acessórios de combate fabricados com a mais inovadora das tecnologias. Toda a malha de habilidades do personagem, inclusive, apresenta este mesmo padrão.

Qualquer ação feita pelo jogador rende experiência que alcança novos níveis e garante pontos para gastar em três tipos de habilidades. Cada uma delas se desdobra em habilidades típicas de contato, fogo aberto ou hackeamento de equipamentos, respectivamente. E o jogador tem a liberdade para escolher que tipo de vantagem quer levar consigo para os tiroteios. No começo, é permitido escolher apenas uma por vez. Mas quando estiver mais evoluído, é possível escolher habilidades de vários tipos diferentes e fazer combinações livres para equipar seu soldado futurista do jeito que quiser. É uma novidade realmente bacana.

Uma outra novidade interessante é a possibilidade de jogar a campanha cooperativamente. Basta reunir mais 3 amigos online e passar por todos os desafios juntos. Os cenários ainda continuam apertados e os tiroteios bem automáticos, mas cada um dos membros pode escolher uma classe de soldado que melhor se adapte e colaborar na ação conjunta. O recomendado nesta parte é aumentar a dificuldade do jogo, pois estar acompanhado de mais pessoas também deixa tudo mais acessível e fácil no desafio padrão. Fora isso, é só usar todos os recursos futuristas com sabedoria para se dar bem.


Multiplayer online e zumbis: os fãs vão adorar…

“Call of Duty” é sinônimo de multiplayer online. E, quanto a isso, os fãs não precisam se preocupar: “Black Ops III” retoma os tiroteios frenéticos característicos da série, trazendo uma boa variedade de mapas com trechos verticais e horizontais que garantem tanto combates a curtas e longas distâncias. Os modos típicos estão de volta: Mata-Mata Em Equipe, Um Contra Todos e Capture A Bandeira, além de outros modos inéditos, com partidas que usam apenas algum tipo de arma ou alguma outra condição mais fora do comum. 

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Introduzido por “Call of Duty: Black Ops II“, o sistema de habilidades Pick 10 retorna em grande estilo: enquanto evolui pelos níveis dos modos online e destrava novos recursos, o jogador tem a total liberdade de distribuir 10 pontos iniciais para reforçar seu soldado da forma que quiser, desde que sejam nas categorias de armas, perks, equipamentos secundários, emblemas ou adicionais para cada item. Os Scorestreaks não foram influenciados por este recurso, sendo escolhidos separadamente. É um sistema bacana que diferencia a experiência de um jogador para outro, dependendo do estilo de atuar de cada um.

Black Ops III traz 3 jogos no mesmo pacote: campanha, zumbis e multiplayer online. Os dois últimos têm inovações e conteúdo de sobra, mas também têm gravíssimos problemas de conexão

O que potencializa essa característica são os Especialistas, divididos em 9 classes independentes de soldados que possuem dois tipos de habilidades únicas cada, todas bem diferentes umas das outras. Nem todas estão disponíveis desde o começo; por isso, é preciso trabalhar toda a evolução do seu personagem principal para ter acesso aos mais variados tipos de vantagens de outros tipos de especialistas. Entre as habilidades exclusivas estão ver a localização dos inimigos pelas paredes ou lançar armadilhas explosivas invisíveis pelos cenários. Essa é a maior das novidades do multiplayer online de “CoD: Black Ops III”.

Quem curtia a modalidade de Zumbi também terá bons motivos para continuar jogando. A dinâmica continua a mesma: sobreviva a muitas ondas de monstros, acumulando dinheiro, comprando equipamentos e construindo barreiras ao mesmo tempo em que cumpre objetivos diversos. Alguns são mais simples, outros exigem coordenação entre os membros da equipe. Os mapas são variados, bem construídos e possibilitam uma gama de estratégias diferenciadas, com localização randômica dos armamentos e power-ups que transformam os jogadores em criaturas gigantes. 


…se conseguirem se conectar

Mas de nada adiantam essas novidades se o básico da porção online não funciona: os servidores são extremamente problemáticos e não conseguem sustentar as partidas mais simples. Chega a ser frustrante ter que esperar para conectar e jogar com atrasos gigantescos nas respostas dos comandos. Atravessar uma porta é trabalhoso. Caminhar pela parede falha porque o jogo não reconhece o comando pelo tempo mínimo. Lançamentos de granadas são cancelados porque a perda de pacotes é gigantesca. Chegar ao fim de uma única partida é raro: ser desconectado é o comum.

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Estes problemas não são exclusivos da versão para PC de “Cod: Black Ops III”. Há muita reclamação nos fóruns nacionais e internacionais sobre esses graves problemas de conexão para todas as versões disponíveis do game. No final das contas, não dá para se divertir muito: são raríssimas as vezes que alguma partida mantém uma conexão fluída e você não sai prejudicado de alguma forma, seja porque alguém surgiu na sua frente do nada ou se transformou no alvo favorito do time adversário, que também sofre do mesmo problema, mas percebeu que você mal consegue se mexer pelos mapas. 


Gráficos defasados ofendem os olhos

Graficamente, “Call of Duty: Black Ops III” está ultrapassado. Os cenários são, na maioria das vezes, variados e bem caracterizados, de acordo com o contexto da missão do momento. Mas as texturas estão borradas, os inimigos são extremamente genéricos e os efeitos de iluminação, de explosão, de fumaça, de chuva, de fogo e de partículas, estão defasados e não vão impressionar ninguém.

A engine gráfica repete a necessidade da própria franquia: é preciso se reinventar para evoluir e se tornar visualmente mais atrativa. Os mais exigentes neste quesito se sentirão ofendidos com a qualidade mostrada na tela, já que também é possível ver serrilhados e raros bugs de colisão, em que alguns NPCs chegam a atravessar objetos. Pelo menos tudo roda a estáveis 60 quadros por segundo, garantindo a fluidez dos tiroteios.

Os mais exigentes nos quesitos técnicos vão sangrar pelos olhos com os gráficos de Black Ops III. A engine denuncia a necessidade básica da série inteira: uma reformulação urgente


Áudio esquecível, mas as dublagens são decentes

O áudio de “Call of Duty Black Ops III” tem seus altos e baixos. A trilha sonora, por exemplo, até tem seu valor em alguns momentos, com melodias épicas que combinam com alguns trechos e outras bem esquecíveis, do tipo que não ficarão na sua cabeça. Mas você mal vai conseguir escutá-las durante a jogatina. É tanto tiroteio, explosões e robôs fazendo barulho ao mesmo tempo que você só terá ouvidos para os efeitos de som complementares. 

O forte deste quesito são as dublagens em português brasileiro. As falas e as interpretações não chegam ao mesmo nível das produções da Ubisoft ou da Microsoft, mas se aproximam da qualidade delas. As vozes e as intonações costumam combinar com os personagens, mesmo que alguns trechos soem estranhos, exagerados ou aquém em emoção do que é mostrado na tela. Ainda assim, o saldo é positivo e garante a imersão de quem não domina o idioma estrangeiro.  

“Call of Duty: Black Ops III” é o maior jogo da franquia em conteúdo: uma campanha com cerca de 8h de duração que pode ser jogada solo ou cooperativamente, além do modo Zumbi renovado e um multiplayer online tão frenético e completo quanto antes. A experiência como um todo é solida e os fãs mais assíduos da série vão se divertir.

Black Ops III não é ruim, mas poderia ter sido bem melhor. Pelo menos não é tão descartável como CoD: Ghosts

{notas}

 

Prós

3 jogos em 1: campanha, zumbis e multiplayer

Controles precisos e ágeis

Missões com cenários variados

Os equipamentos mais futuristas da série

Dublagens satisfatórias

Contras

Gráficos ultrapassados

Tiroteios muito automáticos comprometem a diversão

Graves problemas de conexão em toda parte online causam frustração

Fórmula desgastada não consegue mais surpreender ou impactar

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