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"De Volta para o Futuro" e outros momentos em que o passado tentou imaginar o futuro

Na linha do tempo da série “De Volta para o Futuro”, o Marty Mcfly está chegando agora em seu Delorean, mas as coisas estão bem diferentes do que as telinhas mostraram. O longa de 1989 usou de sua licença poética para imaginar como seria o mundo em 26 anos. Algumas das previsões foram bem acertadas, com dispositivos vestíveis, pagamentos através de biometriaalgo que parece ligações do Skype e até um drone levando um cachorro para passear, a coisa mais 2015 do filme de 89:

Mas o filme “viajou na maionese” e errou alguns palpites, como drones agindo como atendentes em cafeterias – ainda estamos no estágio dos terminais de auto-atendimento, na melhor das hipóteses. Também temos aquelas coisas que estão “tentando ser inventadas” só por causa do filme, como o tênis que se “auto-amarra” da Nike ou a clássica hoverboard. Se a tecnologia de levitar coisas (e acabar com o atrito com o solo) realmente existisse com esse grau de facilidade de implantação, sua aplicação menos importante seria um skate.


Outro acerto do filme: andamos bem empolgados com um conceito parecido


Impressoras de comida até existem, mas nada como esse eletrodoméstico do filme

A previsão mais interessantes do filme é a liga de beisebol americana. Chicago Cubs aparece no filme como o campeão da World Series, algo que o time não consegue a… 106 anos! O time está se saindo muito bem até o momento, com direito a tirar vários times favoritos em playoffs nesse ano. Pelo menos ia bem: com 3 vitórias a 0, os Mets estão a apenas um jogo de deixá-los de fora do World Series.

[+UPDATE]: Já era. Os Cubs perderam a quarta partida contra o Mets e já estão fora do World Series. Mais uma baixa para os palpites do filme. 

Vamos fazer um apanhado de alguns palpites sobre nosso futuro, no mundo da ficção e também no meio acadêmico, juntando um pessoal que mandou bem no palpite até aqueles que passaram longe.  

A catástrofe de Thomas Maltus

O economista britânico Thomas Robert Malthus (1766-1834) é um intelectual influente nas áreas de economia política e demografia. Em seu trabalho, uma predição ficou célebre: observando o ritmo em que a população crescia, e a velocidade em que a produção de alimentos era ampliada, Malthus estimou que haveria um momento em que a produção de comida não seria capaz de comportar o crescimento populacional, e a inevitável fome decorrente desse processo forçaria a uma redução no número de pessoas no mundo.

Malthus está olhando e julgando esse seu crescimento populacional não planejado 

Apesar da lógica parecer infalível, o instinto de “vai dar ruim” de Malthus não contava com os saltos tecnológicos que aconteceriam na agricultura nas décadas seguintes, que resultaram em um aumento considerável da produção de alimentos, e também com as mudanças que aconteceriam na sociedade, como o controle de natalidade que levaria a um crescimento mais lento em diversos países.

A média mundial, mesmo com locais como Macau e sua média de apenas 1,1 filho por mulher, segue na casa dos 2.5, o que significa que a população mundial ainda está crescendo. Isso também indica que Thomas Malthus ainda pode acertar sua predição do fim do crescimento, seja porque a produção de alimentos não comportou o crescimento populacional e a fome se encarregou de alinhar as coisas, ou seja porque nosso controle de natalidade evitou a catástrofe que ele havia previsto.

Tesla e a rede sem fio global

Nikola Tesla é um inventor e “semi-deus dos geeks”, conhecido por seus inventos na área da Engenharia Mecânica e Electrotécnica, além de contribuições importantes na área de tecnologias de comunicação sem fios. Em 1926, Tesla concedeu uma entrevista para uma revista chamada Collier, e lá deu alguns pitacos bem interessantes.

Além de teorias bastante malucas sobre uma futura dominância das mulheres na sociedade, uma fobia comum na época em que a igualdade de direitos das mulheres começava a despontar  – e por incrível que pareça, existente ainda hoje – Tesla descreveu um mundo onde as distâncias seriam superadas pelas tecnologias de comunicação sem fio, um “gigantesco cérebro” interconectado. De acordo com ele, “os instrumentos pelos quais faremos isso serão incrivelmente simples comparados aos telefones de hoje. Um homem poderá carregar um deles em seu bolso”.

Algumas das previsões ainda estão “em aberto”, como a transmissão sem fios de energia. Apesar de já existirem iniciativas nessa área, elas estão longe de chegar ao patamar imaginado por Tesla, onde até mesmo aviões seriam capazes de voar sem combustível, se mantendo no ar apenas com a energia enviada remotamente.

Lei de Moore

A Lei de Moore (que não é nem uma regra, nem o conceito realmente introduzido por Moore) foi uma projeção feita por Gordon E. Moore, co-fundador da Intel, onde ele identificou que a indústria de processadores evoluía em um progressão “x2” a cada ano, mantendo os mesmos custos da geração anterior. A frase, dita em 1965, considerava possível que essa tendência se manteria por um período de 10 anos. Posteriormente a ideia ganharia variações, e enfim chegaria ao conceito que a maioria conhece:

 A cada 18 meses a capacidade de processamento dos computadores dobra, enquanto os custos permanecem constantes

– Lei de Moore, que não é nem de Moore, nem uma lei

A Lei de Moore foi muito além da janela de 10 anos que seu criador inicialmente previu, e se tornou a referência para Intel no desenvolvimento de seus produtos. Evoluções como aumento de frequência, múltiplos núcleos e redução no tamanho dos transistores, sendo possível colocar mais deles no mesmo espaço.

Recentemente, a coisa ia muito bem graças ao ciclo “Tick-Tock” implementado em 2007, onde a Intel reduzia a litografia (tick) e no ano seguinte melhorava a arquitetura (tock). Porém o modelo chegou ao seu limite com a última linha, com atrasos na produção da geração Broadwell (que reduzia a litografia para os 14 nanômetros), que acabou quase “atropelada” pelos processadores Skylake e culminou no “reconhecimento da derrota”: os processadores Kabi Lake vão repetir a litografia em 14nm, criando o novo ciclo “Tick-Tock-Tock”, com Broadwell, Skylake e Kabi Lake repetindo o mesmo tamanho de transistor.

Enquanto por parte da Intel esse ritmo de evolução parece estar em seu limite, outras empresas como a IBM vem mostrando avanços importantes na litografia de 7nm e, a saída mais importante, evoluções no uso de outros compostos para seguir reduzindo o tamanho dos transistores. Fica o mistério se além de manter a evolução, essas novas tecnologias serão capazes de cumprir a parte da “lei” que afirma que os custos serão mantidos.

A Singularidade

O conceito da singularidade é algo que aparece em diversas obras de ficção e no meio acadêmico, que se refere a um momento em que a humanidade passará por um grande salto tecnológico resultado da evolução da inteligência artificial.

Pense da seguinte forma: um dia criamos uma máquina capaz de criar outras máquinas melhores que ela. Em um determinado momento, os aparelhos autônomos podem alcançar um ritmo de evolução em que a própria humanidade não será capaz de acompanhar. 


Cena de “O Exterminador do Futuro 3”

A ficção costuma ser bastante pessimista sobre esse momento. A série Duna (que influenciaria praticamente toda obra de ficção científica posterior) retrata um futuro onde não existem inteligências artificiais. O motivo: a singularidade aconteceu, fomos escravizados pelas “máquinas pensantes” e só nos libertamos após um jihad contra elas. Do Jihad Butleriano ficaria a máxima: “Não farás a máquina à semelhança da mente humana”. 

Nas visões mais otimistas sobre esse evento, a singularidade pode ser o caminho para transcendermos nossa biologia, espalhando nossa consciência para além do corpo e alcançando dessa forma a imortalidade.

A singularidade ainda não aconteceu, mas com tantas pesquisas na área de Deep Learning e tecnologias como carros autônomos (que já dirigem melhor que nós humanos), não é infundado pensar que alguém está trabalhando nesse momento na tecnologia que vai causar esse evento.

“1984” e a nossa política atual (e de sempre)

Nossos último exemplo do artigo não é exatamente uma predição, e sim uma obra “de aviso”. Em “1984” (não confunda, ele foi publicado em 1949), George Orwell imaginou uma sociedade em que tudo é controlado pelo governo, onde as informações são distorcidas constantemente, e até mesmo os fatos são negados de forma veemente através do ato de duplipensar (você sabe que não é verdade, mas assume como se fosse verdade). Qualquer semelhança com a forma como a política contemporânea é feita (exemplo 1 e exemplo 2) não é mera coincidência.

Outra parte importante do livro de Orwell é o direcionamento das pessoas para um inimigo da nação, para tirar a atenção da realidade de sua situação. Esse conceito é o mais Brasil-2015: uma nação em crise econômica e que a 10 meses não avança medidas fiscais necessárias porque seus políticos, mídia e órgãos governamentais estão mais ocupados na divisão “dos a favor de um impeachment da presidente” e “aqueles que afirmam que isso é um movimento golpista”. Enquanto as víboras de sempre brigam pelo poder, e nós temos que engolir discursos moralistas de gente sem moral nenhuma, o país não sai do lugar da mesma forma como o governo ditatorial de 1984 se mantinha intacto tirando a atenção da população para um inimigo e uma guerra que não existia.

O livro de Orwell também anda bastante atual com todas as questões em torno da privacidade na internet. No livro, o governo monitorava todas as ações da população, contando com um sistema de telas instaladas em todas as casas transmitindo a mensagem governamental e monitorando o que cada pessoa faz. Notaram qualquer semelhança com o grau de influência que as plataformas sociais tem em nossa vidas?


Esses são apenas alguns dos exemplos que levantamos, e existem muitos outros casos como Monteiro Lobato e seu livro sobre um presidente negro nos Estados Unidos, ou mesmos os vários games onde nós nos destruímos com armas nucleares e vivemos de pilhar o que sobrou do mundo (Metro 2033, Fallout e S.T.A.L.K.E.R). A caixa de comentários está aberta para quem lembrar mais alguma predição curiosa ou, quem sabe, arriscar essa arte complexa de dizer o que vai acontecer antes de realmente acontecer.

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